Natalícia Tracy chegou em solo americano por acaso: recebeu
uma proposta para ser babá e embarcou em sua nova vida aos 19 anos. Depois de
passar frio, fome e muita humilhação, decidiu abandonar a família que
trabalhava, começou a estudar e hoje é referência aos imigrantes brasileiros
nos Estados Unidos
Nos
EUA, Natalícia concluiu o ensino médio e se formou em Ciências da Computação,
Sociologia e Psicologia, mestrado em Política Social e Sociologia e, no
momento, doutorado em Sociologia
Mas
essa história de sucesso teve um início bastante complicado com a família, que
a tratava muito bem antes da viagem e quando chegaram nos EUA, tudo mudou.
— No
dia mais frio do inverno, eles não se preocuparam que não tinha aquecimento
Reprodução/Rede Record
A
jovem ficou com a família por dois anos em condições humilhantes.
— Eu
dormia em uma varanda. Era fechado três lados e o outro com aquela porta de
fora. O chão era de concreto e eu dormia em um futton. Esse era o meu quarto
— Não
recebia correspondências do Brasil porque eles não deixavam colocar meu nome na
caixinha do correio e eles só entregam se o seu sobrenome estiver lá
Reprodução/Rede Record
A
carga-horária e o salário combinados também não foram cumpridos pelos patrões,
assim Natalícia recebia 100 dólares por mês e trabalhava 80 horas por semana,
sendo que pelas leis americanas deveria receber cerca de 2000 dólares mensais
por tantas horas de trabalho.
— [Um
dia] Pedi a tarde livre para fazer alguma coisa e eles me disseram que eu
deveria beijar o chão que eles pisavam por estar morando em um país de primeiro
mundo
Reprodução/Rede Record
Quando
os patrões voltaram para o Brasil a jovem viu sua chance de mudar de vida e
decidiu permanecer em Boston
A questão
dos imigrantes tocou tanto o coração de Natalícia que ela decidiu se dedicar ao
tema, tanto que sua tese de doutorado é sobre a condição dos imigrantes
brasileiros nos Estados Unidos
Diretora do Centro de Apoio ao Imigrante Brasileiro,
Natalícia ajuda muitos brasileiros a não passar pelas mesmas situações que ela
quando chegou no país
Reprodução/Rede Record
— Eu
era vulnerável, não tinha poder político, não tinha poder econômico, não tinha
poder de informação. Hoje tenho tudo, então por que não usar todo esse poder
para criar mudanças estatais e no nível federal?
A
luta de Natalícia deu resultado: atualmente, ela é uma das mulheres mais
influentes dos EUA quando o assunto envolve trabalhadores imigrantes
Reprodução/Rede Record
— É
preciso inspirar em casa e expandir fora de casa porque você está criando uma
sociedade. Espero que outras mulheres também tenham a oportunidade de fazer,
conquistar, correr atrás dos seus objetivos, dos seus sonhos