Mais de mil peças que resgatam lembranças da Segunda Guerra Mundial estão expostas no Hall Monumental da Alesp para que o público possa ver de perto detalhes que fazem parte da história.
A exposição Memórias da Segunda Guerra Mundial foi aberta na sexta-feira (6) e é uma iniciativa dos curadores Nelson Machado e Anderson Lopes Rodrigo, com apoio da deputada estadual Edna Macedo (Republicanos).
Nelson e Anderson são colecionadores e filhos de integrantes da extinta Força Pública e fizeram da paixão pela história, uma mostra para compartilhar cultura.
"Essa exposição foi feita para poder justamente mostrar o que foi a guerra e exibir alguns equipamentos. Muitas pessoas nunca viram esses itens de coleção de perto, só em filmes. Então, surgiu a ideia junto com a comemoração dos 197 anos de independência do Brasil, de trazer parte do acervo para o público", explica Nelson.
Quem for visitar a exposição vai encontrar peças réplicas e originais da 2ª Guerra Mundial, da Revolução de 1932, além de um vasto acervo da Polícia Militar e alguns itens da Força Pública. Entre o acervo, há uniformes, equipamentos, medalhas, armamentos e até rádios e telefones típicos da época.
Às vésperas de 7 de setembro, Dia da Independência do Brasil, Anderson acredita que a mostra também é uma forma de resgatar o sentimento de patriotismo do público. "Acho que antes existia um civismo mais aguçado nas pessoas, isso vinha dos pais e passava para os filhos, mas acho que ficou esquecido. A gente tenta resgatar isso nos jovens de hoje: o civismo, patriotismo. Se as pessoas soubessem o quanto esses soldados lutaram por nós, para termos o que temos hoje, daríamos muito mais valor. A gente tenta trazer isso para as pessoas."
A deputada Edna Macedo compareceu à abertura da exposição e engrossou o coro dos curadores a respeito da relevância do evento.
"Essa exposição é justamente não só pela data da independência do Brasil mas para lembrar aqueles que tombaram, aqueles que deram suas vidas na guerra, os nossos soldados tão esquecidos, que ninguém mais comenta, mas que foram nossos heróis. Então, isso é um pouco daquilo que a gente pode estar mostrando e um gesto de lembrança e agradecimento. Eu estou feliz de estar aqui, é muito bacana isso."
Edna também declarou que é importante que as pessoas conheceçam a história do estado onde vivem e também do Brasil. "Acho isso super interessante, é gostoso de ver. E os jovens deveriam estar aqui para poder conhecer de perto como é que foi, como eram os armamentos. Hoje tudo mudou, tudo é moderno, claro, mas conhecer a história é muito importante."
Filho de combatente da 2ª Guerra visita exposição
Diante das memórias da exposição, a presença de um visitante em especial chamou a atenção. O motivo é que o pai de Samuel do Lago Souza, 59 anos, esteve na Segunda Guerra. O policial militar aposentado conta que a família sempre se reúne quando envolve o tema como uma forma de homenagear o pai que morreu em 1996.
— Foram tantas coisas que aconteceram com meu pai na guerra. Ele ficou congelado, sofreu todas aquelas dificuldades e, quando voltou para o Brasil, ficou em Itatiaia, no sanatório. Ele se recuperou, mas ficou com algumas sequelas. Quando viemos para São Paulo, toda vez que tinha aquele inverno muito rigoroso dos anos 70, ele sentia muito, os pés estouravam feridas. Mas ele veio com uma história bacana, depois constituiu família e estamos hoje com vários irmãos. Em qualquer lugar que passa alguma coisa sobre a Segunda Guerra Mundial nos reunimos porque temos muito orgulho da história dele.
No ano que vem, o pai de Samuel completaria 100 anos e para homenageá-lo, os familiares estão preparando um documentário sobre ele. "É pelo carinho e respeito que temos pela história dele", explicou Samuel, que se emocionou ao colher depoimentos. "Estamos reunindo materiais dele, estive no interior conversando com um pessoal da época dele, alguns que ainda estão vivos e puderam dar depoimentos bem legais. Estive no estado do Rio também e gravava e chorava ao mesmo tempo. Ouvir as histórias é muito emocioante."
A exposição Memórias da Segunda Guerra Mundial é gratuita e estará aberta ao público até o dia 8 de setembro, das 8h às 18h.