É no colo das mães que eles se sentem protegidos de verdade
Getty ImagesDesde que a decisão da paternidade se tornou uma certeza, me propus a ser o mais presente possível para meu filho/filha. É sob esse desejo que nasceu Catarina, há um ano e três meses. Nesse tempo, fiz o que pude: troquei fraldas, dei banho, brinquei de esconder, corri pela casa, assisti diversas vezes o mesmo desenho, entre muitas outras coisas.
Eu e Catarina temos, sim, um vínculo legal. Mas há algo nessa relação que é mais forte do que qualquer apreço dela por mim: a mãe. Ela é insubstituível, nem adianta tentar.
Na gestação, ouvi diversas vezes que “menina é mais apegada ao pai”. De certa forma, até comemorei essa “vantagem competitiva” sobre minha mulher. Afinal, ela já tinha muitas situações indescritíveis que só poderiam ser vividas por ela. O dia em que Catarina decidiu que não queria mais mamar no peito, uma parte de mim comemorou, confesso. “Agora estamos em iguais condições”, pensei.
Fralda suja dá menos trabalho que coto umbilical
Ledo engano. Claro que a vida de pai e mãe não é uma disputa. Essa competição velada — que só existe do meu lado, que fique claro — é só, na verdade, um desejo de ser reconhecido pela nossa filha. Mas voltamos aos fatos.
Passada a fase das cólicas, poucas foram as vezes em que eu levantei para ficar com Catarina de madrugada. Mas, quando conseguia acordar primeiro que minha mulher, ficava orgulhoso em ser o “herói” noturno de minha filha. Mas, após a insistência do choro e sem o menor constrangimento, Catarina soltava sua verdade na minha cara.
— Mama.
Duas sílabas que trazem consigo uma frase imensa: “Cara, na boa, dá para chamar a mamãe logo. É com ela que eu quero ficar. É de madrugada, vamos acabar logo com isso. Volte a dormir e chame logo a mamãe antes que eu tenha de gritar mais”. Bom, pelo menos era isso que eu “ouvia” da boca dela.
Pais veteranos são vingativos; fuja deles
Soraia, minha mulher, nunca escondeu o olhar de solidariedade ao me ver recolhendo minhas frustrações. Como as mães são evoluídas.
Claro que tudo isso é um exagero de realidade. Sei que, em vários momentos, é a mim que minha filha recorre. Só acho curioso observar que essas situações, em geral, são relacionadas a brincadeiras, passeios e outras amenidades. Quando o bicho pega de verdade, é na mãe que ela confia. É uma questão de segurança.
O pediatra não me deixa mais dormir
Mas não tem crise, não. Na verdade, fico feliz em saber que existe tanta cumplicidade entre elas. Se essas situações acontecem é porque Soraia cumpre com perfeição o seu papel de mãe. Só posso me orgulhar das minhas mulheres.
(*) Thiago Calil é repórter do R7 e pai da Catarina, de 1 ano