Nadja e Adriano decidiram apadrinhar Isis após serem voluntários
Eduardo Enomoto/R7Isis tem seis anos e o maior sorriso do mundo. Com os padrinhos lendo um livro ou até mesmo conversando, é nítida a interação e o laço afetivo criado entre eles. A relação já tem sete meses e, se depender do casal Nadja Cardoso e Adriano Cardoso, irá durar muito mais.
“Dependendo da gente, essa relação vai ser para a vida toda”, afirma Nadja. “Sempre vamos querer acompanhar ela, o crescimento, a formação para o que ela precisar. Ela é muito importante para a gente”, completa Cardoso.
Os dois conheceram a Isis quando eram voluntários no abrigo Casa Vó Benedita em Santos, litoral paulista, onde crianças e adolescentes podem ser apadrinhados. Para Cardoso, nesta troca, os padrinhos ganham muito mais.
— Não é questão de dar um objeto, mas atenção. Isso é importante, ter uma companhia. É uma troca que às vezes a gente ganha mais, sente mais do que a própria criança.
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Mas a tarefa de padrinho não se resume apenas a passeios. É uma espécie de refúgio para os afilhados, alguém com quem a criança pode contar para conversar e ser aconselhada.
Andrea e Antonio dão conselhos e acompanham a vida de Evelyn
Eduardo Enomoto/R7Os padrinhos da Evelyn Paula, de 13 anos, sabem bem disso e acompanham o desempenho escolar da adolescente, como explica Antonio Precioso.
— Precisa melhorar no colégio, a gente pega no pé. Tentamos fazer com que ela entenda como é o mundo lá fora, a vida, e ela terá a gente sempre do lado dela para ajudar e apoiar em tudo que precisar.
Para a madrinha Andrea Precioso, a responsabilidade é grande e satisfatória.
— Quando a gente foi perguntar para ela: ‘quer ser a nossa afilhada?’, a gente falou que não era só a parte boa de levar para passear, passar o fim de semana, a gente vai dar orientações que precisa e ela quis.
Evelyn já faz parte da vida do casal há dois anos e toda a timidez é deixada do lado quando questionada o que ela acha dos padrinhos. A adolescente abre um sorriso e até revira o olho, mas responde.
— Eu gosto muito.
A diretora-presidente da Casa Vó Benedita, Elizabeth Rovai, onde estão Evelyn e Isis, explica que a criança sabe diferenciar o papel de padrinho e não confundem eles com país biológico ou até mesmo o programa com adoção.
— Eles entendem o que é um padrinho mesmo. Gostam da ideia e se orgulham. A partir do momento que a pessoa se torna um voluntário, esse vinculo afetivo é uma coisa natural, surge um amor.
Miriam Bratfisch, coordenadora do programa Viver em Família da Prefeitura de Paulínia, que também trabalha com o apadrinhamento de crianças e adolescentes, explica que a convivência com crianças que já são apadrinhadas também facilita o entendimento do processo.
— É tudo muito bem esclarecido que não é adoção.