O desafio da crise de cólica e ignorar os bicos de dor dos bebês
ThinkstockCólica. Tem gente que só de ouvir essas seis letrinhas já sente um arrepio. E não é para menos. Ela chega de repente, não dá sinais que está por vir e transforma sua vida em um barulhento caos.
A primeira crise de Catarina foi com 18 dias de vida. Ela passou de um bebê que não dava trabalho e dormia a maior parte do tempo para um recém-nascido de pulmões fortes. A pequena se contorce, chora cada vez mais alto, comprime as mãos, fica vermelha e capricha nos bicos para mostrar sofrimento. Uma judiação.
Não há o que pode ser feito. O pediatra só liberou um remédio para gases, que deve ser dado somente em último caso. Funchicórea, chá de camomila, molhar a chupeta no mel ou qualquer outra receita recomendada insistentemente pelas avós foram vetadas pelo médico.
O jeito é tentar acalmar a criança como dá. Em casa, a gente recorre a massagens, bolsas de água quente, ginástica com as perninhas — que ajuda a liberar os gases —, banho relaxante, colo e paciência. Muita, aliás. Tentamos cada ação separada, todas juntas e combinações aleatórias. E tem mais um detalhe: nem tudo o que funcionou em um dia dá certo no outro.
Um choro mudou minha vida para sempre
Pais veteranos são vingativos; fuja deles
Fralda suja dá menos trabalho que coto umbilical
Mas não reclamo da cólica. Apesar do barulho e do visível desconforto de Catarina, acredito que seja uma fase que passa rápido. A promessa é que com três meses ela não tenha mais nada. Por enquanto, deixo que a bebê segure minha mão e vou inventando assunto para competir com os gemidos.
Teve um dia que a coisa ficou feia de verdade. Era um sábado. Catarina acordou aos berros às 8h. Ela chorou, chorou e chorou, cada vez mais alto, até às 21h. Consegui contar, ao todo, uns 40 minutos de silêncio. Nem mamar direito ela conseguia. Foi alucinante.
Mas, comprovando que no mundo dos bebês as coisas mudam repentinamente, o dia seguinte foi incrível. No domingo, acordei primeiro pela manhã. Quando minha mulher levou Catarina até mim e conversei com ela, a pequena abriu um sorriso indescritível. Ela abriu a boca banguela de orelha a orelha intencionalmente pela primeira vez. Foram cinco segundos que apagaram qualquer loucura do dia anterior.
(*) Thiago Calil é repórter de Entretenimento do R7 e pai, de primeira viagem, da Catarina.