Not a Lady: Thais lançou o CD Paradiso Perduto, em 2013
Reprodução/Site Not a Lady
Você conhece o Not a Lady? Não? Então, deveria conhecer. Assim como várias bandas nacionais que buscam espaço na internet, o projeto da compositora Thais Maranho quer conquistar seu lugar no cenário musical. E ela já está pronta para isso.
Com músicas próprias em inglês, o som do Not a Lady mostra referências que vão do pop de Alanis Morissette ao indie de Florence + The Machine. Tudo isso, com uma cara própria.
Thais é a "faz tudo" do projeto, como ela mesmo define.
— O projeto basicamente sou eu. Componho todas as letras e melodias, toco violão e canto. Se precisar fazer qualquer outra coisa tipo um baixo ou escaleta, acabo me virando, mas tocar pra valer só violão.
Em 2013, o Not a Lady lançou um CD bacana. Paradiso Perduto traz dez canções e é uma bela chance de conhecer o talento de Thais.
Para saber mais sobre a banda, o R7 conversou com Thais Maranho. Veja!
R7 - Como surgiu o Not a Lady? E por que você chama o Not a Lady de projeto?
Thais Maranho — O Not a Lady surgiu de um momento de ruptura e, escrevendo essa frase agora, ela tem muito mais significado do que o que realmente aconteceu. Eu tinha um duo com uma amiga baixista de longa, o Ladyfingers. No meio do processo de gravação do primeiro álbum, nós nos desentendemos e eu precisava terminar o projeto por vários motivos. Primeiro porque era um projeto fruto de um edital do PROAC e do Governo do Estado de São Paulo, ou seja, eu não poderia como cidadã jogar dinheiro público fora e simplesmente abandonar o projeto. Segundo, por uma questão de responsabilidade comigo mesma. Eu estava com 30 anos, algumas composições tinham pelo menos uns 10 anos, era um projeto de extrema importância pessoal que merecia ser terminado depois de tanta espera. Tomei as rédeas sozinha, dei o nome de Not a Lady, refizemos os baixos e terminei o CD com meu produtor, o João. Como o Not a Lady é um solo, costumo chamar de projeto, afinal não leva meu nome mas é um solo. Então, como chamar? Projeto me parece ser o mais adequado.
R7 — Fale um pouco mais sobre suas bandas antes do projeto.
Thais — Bom, antes do Not a Lady existiu o Ladyfingers, que surgiu da necessidade de gravar as minhas composições, por assim dizer. Eu estava cansada de deixar tudo na gaveta e chamei minha então amiga Ana Lucia pra me ajudar. Ela tocava baixo em algumas bandas, era uma pessoa mais pro ativa do que eu e, como tínhamos muita afinidade, ela topou na hora. Na época não era nem pra ser um duo, mas a amizade falou mais alto e achei que seria justo, pra dizer o mínimo. Costumávamos nos juntar pra gravar as músicas em casa com uma plaquinha de som da PreSonus que tenho. Certa vez gravamos 3 músicas em estúdio, colocamos no My Space, mas a coisa começou a ficar mais séria mesmo quando arrumamos o edital e aí... Rompemos. Antes do Ladyfingers tive outro duo com uma outra amiga querida, a Karin (ou K – kay). Foi ela quem fez eu descobrir que poderia mesmo tocar, compor, cantar... O Interrupted Gir!s não durou muito, mas me fez adquirir muita confiança. Devo muito a ela por isso.
R7 — Como funciona o projeto? Você faz tudo mesmo?
Thais — O projeto basicamente sou eu. Componho todas as letras e melodias, toco violão e canto. Se precisar fazer qualquer outra coisa tipo um baixo ou escaleta, acabo me virando, mas tocar pra valer só violão.
R7 — Quais são as influências do Not a Lady? Sei que além de música, você curte literatura e cinema.
Thais — Nunca sei falar sobre influências. Existem coisas que você escuta (ou lê, assiste...) e aquilo que realmente vai refletir no que você faz. E eu acho complicado dizer “quando eu componho, me inspiro nisso ou aquilo”. Eu acredito que música me inspira a fazer música. Fato. E o conteúdo das minhas músicas acabam vindo das coisas que vivencio. Outro fato. Sou do tipo que compõe quando as coisas não estão bem. Sou filha do grunge, nasci nos anos 90 e Jagged Little Pill me salvou nos dias mais “dark”. Sou crítica então quando gosto, gosto muito. Tegan And Sara (que estou escutando agora), Alanis (que me criou desde criancinha), Dave Matthews Band, Radiohead... Jewel me influenciou muito quando comecei a compor... Cara, complicado mesmo. Sou ao mesmo tempo apaixonada pela Pink e pelo Radiohead com o mesmo fervor, e posso defender ambos da mesma forma, mas Radiohead influencia muito mais minha música do que a Pink, certamente.
R7 — Você escreve em inglês. Seu projeto é voltado para o público gringo?
Thais — Eu escrevo em inglês porque sempre foi a língua do tipo de música que ouço mais. Quando eu era criança, lembro que pedia pra minha mãe me dar os discos internacionais das novelas, nunca os nacionais. Meus irmãos (mais velhos) sempre foram do “róque”, acabei sendo influenciada. Me acostumei com aquilo e, sinceramente, acho difícil compor em português sem que fique clichê ou pobre. Mas nem é essa a questão, pra mim é orgânico e não penso em público nem em nada, penso no que sai de mim e pronto. As redes sociais ajudam muito, né? Na minha página do facebook, por exemplo, tem muitas pessoas de foram curtindo que são de fora. Nas outras redes sociais de música como Last FM, Grooveshark também. Mas acho que eu ainda não aprendi muito bem a arte da divulgação. Uma hora chego lá.
R7 — Na sua opinião, como anda o cenário underground brasileiro? Mesmo com a "revolução" da internet, você ainda encontra muitas dificuldades para ser uma artista independente? Ou seja, consegue viver apenas disso? Thais — Sinceramente... Eu ando meio desesperada com o que ando vendo. Não posso te dizer a fundo sobre cenário underground ou indústria fonográfica porque não vivo realmente no meio, mas é meio desesperador entender que, na verdade, o que a grande maioria das pessoas querem é o tal “pão e circo”. Não acho que a gente tem que filosofar o tempo todo, gosto de Pink, certo? Mas eu ainda acredito num mundo onde cada coisa tenha o seu lugar, sua hora, o que não acontece. É complicado falar em qualquer cenário quando a mídia, que querendo ou não gere a massa (massa = pessoas = mundo) só está interessada na grana e, pra isso, não se importa com o conteúdo. Acho complicado tocar, pra caramba. Como tudo nessa vida, indústria, mercado, é preciso ter contatos e é aí que o Not a Lady esbarra. Eu, por exemplo, sou tímida, certo? Conheço uma pessoa, aqui, ali... Tenho um irmão que toca por aí, tem banda conhecida até e tal, mas não sou macaquinha de circo, não sei fazer malabarismo, não sou performática. Acredito que, mesmo no circuito underground, você meio que precisa ser um performer/bem relacionado pra conseguir qualquer coisa. Sei lá... Pode ser que seja eu. Não existe uma verdade única. Ouço muita coisa, leio muita coisa, mas não consegui chegar a nenhuma conclusão além de: no Brasil, complicado achar quem se importe com cultura, quanto mais viver dela.
R7 — A partir de agora, qual é a principal ideia do projeto?
Thais — No momento eu estou praticamente de férias do Not a Lady. Trabalho como editora de vídeo e motion design em dois lugares, estou editando um projeto chamado Efeito Dominó em prol do respeito às mulheres e estou casando, então imagina... Mas a vontade de tocar não some jamais. É só uma questão de logística e de conseguir fazer com que os dias comecem a ter pelo menos 36 horas pra dar tempo de fazer tudo. E eu fico inventando cursos, projetos, viagens... Mas eu estou bem afim de voltar com os meninos ainda no primeiro semestre de 2014 pra tocar “com o que tem”, sabe? Porque essa de ficar esperando a banda perfeita pra fazer o som perfeito não existe. Acho que um banquinho, um violão, um baixo e uma batera dão conta. E se precisar, toco outras coisas então... Escrevi coisas novas, tenho ideias de melodias... Falta parar de procrastinar.
R7 — Para terminar, indique dez discos (de todos os tempos) que os internautas do R7 devem ouvir.
Mew – Frengers
Radiohead – Ok Computer
Alanis Morissette – Jagged Little Pill
Weezer – Blue Album
Lorde – Pure Heroine
BOY – Mutual Friends
Muse – Absolution
No Doubt – Tragic Kingdom
Agridoce – Agridoce
Florence + The Machine - Cerimonials
Para ouvir o Not a Lady, entre em: notaladymusic.com
Assista abaixo ao clipe do Not a Lady: