Tenho acompanhado o fuzuê em torno dos 15 quilos a mais da ex-BBB e ex-musa fitness Fani Pacheco, promovido, claro, por ela mesma. Com vídeos nas redes sociais, ela tem compartilhado os perrengues de não ser mais uma magra gostosa sarada, e uma mulher "fora do padrão". Faz piada com sua dificuldade de entrar em uma roupa 38, agora que usa 42. Diz que pesa 80 quilos. Mostra a banha do suvaco (o querido suvaco suicída, que pula de toda cava), dá dicas de calcinha de gorda, que não divide a borda da pizza em mil pedaços, enfim... Uma vivência que, para ela, pode ser nova, mas é a realidade da esmagadora maioria das mulheres.
Causou indignação ao dizer que queria virar modelo plus size, mas dá para entender. É difícil para a maioria das pessoas entender que plus size não é qualquer coisa acima do manequim 40, especialmente quando o padrão da moda exige um quadril 34, 36. Para a jornalista Paula Bastos, do blog Grandes Mulheres, é ok que ela tenha engordado e queira ser modelo, mas não plus size.
"No caso, ela se encaixaria na categoria curvy, até porque o corpo dela não é gordo, e sim apenas mais curvilíneo. Ela é toda malhada. Talvez por ter sido magra a vida toda e agora estar com um shape diferente, talvez não entenda muito bem a diferença entre plus size e curvy e ela, mesmo tendo engordado, não se encaixaria no plus size e sim no curvy", explica.
Ser ou não plus size é o de menos. O que esse caso traz à tona, de verdade, é o quanto o corpo ainda serve como definição do que somos. Mulheres normais não são musas fitness. Não tem corpos definidos na academia, coisa que nem todo mundo tem grana, tempo ou disposição pra fazer. Mulheres que não vivem do corpo e não podem dedicar às curvas a mesma importância do que as famosas saradas não deixam de ser mulheres incríveis por isso.
Paula Bastos, por sinal, fez um post impactante no Facebook comentando o episódio do também ex-BBB Luiz Felipe, que ao sair do confinamento fez um ensaio sensual e foi ridicularizado por "ausência de volume" na cueca.
A reflexão é poderosa e vale tanto para o caso do rapaz, como o de Fani.O que está no foco é essa necessidade insistente de fazer piada com o corpo alheio, sempre.
E reduzir o que somos a 15 quilos a mais, ou a menos, ao tamanho do pênis na sunga, da bunda na nuca ou no chão, da barriga saliente ou negativa. Deixo com vocês as palavras dela, pois vale o registro.
" Não me senti nada bem vendo esta imagem e muito menos a achei engraçada. Como mulher - que foi e é oprimida desde a existência por questões corporais -, fiquei aqui pensando no quanto as pessoas são simplesmente cruéis. Ok, é fato que a mulher é infinitamente mais oprimida do que o homem no quesito padrões e estética, mas o que um indivíduo ganha fazendo piada do corpo alheio? Não assisto TV, não faço ideia de quem seja esse cara, mas não me importa. O fato de estarem debochando dele em "praça pública" me faz ter vergonha da humanidade. Do mesmo jeito que "prego" que não somos apenas um corpo, que nosso valor vai muito além da aparência, o valor de um homem também não está em seu pênis, vai muito além. As pessoas não conseguem fazer humor sem ofender, oprimir ou discriminar?
Parem de usar a anatomia das pessoas para fazer deboche, pelo amor de dadá. Apenas parem. Aprendam a questionar e a argumentar com questões racionais. Debatam comportamentos, mas não usem a aparência - seja de um homem ou de uma mulher - para tentar diminuir uma pessoa. É triste quando fazem comigo, é triste quando fazem com os outros. Corpos existem para nos dar vida. Nossos corpos são sagrados e não um motivo de piada. E digo mais: fale dos outros e a lei do retorno vai cair bem em cima da sua testa.
Chega de opressão para homens e mulheres, chega. Não compactuem com esse tipo de coisa."
Obrigada, Paula Bastos, por suas palavras. Que tal a gente parar pra pensar nisso?
"Fani gorda é a mesma Fani magra. Aceitem, não somos só um corpo!"
22 de February de 2017 às 11:37 - Postado por deborahbresser
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o ser humano tem que visto por seu carater e nao por sua aparencia
Se essas pessoas se expusessem menos ninguém ia falar nada e não ia ter tanto mimimi. Agora tudo é motivo de barulho! Pra mim certos tipos de pensamentos e comentários existem e sempre irão existir,não adianta o povo do politicamente correto e a mídia tentar causar pra tentar mudar a forma de como as pessoa pensam e agem,o que muda é que não será com a Fani,com a Ludmila ou com a Fernanda Gentil... Será com a Maria da vizinhança,O joão do açougue,o José da Padaria e por ai vai e poucas pessoas irão saber. Uma coisa que eu percebi nos últimos meses...gente de opinião própria e conservadora não passa o tempo todo pendurada em rede social,fazendo lavagem cerebral.