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Em 2014, a novela Escrava Isaura, produzida pela Record, fará dez anos de sua primeira exibição. A novela era uma adaptação de Tiago Santiago e Anamaria Nunes do livro homônimo de Bernardo Guimarães. A direção ficou por conta de Herval Rossano e o elenco tinha nomes como Bianca Rinaldi, Leopoldo Pacheco, Patrícia França, Renata Dominguez, Paulo Figueiredo e muitos outros nomes. O folhetim foi um sucesso em audiência exportado depois para vários países. Ela representou uma virada na teledramaturgia da emissora, que completa 60 anos
Reportagem: Bruna Ferreira, do R7Reprodução
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O primeiro capítulo foi ao ar em 18 de outubro de 2004. Na ocasião, a novela chegou a 12 pontos de média. O último capítulo chegou a marca impressionante de 20 pontos no Ibope. De acordo com o doutor em teledramaturgia da USP (Universidade de São Paulo) Claudino Mayer, esta resposta em audiência foi fundamental para a retomada da produção de novelas na Record.
— Os índices mostraram que era possível fazer uma novela de qualidade e com público fiel fora da Globo. Mesmo com os escassos recursos de um núcleo que estava se organizando ainda, a novela primou por um texto forte, qualidade técnica e trabalho dos profissionais envolvidosReprodução
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A atriz Sylvia Bandeira, que interpretou a personagem Perpétua, revela que toda a equipe estava focada naquele trabalho e sabia da responsabilidade que carregavam.
— Todo mundo se uniu por causa do trabalho, todos estavam torcendo pelo resultado bom, torcendo pela retomada do núcleo de novelas da Record. A gente gravava em São Paulo, onde tudo era meio artesanal, mas a exigência era grande, existia muito cuidado. A gente podia intuir que faria sucesso, pois os temas da novela eram muito interessantesReprodução
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Como Sylvia revelou, Escrava Isaura foi gravada ainda na Record da Barra Funda, em São Paulo. Nos pequenos estúdios germinava a semente que ia resultar no imenso complexo de estúdios que é o Recnov, no Rio de Janeiro, construído em 2005.
Escrava Isaura deu o pontapé inicial para uma série de superproduções que vieram depois como Prova de Amor, Bicho do Mato, Vidas Opostas, Chamas da Vida, Poder Paralelo, Bela, A Feia e RebeldeReprodução
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Um dos veteranos das telinhas, que pode se gabar de ter feito de tudo um pouco na teledramaturgia, Paulo Figueiredo diz que sempre teve certeza do sucesso de Escrava Isaura.
— Posso garantir que era uma das melhores coisas que eu vivi e já participei. Era gostoso, era bacana, como estava tudo começando, era tudo muito próximo, muito familiar. Os estúdios, a infraestrutura ainda era pequena, mas existia um entrosamento enorme. Eu tinha certeza que seria um marco. Eu tive a honra, o privilégio e o prazer de participar disso. Todo mundo vestindo a camisa e era uma novela de época, né? Exige uma pesquisa muito grande de figurino, maquiagem, da direção e dos atores. O resultado foi excelenteReprodução
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Uma curiosidade da novela é que na década de 70, já tinha sido exibida na Globo, uma adaptação do livro de Bernardo Guimarães. Na época, o texto foi do novelista Gilberto Braga, mas a direção também foi de Herval Rossano, o mesmo que teve a difícil missão de fazer uma novela totalmente diferente com histórias semelhantes
Reprodução
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Em entrevista ao R7, a atriz Lígia Fagundes, que interpretou a personagem Flor de Lis, revela que nunca existiu uma pressão por conta do sucesso da versão anterior, que consagrou Lucélia Santos.
— A gente sabia que era uma história muito forte e que seria grande a responsabilidade de refazer a novela após a primeira versão ter feito muito sucesso, mas nunca existiu pressão por causa disso, a gente tinha muita liberdade, tanto que o meu núcleo, que era um bordel, não existia na originalReprodução
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Quem também se lembra com carinho da novela é a atriz Aldine Müller, que interpretou a personagem Estela. Ela diz que o clima nas gravações era ótimo e que se surpreendeu com o sucesso no exterior.
— Eu estava fazendo um cruzeiro pela Argentina, há uns dois anos, e algumas pessoas vieram me dizer que a novela estava passando no navio! Toda tarde eu me via falando em espanhol na TV. A dublagem era ótima, era como se fosse eu [risos]. Na época, o navio exibia a transmissão que vinha do ChileReprodução
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De acordo com o especialista Claudino Mayer, o rigor em cima do trabalho e da técnica garantiu o diferencial da novela.
— É um texto que mexe tanto com a memória coletiva, por causa do passado do Brasil, quanto com a memória individual, com seus grandes temas universais. Existe também uma certa preocupação técnica e com a fidelidade da épocaReprodução
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Escrava Isaura também tem uma lembrança triste. Foi a última novela do ator Rubens de Falco, que morreu aos 76 anos, vítima de um AVC (acidente vascular cerebral). Na trama, ele foi o pai de Leôncio, personagem de Leopoldo Pacheco.
O ator foi convidado para este papel, pois na primeira versão da trama, ele fazia o papel do filho
Reportagem: Bruna Ferreira, do R7Reprodução