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Rafael Ilha lançou na noite desta quarta-feira (2), na Livraria Cultura, em São Paulo, sua biografia intitulada Rafael Ilha - As Pedras do Meu Caminho. A publicação de 302 páginas, recheada de fotos, é assinada pela apresentadora e jornalista Sônia Abrão, também presente no evento. Em conversa com a imprensa, Rafael contou que a proposta do livro é mostrar para o público quem ele realmente é.
- Minha vida é muito mais do que as pessoas pensam. Nêgo põe lá a manchete e não termina de explicar.' Rafael foi preso roubando 1 Real e um passe', aí você vai ver no livro que eu não tinha roubado nada. Mas fica isso, né! 'O cara foi preso armado', mas não terminaram de falar que eu estava armado correndo atrás do assassino do meu funcionário. Eu chamei a polícia e eu mesmo entreguei a arma para eles. 'O Rafael sequestrou uma menina'. Eu não estava sequestrando. Eu estava internado uma mãe doente, dependente química, que deixava a filha trancada de dois anos dentro de casa, enquanto ela passava dois dias fora com o namorado cheirando (cocaína)
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A Fazenda estreia em setembro e a temporada de realities pega fogoAurora Aguiar/ R7
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Para Rafael, ter que relembrar as nove overdoses que teve, as quatro paradas cardíacas que passou e as tentativas de suicídio que sofreu foi um processo bastante problemático.
- Falar sobre uma parte da minha infância e da minha adolescência, na época em que eu estava bem envolvido com a droga e algumas coisas mais pessoais e familiares, foram bem difíceis...Reprodução/Instagram
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Sônia Abrão contou que a biografia de Rafael Ilha levou dois anos para ficar pronta e que contou ainda com uma orientação de um psiquiatra.
- Eu recebi ajuda de um profissional que sempre me dizia: 'Pega leve, pega leve, vai aos poucos, não tenha pressa'. E assim foi feito. Acho que isso foi fundamental. Teve momentos que eu duvidei que ele fosse sobreviver, principalmente depois do corte no pescoço. A gente não acreditava muito mais. O Rafael teve uma hemorragia muito séria, mas ele está aí, é um sobrevivente mesmoReprodução/Instagram
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Ilha reforçou dizendo que com o livro, pretende desmitificar a pessoa que ele diz que a imprensa criou.
- Não sou bad boy, nem bandido, não sou nada. Eu tenho o meu jeito. Graças a Deus eu sou um cara abençoado de poder falar o que eu penso, porque ninguém paga as minhas contas, e o que eu falo não é nada demaisAurora Aguiar/R7
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Em relação ao processo das entrevistas que fez com o biografado, a jornalista disse que houveram dias tão pesados que teve noite que não conseguia fechar os olhos e dormir.
- Eu sabia dos fatos, mas não do que estava por trás. Tinha noites que eu não conseguia dormir com uma determinada história, um determinado sofrimento. Por exemplo, quando ele estava na clínica, na última internação dele, em que ele tentou engolir uma caneta para de novo tentar fugir de lá, o enfermeiro-chefe agarrou o Rafael e o amarrou numa cama, com cordas pelo peito, braços e pés, e um capacete na cabeça. Ele ficou trancado sozinho em um quarto e no escuro, então para ele era a sensação de ter sido enterrado vivo. O Rafa ficou imobilizado na cama durante três meses. Eles só levantaram a viseira do capacete para dar comida na boca. Davam 'banho de gato', aquele só de pano. Nem para ir ao banheiro ele tinha permissão para levantar. Depois desses três meses de castigo, quando permitiram que ele levantasse, o Rafael não sabia mais andar. Ele não controlava mais o peso e o equilíbrio do corpo dele. Levou uma semana para recuperar os movimentosAurora Aguiar/ R7
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Uma figura importante na história de Rafael Ilha é Sylvia Vieira de Mello, mãe do cantor. Era ela quem subia os morros de favela para ir trás do filho viciado. Ela revelou já ter pensado em 'jogar a toalha' por todo o trabalho que teve com o filho.
- A gente é humano, A gente não aguenta tudo. Eu era sozinha. Eu não tinha marido, não tinha pai, não tinha ninguém. Era eu contra tudo e contra todos. Contra mídia, contra imprensa, contra traficantes, contra policial, contra médicos. E eu ainda tinha que trabalhar para me sustentarAurora Aguiar/R7
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Alex Gill, parceiro de Rafael no grupo Polegar, prestigiou o evento e revelou já ter presenciado uma overdose do amigo durante a adolescência.
- Em um dos últimos shows que ele fez com a gente, eu nunca vou me esquecer, ele teve uma overdose na minha frente. Ele caiu duro. Só que eu não sabia o que era uma overdose, eu tinha 14, 15 anos. Isso antes da gente entrar no palco. Ele começou a virar os olhos, ter convulsões. Eu gritava para a segurança pedindo ajuda porque eu não sabia realmente o que estava acontecendo com o meu amigo. Eu fiquei em choque. E foi só a partir disso que os integrantes do grupo passaram a saber da história todaAurora Aguiar/R7
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Entre as pessoas que ajudou Rafael a se reerguer foi o apresentador Fausto Silva, que chegou a pagar R$ 20 mil para internar Ilha em uma clínica. O apresentador escreveu um depoimento no livro.
- Acho que mais importante do que ajudar, foi ele querer ser ajudado, senão nada teria adiantado. Teve fibra e humildade para aceitar o que muito dependente não aceita... Não é qualquer um que consegue virar esse jogo da vida. Para mim, Rafael é um milagreAurora Aguiar/ R7
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Se Rafael Ilha tem algum arrependimento sobre tudo que ele fez?
- Me arrependo de ter sido burro, ter sido uma vítima das drogas e de ter me afundado na dependência química. Foram 13 anos. Hoje eu valorizo cada minuto da minha vida, momentos de sentar na calçada na frente da minha casa com a minha filha no colo, tomando um suco, brincando com a minha cachorra. Então, quando vejo que perdi 13 anos da minha vida me dá um grande arrependimentoReprodução/Instagram