Cinquentona, Shirley Manson mantém a presença de palco que a tornou musa do rock alternativa na década de 90
Denise MarsonShirley Manson era conhecida na segunda metade dos anos 90 como o grande símbolo sexual do rock alternativo. Dona de (para a época) exóticos cabelos cor de rosa e grande presença de palco, a vocalista do Garbage foi ouvida em hits como Push It e Only Happy When It Rains e se tornou objeto de admiração de homens e mulheres. Hoje cinquentona, ela continua hipnotizando o público com o seu carisma admirável, como o público brasileiro pôde ver no show da banda americana realizado neste sábado (10) em São Paulo.
Clique e veja galeria de fotos da apresentação
O palco da casa noturna Tropical Butantã, situado na zona oeste da capital paulista, mostrou claramente: os outros integrantes do Garbage — os guitarristas/tecladistas/produtores Duke Erikson e Steve Marker, mais o baixista Eric Avery (ex-Jane's Addiction) e Eric Gardner, substituto temporário de Butch Vig, famoso produtor e baterista original — criam uma massa sonora pesada e muito coesa, mas o show é mesmo de Shirley. Ela dança, balança os cabelos de um lado para o outro, deita-se no chão, faz poses...
A cantora escocesa também fala bastante com o público. Na maioria de suas falas, ela se derretia pelos brasileiros, caprichando nos elogios e nos agradecimentos. Até mostrou surpresa ao ver a empolgação da platéia com a música Special, um dos pontos altos da apresentação: "Eu não esperava por isso. Vocês são tão vivos... E na minha terra isto é um tremendo elogio", afirmou. Também falou bem da banda potiguar Far From Alaska, uma das grandes revelações da música nacional, que abriu o show e deixou ótima impressão com o seu rock eletrônico/grunge/noise.
O clima de empatia total entre Shirley e o público só ficou abalado quando ela foi atingida no rosto por uma peruca (!) enquanto cantava Vow. Fez uma careta e cantou a música até o fim — e boa parte da seguinte, Only Happy When It Rains — de costas para a platéia, com voz um pouco desanimada. Mas o desconforto durou pouco e não estragou o restante da performance.
O repertório do show contemplou apenas cinco músicas do mais recente disco do Garbage, Strange Little Birds, lançado neste ano. De resto, a banda tocou todas as suas músicas mais conhecidas, de Push It a Queer, passando por I Think I'm Paranoid, Stupid Girl e Cherry Lips (Go Baby Go!). No fim do show, além da sensação de ter visto uma excelente banda veterana, mas ainda com muito gás, outra surpresa agradável: a rapidez e facilidade com que o público saiu do Tropical Butantã, que tem portas de saída bem largas, e foi para o metrô Butantã, próximo à casa noturna. Em São Paulo, a terra do congestionamento e das filas, esta cena é rara!
REPERTÓRIO
Supervixen
I Think I'm Paranoid
Stupid Girl
Automatic Systematic Habit
Blood for Poppies
The Trick Is to Keep Breathing
Sex Is Not the Enemy
Blackout
Magnetized
Special
#1 Crush
Even Though Our Love Is Doomed
Why Do You Love Me
Night Drive Loneliness
Bleed Like Me
Shut Your Mouth
Vow
Only Happy When It Rains
Push It
BIS
Queer
Empty
Cherry Lips (Go Baby Go!)