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Livro é voltado a mulheres que não têm filhos

A psicóloga e escritora norte-americana Kate Kaufmann discute o que esperar quando você não está esperando - nem vai estar

Ligia Braslauskas Literatura|Do R7 e Ligia Braslauskas

O resultado tem ajudado a tornar visíveis outros modelos de vida e de família
O resultado tem ajudado a tornar visíveis outros modelos de vida e de família O resultado tem ajudado a tornar visíveis outros modelos de vida e de família

Há apenas algumas décadas, as mulheres sem filhos dividiam entre si apenas a culpa, os ressentimentos e o fato de serem menosprezadas e desvalorizadas. Hoje, no entanto, mais essa herança do patriarcado - a obrigatoriedade reprodutiva das mulheres - está caindo por terra. Elas, as que não tiveram e não terão filhos, são mais um grupo minoritário que ousa vir à tona, encorajadas por iniciativas como a da psicóloga norte-americana Kate Kaufmann, que teve que reconstruir sua própria identidade ao abandonar os caros, dolorosos e, no caso dela (e no de muitas outras mulheres também), infrutíferos tratamentos para engravidar: Kate passou a entrevistar mulheres nessa mesma condição, e outras que simplesmente optaram por não se tornarem mães, e a escrever e dar palestras sobre o tema.

O resultado tem ajudado a tornar visíveis outros modelos de vida e de família possíveis para as mulheres que, por séculos e séculos, foram julgadas pela sua capacidade procriativa e oprimidas pela falta dela. Toda essa discussão está no recém-lançado “Você Tem Filhos? - Como as Mulheres Vivem Quando a Resposta É Não”.

O livro é, antes de tudo, mais um apelo ao respeito à diversidade da experiência humana. Nele encontramos relatos pessoais e estatísticas que mostram que a vida de mulheres sem filhos está saindo das sombras e se apresentando como uma opção possível, principalmente quando as novas gerações se deparam com um início de século 21 que parece comprovar as mais pessimistas realidades futuristas da ficção científica: polarização e incapacidade de diálogo e de convivência crescentes, pandemia, degradação ambiental e da qualidade de vida, crise econômica e acirramento das desigualdades sociais.

“Você Tem Filhos?” aborda a evidência de que, por variados motivos, desde o final do século 20, temos assistido a uma verdadeira epidemia de infertilidade entre as mulheres ainda em idade reprodutiva e apresenta também a tendência de comportamento crescente de uma geração de mulheres que escolhem não serem mães. Segundo pesquisa mundial da Bayer, com apoio da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia e do Think about Needs in Contraception, 72% das mulheres no mundo não querem ter filhos. No Brasil, esse percentual já é de 37%.

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As pressões sociais e culturais que atrelam a ideia de feminilidade à maternidade estão no debate, assim como os tabus que, por muito tempo, rodearam essa circunstância ou escolha: antigamente elas eram as que ficaram para a titia, as “ocas”, as frígidas, as infelizes, talvez as homossexuais enrustidas, e mesmo hoje elas podem ser as que falharam, as coitadas-que fizeram-tratamentos-mas-não-conseguiram-engravidar, ou então as egoístas, as que só pensam em si. Kate coloca no centro do debate mulheres que não têm receio de mostrar que não nasceram para serem mães ou que podem viver muito bem, felizes e realizadas sem filhos.

A proposta da autora é orientar as mulheres que não tiveram ou não querem ter filhos, criando um livro franco, corajoso e acolhedor, que oferece uma “conversa entre amigas” que compartilham a mesma experiência. Todas as questões que recaem sobre aquelas que não procriam são tratadas sem filtros, inclusive o questionamento de como administrar o envelhecimento e os cuidados de saúde no fim da vida, se você não tem para quem delegar isso.

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“Você Tem Filhos? - Como as Mulheres Vivem Quando a Resposta É Não”

Tradução de Fernanda Mello

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272 páginas

R$ 34

Editora: LeYa Brasil

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