No meio do elenco de Plano Alto, que carrega uma bagagem extensa e talento incontestável, está a brilhante Jussara Freire, na pele de Dora. Em entrevista ao R7, a atriz fez questão não só de falar sobre sua personagem, mas principalmente contar como passou por todas as épocas abordadas pela minissérie.
─ Para mim, a história é muito conhecida. Embora sejamos contemporâneos, vivemos o Golpe Militar, os Anos de Chumbo (ambos na década de 60) e vimos como tudo se encaminhou até agora. Naquele tempo, eu frequentava movimentos estudantis e sempre fui contra luta armada, inclusive Dora também é. Ela teve um filho, João Titino (Milham Cortaz), com o governador Guido Flores (Gracindo Jr). O filho a deu um neto, Rico (Bernardo Falcone), e estas são as três gerações da obra. O cara que era um estudante libertário se tornou governador. O filho vira deputado e, o neto, está metido nas manifestações atuais. Dora tem pavor desta política, que acabou com a vida pessoal dela. Todos os “seus” homens de dedicam a um governo que ela não acredita.
Para Jussara Freire, o público precisa assistir aos 12 capítulos e refletir profundamente sobre a política brasileira.
─ A importância da série vai muito além de gerar um pensamento a respeito do tema. As pessoas devem “mastigar” o conteúdo com alma e coração. Desta forma, observarão melhor a atual situação do país.
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Ao fazer uma comparação entre a política dos anos 60 e dias de hoje, a atriz parecia estar com a resposta na ponta da língua. Segundo Jussara, o sentimento é de traição.
─ Acho que havia mais sinceridade e realmente lutávamos por uma mudança. Agora, me sinto absolutamente traída quando vejo que meus ídolos, daquela época, se tornaram crápulas no atual poder. Não enxergamos uma luz no fim do túnel e isso apavora.
Nitidamente empenhada e orgulhosa pelo novo trabalho, a atriz fez questão de comentar os textos do autor, Marcílio Moraes.
─ Não tenho como demonstrar o prazer de receber, depois de muito tempo, um conteúdo escrito por ele. É um autor que sabe usar as palavras e parece que o texto vem pronto para a nossa boca. Outra característica é que você se reconhece ou reconhece alguém no meio de tantas letras, o que humaniza o personagem.