-
Os últimos três anos serviram como um reinício para Rodriguinho. Nesse período, o cantor voltou aos Travessos, se destacou como compositor de sucesso ao lado de Thiaguinho e, mais recentemente, deixou a vida conturbada no bairro do Tatuapé, zona leste de São Paulo, para se mudar para um condomínio bucólico em Santana do Parnaíba.
— Não volto mais para a capital. Ainda mantenho um escritório na avenida Paulista, só que apareço apenas três vezes por semana. Reservo mais tempo para mim, para a família e meus projetos fora dos Travessos.
Essa mudança na vida de Rodriguinho surgiu após o músico enfrentar problemas financeiros durante a carreira solo e ter complicações de saúde com diabetes e o sobrepeso. Ele precisou repensar a vida desde então.
Mais magro, com novos hábitos e vivendo uma boa fase à frente dos Travessos, ele agora encontra tempo também para investir em produção musical, área profissional que mais gosta. Naná Damsceno, mulher do músico, é um dos projetos no qual o músico aposta atualmente.
— Temos gravado sem pressa. Procuramos um som que se adaptasse à voz dela, que tem essa influência de black music norte-americana.
Em breve, essa parceria será estendida para o projeto Rodriguinho em Família, que também reúne o irmão Ah! Mr. Dan e o filho Gabriel.
— Vamos gravar um DVD intimista aqui na sala de casa, só para os amigos. É interessante juntar esse talento que os parentes conseguiram desenvolver.
Em entrevista exclusiva ao R7 em sua nova casa, o músico conta detalhes dessa fase, relembra polêmicas antigas da carreira e dá detalhes da vida em família
Acesse o R7 Play e assista à programação da Record quando quiserEduardo Enomoto/R7
-
R7 — Como foi voltar para Os Travessos após ficar oito anos longe da banda?
Rodriguinho — Foi natural. Achamos que era hora, existia uma demanda e eu queria encontrar novamente o público da banda, que é bem diferente da carreira solo. Nos shows, eu tenho contato com aquelas admiradoras que seguiam a banda há 15 anos, mas hoje quase todas estão na faixa dos trinta anos, são casadas e têm filhosDivulgação
-
R7 — A banda toca bastante em baladas. Isso também reúne um povo mais novo, né?
Rodriguinho — Com certeza. E é diferente, porque esse perfil de público não sai de casa para ver shows, vai lá para namorar, ver e ser visto. No começo, eu achava estranho, mas estou me adaptandoDivulgação
-
R7 — Rolou algum tipo de ciúme do Filipe com sua volta?
Rodriguinho — Nada. A gente divide os vocais sem problema nenhum. Não tem essa cobrança de um querer aparecer mais do que o outro. Estamos bem mais maduros para lidar com tudo issoDivulgação
-
R7 — Por que você saiu da banda?
Rodriguinho — Fui tentar carreira solo. Estava cheio de ideias que não podia colocar em prática nos Travessos. Naquela época, era difícil dar alguma opinião. Quase tudo era decidido pelo empresário. Agora não, gravamos o que nos agrada e não temos que prestar contas a ninguémEduardo Enomoto/R7
-
R7 — Mas você teve problemas financeiros em carreira solo?
Rodriguinho — Alguns, mas nunca fiquei falido. Inclusive, uma vez a Globo quis fazer uma matéria mostrando o Alexandre Pires e o Belo como os pagodeiros que deram certo e eu, o Salgadinho e o Vavá como os que deram errado ao sair dos grupos de origem. Quando eu cheguei para gravar, já vi todo a matéria desenhada. E foi um absurdo, porque, uma semana antes, eles haviam me entrevistado para falar do sucesso de Fugidinha, gravada pelo Michel Teló. A música é uma composição minha e do Tiaguinho e foi uma das mais tocadas da épocaEduardo Enomoto/R7
-
R7 — É por isso que você não gosta de participar de programas de TV?
Rodriguinho — Também. Eu até marco, mas mudo de ideia em cima da hora e nem vou (risos). Não gosto. Quando estava mais gordo, fui no programa da Fátima Bernardes cantar e em determinado momento ela perguntou quando eu decidi emagrecer. Eu nunca decidi isso. Emagreci porque tenho diabetes. Fui obrigado. Mas não me incomodo com a minha forma física, não. Se não fosse a diabetes, eu estaria gordo aindaEduardo Enomoto/R7
-
R7 — Você se arrepende de alguma coisa gravada nos Travessos?
Rodriguinho — O Prateado e o Arnaldo Saccomani fizeram trabalhos sensacionais como produtores. Hoje, eu talvez não usasse aquelas roupas e as viseiras. Mas a gente era tipo um Backstreet Boys na época. Não tinha muito o que fazer em relação a issoDivulgação
-
R7 — Como é trabalhar com a mulher no estúdio?
Rodriguinho — A gente se conheceu assim, né? À época, ela estava casada, e eu também. Depois, quando ela foi trabalhar no meu estúdio, acabamos desistindo de nossos relacionamentos e nos envolvemos. Ela começou como cantora gospel. Hoje procura uma linha mais pop
Naná — Tenho a intenção de fazer um trabalho mais soul e pop mesmo. Tentei gravar funk tipo o da Anitta, mas não é a minha praiaEduardo Enomoto/R7
-
R7 — Seu filho, Gabriel, também é músico e já compôs para o Thiaguinho, né?
Rodriguinho — Sim, ele aprendeu muito morando nos Estados Unidos. Mandei ele para lá depois que começou a arranjar uns problemas aqui, querer dar carteirada nos amigos de escola só porque era meu filho. Lá ele aprendeu muito sobre música. Não é porque é meu filho, mas é muito talentosoEduardo Enomoto/R7
-
R7 — Você começou no Toca do Coelho, passou por Muleke Travesso, Travessos e teve carreira solo. Como enxerga a música atual após acumular tanta experiência?
Rodriguinho — Ah, tem muita coisa ruim em evidência, né? Seja no pagode, no sertanejo, no funk e no rock. Pra mim, os Mamonas Assassinas foram responsáveis por muita coisa ruim que foi produzida na música nacional nos últimos vinte anos. Enfim, cada um tem seu momento.
Naná — Eu discordo. Não vejo problema no Mamonas. Acho divertido. Mas a gente discorda em várias coisas. Ele gosta do Roberto Carlos, eu já acho que na Jovem Guarda tava cheio de gente mais talentosaEduardo Enomoto/R7
-
R7 — Essa discordância acontece também em estúdio?
Rodriguinho — Não. Lá a gente consegue chegar a um consenso. O resultado é o EP que ela lançou recentemente. A divergência fica em casaEduardo Enomoto/R7
-
R7 — Como é encontrar tempo para cuidar de cinco filhos?
Rodriguinho — Vou assumir que fui um pai ausente para os filhos mais velhos. Agora eu consigo dar mais atenção. Ter vindo morar aqui é até uma saída para isso. Hoje, moro com a Naná, a filha dela (Aretha), o Gabriel, e o Jaden, que é o nosso único filhoEduardo Enomoto/R7
-
R7 — A casa fica sempre cheia pelo jeito?
Rodriguinho — É. Além da família, comecei a fazer uns churrascos aqui, porque nunca tiver oportunidade de organizar festas quando morava em apartamento. Então sempre reúno o Thiaguinho, Netinho, Salgadinho aqui em casa... É um encontro do pagode 90Eduardo Enomoto/R7
-
R7 — Falando nisso, nunca pensou em criar um desses projetos de revival de pagode?
Rodriguinho — Eu, o Salgadinho e o Netinho até pensamos em fazer um lance para o teatro, com poucas datas. Mas não uma turnê, como essas que estão fazendo. Vamos ver o que vem por aíEduardo Enomoto/R7