Maga Lieri fará o show de lançamento do novo álbum na próxima terça-feira (28), em São Paulo
Divulgação/Alex Ribeiro
Cantora e compositora, Maga Lieri embarca em um novo desafio ao mostrar seu lado intérprete, cantando clássicos de nomes consagrados da música brasileira, como Tim Maia, Jorge Ben Jor, Fábio, entre muitos outros.
Em seu terceiro álbum, intitulado Sotaque Soul, Maga faz uma homenagem aos anos 70, revivendo os tempos dourados da MPB.
Maga, que começou sua carreira como backing vocal de Tom Zé e foi integrante de uma das últimas formações do Secos & Molhados, também está indicada ao Prêmio da Música Brasileira na categoria Canção Popular, por seu segundo álbum, Bem Acompanhada.
Na próxima terça-feira (28), Maga Lieri fará o show de lançamento de Sotaque Soul, no Tom Jazz, em São Paulo, com participação especial de Leo Maia, filho de Tim Maia.
Em entrevista ao R7, a cantora falou sobre o novo trabalho, a parceria com Claudio Zoli e Jefferson Caetano, a inspiração nos anos 70 e o que vem por aí.
Leia abaixo a entrevista completa:
R7 — Está ansiosa para o lançamento?
Maga Lieri, cantora — Muito! Vou fazer o disco inteiro pela primeira vez e com banda completa. A base é a mesma que gravou comigo e isso me deixa segura. A direção musical e os arranjos ficam, mais uma vez, com meu baixista Jefferson Caetano, além dos irmãos Dado Tristão nos teclados e Clayton Tristão nos vocais, Baby Guita, Dedel Soares na bateria, Kadu Fernandes (percussão), Douglas no trombone e Birinha no sax.
R7 — Como foi o processo de criação desse novo álbum e de seleção das músicas?
Maga Lieri — O processo foi bem difícil. Os compositores escolhidos são os caras que ouvi a vida toda e que influenciaram meu jeito de compor e de cantar. Assim, foi um parto escolher uma única canção de cada um. Não queria gravar as mais famosas, justamente para mostrar outras canções deles, então foi um trabalho grande de pesquisa. Descobrir uma música que representasse o trabalho do compositor e que minha voz aceitasse bem. Algumas canções são lindas, mas não são do seu número, né? Aí não adianta forçar...
R7 — Por que escolheu a década de 70 para homenagear?
Maga Lieri — São os compositores que ouço desde criança. Minha paixão pelo Tim [Maia] começou muito cedo, bem menina mesmo. Depois veio Hyldon, Cassiano, Carlos Dafé, que é meu padrinho musical e tive a honra de receber no meu segundo disco. A mistura de MPB, samba e soul music foi certeira e me pegou. Esses caras criaram um estilo numa época absolutamente careta, em plena ditadura militar. A emblemática apresentação de Toni Tornado cantando BR3 com os punhos fechados, acho que ali a questão do negro no Brasil foi, pela primeira vez, exposta. Tudo isso, somado a uma música sensual, cheia de nuances e muito suingue... Irresistível!
R7 — O que esse novo álbum representa para você?
Maga Lieri — Pela primeira vez mostro meu lado intérprete. Como meus dois primeiros discos são autorais, sempre me senti muito confortável para cantar, já que as melodias são minhas, feitas para a minha região vocal. Agora estou me expondo de verdade, explorando registros mais graves da minha voz. Acho que estou me redescobrindo com esse trabalho.
R7 — Como foi trabalhar com pessoas como Jefferson Caetano e Claudio Zoli?
Maga Lieri — Eu sou fã do Zoli há décadas. Ele é o herdeiro do estilo. Discípulo de Tim Maia e um artista completo, compositor maravilhoso. A música de Zoli dá vontade de namorar, de dançar e para os depressivos, como eu, dá vontade de viver. [risos]. Recebê-lo no estúdio foi uma honra. Ele é um cara cheio de luz, bem-humorado e simples. Tenho medo de conhecer meus ídolos e me decepcionar, não foi o caso com Zoli. Além disso, gravar com ele o duo de Fábio e Tim Até Parece que Foi Sonho foi mesmo o que a canção diz [risos]. Jefferson Caetano é meu arranjador desde o primeiro CD. Essa parceria é essencial no meu trabalho. Posso dizer que minha carreira é dividida em antes e depois dele. Jefferson profissionalizou minha música e me lapidou como cantora. Um arranjador inspirado. Sobra talento. Posso dizer que o meu trabalho é dele também. Somos uma dupla, na verdade. Sem ele, não acontece nada.
R7 — Sei que é sempre uma pergunta difícil, mas qual das músicas mais mexe com você? E por quê?
Maga Lieri — Todas, com certeza, mas a balada Eu gostaria de saber ficou totalmente diferente da original — o que é perigoso, mas eu amei o resultado e acho que essa gravação contribui para a canção do mestre Hyldon ficar ainda mais linda.
R7 — Como se sente após a indicação ao prêmio da música brasileira?
Maga Lieri — Foi o maior susto da minha vida. [risos]. Meu produtor apenas mandou o CD para avaliação, como todo mundo, sem jabá, sem conchavo, sem Q.I. [quem indica] e simplesmente o José Maurício ligou na minha casa. Uma indicação com esse peso para uma cantora independente é muito bacana. A gente tem que ralar muito pra conseguir gravar, fazer shows, divulgar o trabalho e isso só me dá mais força para continuar. Afinal, é o que eu amo fazer e enquanto tiver fôlego vou continuar.
R7 — Agora é a vez da Maga Lieri cantora, sem deixar de lado a compositora?
Maga Lieri — Por enquanto, a Maga compositora está quieta, compondo em casa, no silêncio do quarto. Estou alinhavando o volume 2 do Sotaque Soul, já que vários compositores do estilo ficaram de fora, por absoluta falta de espaço.