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A temporada de premiações de 2017 se firmou como uma das mais interessantes desta década, com inúmeros filmes poderosos entre os comentados ao redor do mundo. Moonlight: Sob a Luz do Luar veio para abrilhantar ainda mais as listas de produções que precisam ser assistidas. Indicado a oito Oscars, o prêmio mais importante do mundo do cinema, Moonlight foi eleito o Melhor Filme do ano (depois de uma grande confusão, verdade seja dita). No total, o longa faturou 183 prêmios ao longo dos últimos meses! E não é para menos, já que é realmente impressionante!
Veja o que faz do filme um dos melhores dos últimos anos!Divulgação/A24
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Três fases
Moonlight é dividido em três partes, centradas na vida do jovem Chiron. Na primeira, o conhecemos como a criança chamada por todos de Little, ou Pequeno. Acuado e assustado, ele é perseguido por colegas de escola que fazem piadas referentes à sexualidade, gritando pejorativamente termos como "bicha". Chiron não tem uma casa estruturada, já que sua mãe é viciada em drogas. É no traficante Juan e em sua mulher Teresa que o garotinho encontra uma famíliaDivulgação/A24
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Na segunda fase, acompanhamos sua adolescência e suas descobertas, tanto aquelas que o ajudam a se encontrar quanto aquelas que fazem com que ele se perca
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Já na terceira, vemos Chiron adulto, atendendo pelo nome de Black. Ele está totalmente diferente do que aparentava antes e lida com as consequências de seus atos quando mais jovem
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É na construção temporal que Moonlight prende a atenção do espectador. É impossível não pensar em nosso próprio crescimento e experiências, além de pensar sobre os males que uma sociedade tão preconceituosa e violenta pode trazer para a vida das pessoas. Homofobia, racismo, bullying e machismo são temas abordados de maneira forte no longa
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Coadjuvantes em destaque
Nenhum dos protagonistas foi indicado ao Oscar, o que é uma pena, já que todos poderiam facilmente ganhar uma vaga na premiação. No entanto, os coadjuvantes roubaram a cena no olhar dos críticos. O fantástico Mahershala Ali, que vive o traficante Juan, ganhou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por sua tocante atuação.
Mesmo estando pouco tempo em cena, ele cativa ao fugir de possíveis clichês nos quais o papel poderia cair. Uma das melhores cenas do longa, por sua maneira direta, envolve um diálogo entre Chiron, ainda criança, e Juan, no qual o menino quer saber o que significa "bicha". A presença de Mahershala é tão forte que chega a emocionar. O ator realmente mereceu a estatuetaDivulgação/A24
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Entre as mulheres de Moonlight, a indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante foi Naomie Harris, que vive Paula, a mãe de Chiron. Outra atuação digna de aplausos. Naomie consegue passar muita intensidade e transita com perfeição entre a fragilidade e o lado duro da mulher viciada em drogas. Ela não levou o prêmio, que ficou com a também magnífica Viola Davis, de Um Limite Entre Nós
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Quem também se destaca em Moonlight é Janelle Monáe, que se firma como uma das maiores revelações do cinema atual, após outro papel incrível em Estrelas Além do Tempo, filme também indicado ao Oscar. A cantora, e agora atriz, vive Teresa, mulher do traficante Juan, e sua doçura em cena é de encantar
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Direção poética
Barry Jenkins é o diretor e responsável pelo roteiro de Moonlight. Ele conduz a história com delicadeza e uma mistura entre a difícil realidade e um tom mais poético. A cena do mar, uma das mais comentadas do longa, é de uma beleza que enche os olhos de lágrimas.
Barry foca em assuntos importantes e faz um filme com muitas camadas. Ele está ali contando a história de um indivíduo, o jovem Chiron, mas também acaba dando espaço para muitas histórias reais sobre diversos temas. Sobre ser negro, morar na periferia, sobre sofrer preconceito por sua sexualidade, sobre crianças e adolescentes que reproduzem discursos de ódio bradados pelos adultos ao seu redor, sobre a marginalização e falta de oportunidades, sobre segregação, sobre a sociedade como um todo. É um trabalho inspirador! Ele não venceu o Oscar de Melhor Diretor, mas levou o de Melhor Roteiro Adaptado ao lado de Tarell Alvin McCraneyDivulgação/A24
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Fotografia belíssima
O trabalho de fotografia de James Laxton dá ao filme ainda mais sensibilidade. Não apenas em cenas artísticas como a do mar, citada anteriormente, mas até mesmo nos momentos que poderiam parecer mais banais a construção visual deixa tudo mais bonitoDivulgação/A24
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Trilha sonora diversa
Indicada ao Oscar, a trilha sonora original de Moonlight é excelente e ajuda a dar o tom que o filme precisa. Além dela, a trilha com músicas já conhecidas também é um grande acerto. Cheia de diversidade, ela conta com nomes como Erykah Badu, Aretha Franklin, Jidenna e até Mozart. Vale destacar também a presença de um brasileiro. Caetano Veloso aparece cantando em espanhol na música Cucurrucucu Paloma, que esteve na trilha de outros filmes como Fale com ElaDivulgação/A24
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Moonlight: Sob a Luz do Luar é uma linda reflexão sobre a jornada que cada pessoa enfrenta para encontrar quem realmente é, para achar seu lugar no mundo e se sentir confortável e seguro com sua essência. A produção fala sobre descobertas, sobre as dificuldades que encaramos no caminho de nosso amadurecimento e sobre como a sociedade pode ser cruel e intolerante. Estas são mensagens importantes em um momento tão turbulento quanto o que vivemos. Emocionante do começo ao fim, Moonlight é mesmo excepcional e entra facilmente para a lista das melhores obras cinematográficas dos últimos anos
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