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Morreu, na manhã deste sábado (5), no Rio de Janeiro, a atriz Marília Pêra, aos 72 anos.
Ícone da TV brasileira, a facilidade que tinha de arrancar do público gargalhadas com seus impagáveis personagens rendeu a Marília uma coleção de prêmios no teatro, no cinema e na televisão. Ela tinha apenas 19 dias de vida quando 'pisou' pela primeira vez num palco.
Os números da então veterana impressionam: só na Rede Globo, Marília Pêra participou de mais de 38 trabalhos. No cinema, foram pelo menos 30 filmes e no teatro, 56 peças.
Relembre a trajetória de uma das principais atrizes que o Brasil já teve
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Reprodução
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Marília Pêra era filha, neta e sobrinha de atores. Com menos de 20 dias de vida, a atriz já era alvo do público no teatro quando entrou no colo de uma atriz numa peça em que precisavam de uma bebê
Foto: Marília Pêra em Rosinha do Sobrado, 1965
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Ainda assim, sua estreia profissional não demorou muito. Aconteceu aos quatro anos, quando começou a trabalhar na Companhia de Henriette Morineau. Lá, Marília deu vida a uma das filhas de Medeia na peça homônima de Eurípedes, na qual também atuavam seus pais, Manoel Pêra e Dinorah Marluzzo
Foto: Marília Pêra em A Moreninha, 1965
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Marília Pêra tinha o hábito de dizer que foi criada em coxias, e de fato foi. Ela dizia que se preparou para a profissão observando os grandes atores, os atores e o maus atores
Foto: Marília Pêra em Padre Tião, 1965
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Além de atriz, Marília foi também cantora, bailarina, diretora, produtora e coreógrafa
Foto: Marília Pêra no muscial Musicalíssima, 1965
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Marília nasceu em 22 de janeiro de 1943 no Rio de Janeiro. Assim que começou a trabalhar profissionalmente no teatro, ingressou em aulas de piano. Dos 14 aos 21 anos, dedicou-se como bailarina em musicais. Seu pai, Manoel Pêra, foi quem a incentivou a estudar balé clássico e a levou para a TV para dançar
Foto: Marília Pêra no musical Espetáculos Tonelux, 1965
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Aos 16 anos, quando ainda estudava no primeiro ano científico, deixou os estudos para se casar com o ator Paulo Graça Mello (morto em um acidente de carro em 1969), com quem teve seu primeiro filho, o ator Paulo Vilaça. A união durou cerca de três anos. Já separada, foi contratada pelo diretor Abdon Torres, em 1965, para fazer parte do elenco que iria inaugurar a TV Globo. Dentre os personagens que lhe deram grande visibilidade pública está Shirley Sexy de O Cafona (foto abaixo), de Bráulio Pedroso
Foto: Marília Pêra em O Cafona, 1971
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Em sua carreira, Marília interpretou muitas mocinhas pobres, que acabam se apaixonando por homens poderosos que não ligam para ela. No entanto, no fim da trama, acabavam sempre com ela
Foto: Marília Pêra em Bandeira Dois, 1971
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Em Uma Rosa com Amor (foto acima), foi a vez de Marília dar vida à personagem Serafina Rosa, no qual contracenou com Paulo Goulart
Foto: Marília Pêra em Uma Rosa com Amor, 1972
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Em seguida, interpretou a personagem título da novela Supermanoela, de Walther Negrão e logo depois passou alguns anos afastada da telinha
Foto: Marília Pêra em Supermanoela, 1974
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Outro grande marco na carreira da atriz foi a minissérie Quem Ama Não Mata. O trabalho supe-realista de Daniel Filho, com interpretação de Cláudio Marzo, levantou um tema polêmico na televisão: o crime passional
Foto: Marília Pêra na minissérie Quem Ama Não Mata, 1982
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Quem já passou dos 30 e tinha o hábito de acompanhar as novelas das sete da Globo, certamente vai se lembrar de Rafaela Alvaray, de Brega e Chique. O personagem foi escrito especialmente para ela por Cassiano Gabus Mendes e um dos que ela revelou ter mais gostado de fazer em sua carreira
Foto: Marília Pêra em Brega e Chique, 1987
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Por mais que Marília seja quase sempre lembrada por sua veia cômica, a atriz também já protagonizou boas vilãs. Juliana, de O Primo Basílio foi outro grande destaque de sua carreira
Foto: Marília Pêra na minissérie O Primo Basílio, 1988
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Na novela do saudoso Gaspar Kundera (Nuno Leal Maia), Top Model, a atriz fez uma participação especial como a mãe de Lucas (Taumaturgo Ferreira). A trama foi a primeira novela do autor Antonio Calmon
Foto: Marília Pêra em Top Model, 1989
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Na trama Rainha da Sucata, que contou com Regina Duarte, Cláudia Raia, Tony Ramos e Antônio Fagundes nos principais papéis, Marília Pêra foi ela mesma. A novela marcou o início da década de 1990 e era embalada pela dançante música Me Chama que eu Vou, de Sidney Magal
Foto: Marília Pêra em a Rainha da Sucata, 1990
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Em Lua Cheia de Amor, foi a vez de Marília Pêra viver uma mulher humilde, a Dona Genu. Sua personagem não tinha vaidade nenhuma, nem tão pouco estudo e era muito maltratada pela vida. Passou anos se sacrificando pelos filhos, Mercedes (Isabela Garcia) e Rodrigo (Roberto Bataglin)
Foto: Marília Pêra em Lua Cheia de Amor, 1990
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Com uma versatilidade ímpar, Marília 'corria' muito bem da novela para as minisséries. Destaque para seu trabalho na obra homônima de Érico Veríssimo, publicada em 1971
Foto: Marília Pêra na minissérie Incidente em Anatares , 1994
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Na fictícia São Tomás de Trás, uma cidadezinha no Ceará, Marília Pêra foi Custódia em Meu Bem Querer, de Ricardo Linhares. Custódia tinha os cabelos claros. Na trama, sua personagem era estéril e chegou a atear fogo num berçário
Foto: Marília Pêra em Meu Bem Querer, 1998
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Outro trabalho curioso de Marília Pêra foi estrelar o elenco de Garotas do Programa, protagonizado e escrito somente por mulheres. O programa satirizava o universo feminino e suas relações com o sexo oposto
Foto: Marília Pêra em Garotas de Programa, 2000
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Brava Gente foi uma série da TV Globo com diversos episódios autônomos. Em 2000, Marília Pêra integrou o Embaixada do Glicério
Foto: Marília Pêra em Brava Gente – Embaixada do Glicério, 2000
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Obviamente bem recebida pelo público, naquela mesmo ano, ela retornou à série para protagonizar um novo episódio
Foto: Marília Pêra no episódio Ana Neri, a Mãe dos Brasileiros, em
Brava Gente, 2000
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Ainda na TV, participou impecavelmente da minissérie Os Maias, numa adaptação de Maria Adelaide Amaral do romance Eça de Queiroz. Neste trabalho, a atriz interpretou Maria Monforte, personagem que não existia na obra original
Foto: Marília Pêra na minissérie Os Maias, 2001
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A eterna diva da televisão brasileira também brilhou em Celebridade, novela que tinha Malu Mader, Cláudia Abreu e Fábio Assunção com principais personagens da trama
Foto: Marília Pêra em Celebridade, 2003
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Na trama de Antonio Calmon e Elizabeth Jhin, Começar de Novo, Marília Pêra arrancou boas risadas do público interpretando a Vó Doidona. Com trajes hippies, sua personagem era doce, desligada e muito engraçada. Ela dizia para os amigos e familiares que já tinha sido abduzida por alienígenas
Foto: Marília Pêra em Começar de Novo, 2004
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Na minissérie que conta a vida de Juscelino Kubitschek, Marília foi Sarah, a segunda grande paixão do então presidente de República
Foto: Marília Pêra na minissérie JK, 2006
TV Globo / Márcio de Souza
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Em 2006, foi a vez de a saudosa Marília viver Milu de Cobras e Lagartos. Milu fazia o tipo de mulher ressentida, que vivia à custa do dinheiro do irmão. Para não ficar por baixo, ela se dizia decoradora, procurava estar sempre bem vestida, mas, na verdade, nunca havia trabalhado na vida
Foto: Marília Pêra em Cobras e Lagartos, 2006
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Oito anos atrás, a atriz viveu Gioconda de Queiroz Barreto, mulher aristocrata do advogado Barreto (Stênio Garcia), em Duas Caras. Sua personagem vivia tomando remedinhos para se acalmar e vivia sempre no 'melhor barato'
Foto: Marília Pêra em Duas Caras, 2007
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Dentre tantos personagens diferentes que fez ao longo de sua carreira, Marília também interpretou uma dona de uma revista de fofocas, em A Vida Alheia. Ali, ela trabalhou com Miguel Falabella, um de seus grandes parceiros e amigo
Foto: Marília Pêra em A Vida Alheia, 2010
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Em Aquele Beijo, a atriz fez par romântico com o ator Herson Capri. Na ficção, ela era a empresária Maruschka. Apesar dos romances tumultuados, a trama era leve e contou no elenco com os personagens Victor Pecoraro, hoje ator da Record, Grazi Massafera, e grande elenco
Foto: Marília Pêra em Aquele Beijo , 2011
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Pé na Cova foi o último trabalho de Marília Pêra na televisão. Em 2014, ano passado, ela havia se afastado da série para tratar de um grave problema no quadril. A atriz chegou a conversar sobre o caso com o jornal Extra, dizendo o que de fato teve.
— Tive um desgaste nos ossos do quadril, na articulação coxo femural. É a idade mesmo, ocorre com quem foi atleta, bailarina a vida toda. E é o meu caso. Mas sei que forcei a barra quando estava fazendo o musical “Alô, Dolly”. Eu me comportei como se tivesse 18 anos, fazia sessões duplas de quinta a domingo, subindo escada, pulando, colocando a a perna no alto...
Foto: Marília Pêra no seriado Pé na Cova, 2013
Divulgação/Globo
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Nesta entrevista, a atriz havia dito que tinha pavor de cirurgias, hospitais e até injeções.
— Tenho pânico de cirurgia, medo de injeção, de hospital, das coisas mais simples. Tudo que não queria era operar e tive sorte
Foto: Marília Pêra no seriado Pé na Cova, 2013
TV GLOBO