Gloria Pires já viveu muitas mulheres na TV e no cinema, mas nenhuma delas foi tão transformadora quanto Nise da Silveira. Admiradora de Carl Jung, a médica brasileira mudou os rumos da psiquiatria com terapia ocupacional, usando a arte como instrumento para mudar a realidade de esquizofrênicos internados no Centro Psiquiátrico Pedro II, no Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro.
A vida dela virou o filme Nise — O Coração da Loucura, que chega aos cinemas nesta quinta-feira (21)
Nise chegou à vida de Gloria Pires por insistência do diretor Roberto Berliner. Em entrevista ao R7, ele contou que a atriz sempre foi sua primeira opção. "Quando comecei a colocar o projeto em prática, pensei na Glorinha. Conversei com um amigo, consegui o endereço dela e mandei o roteiro para a casa dela. Surpreendentemente, ele caiu primeiro nas mãos do Orlando [Morais, marido de Gloria Pires]", contou Berliner
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Gloria estava envolvida com outro filme na época, Flores Raras, e recebeu uma ligação inesperada.
— Ele me disse: "Você precisa fazer esse filme". Aí eu: "Qual filme?". Ele contou que tinha lido o roteiro e que eu precisava ser aquela mulher. É engraçado porque ele nunca lê os roteiros, não sei o que deu nele [risos]
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A escolha não poderia ter sido mais acertada, tanto que Gloria ganhou até o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Tóquio por Nise. "Foi um processo intenso, transformador, inspirador. Fomos tocados por essa ideia de liberdade e afetividade que ela prega", explicou a atriz
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Em uma atuação consistente, a atriz consegue mostrar os dois lados de Nise: uma mulher determinada, dura e insistente, mas ao mesmo tempo passional, emotiva. A verdadeira mãe dos clientes
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Nise, além de toda a importância para a psiquiatria, abriu a porta para o feminismo numa época em que o machismo dominava. E mesmo hoje em dia, ainda é tão presente.
— A Nise era uma mulher que esmurrava portas para conseguir o que queria. Ela é muito importante para o feminismo, que hoje em dia está aí. Ainda estamos lutando para conseguir o nosso espaço e vamos continuar cada vez mais. O que eu quero é que as pessoas conheçam a sororidade — não só a palavra, mas também o seu significado. Nós, mulheres, estamos juntas. Não tem rivalidade, não tem que colocar uma contra a outra. Juntas, somos mais fortes
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Para o diretor Roberto Berliner, a atriz foi a escolha certa desde o início. "Ela é uma grande mulher que soube vestir essa grandeza da Nise do início ao fim, com muita sabedoria e generosidade", elogiou
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Gloria Pires, com certeza, não é a mesma pessoa depois de imergir no mundo de Nise.
— A doutora Nise me ensinou muitas coisas, mas uma delas é continuar a trabalhar. Mesmo que seja um trabalho de formiguinha, como foi o dela, não perder a esperança na humanidade