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Born in the USA, um dos maiores álbuns do rock, completa 36 anos

Sétimo disco de Bruce Springsteen foi o responsável por transformá-lo num sucesso global, além de ser um dos mais importantes do rock

Odair Braz Jr|Do R7

A famosa capa de Born in the USA
A famosa capa de Born in the USA A famosa capa de Born in the USA

Rock, letras engajadas, guitarras grandiosas, muita energia, baladas de amor e quilos de sinceridade dão uma ideia do que é Born in the USA, sétimo álbum da carreira de Bruce Springsteen e que completou 36 anos neste dia 4 de junho. Não é uma data redonda, como a gente gosta para celebrar algo, mas nunca é demais falar (ou escrever) sobre um disco dessa importância.

Nessa quase metade de anos 80, Springsteen tinha 35 anos e era um roqueiro com bom tempo de estrada. Lançava discos desde 1973 e seus seis primeiros trabalhos são ótimos e têm todos os elementos que definem a obra do roqueiro: muitas músicas longas, letras quilométricas e assuntos como amor, trabalho duro, a dificuldade de ser pobre na américa, o espírito americano, carros na estrada, entre outros temas. Com todos esses elementos em suas canções, Bruce era frequentemente comparado a Bob Dylan e, em muitos sentidos, era parecido mesmo. Mas o roqueiro mais jovem também tinha sua originalidade sempre presente, o que não permitia que ele fosse reduzido a uma cópia de Dylan.

Apesar de ser sempre elogiado pela crítica e de já ter um bom número de fãs, Bruce raramente frequentava o topo das paradas e seus discos não vendiam milhões de cópias como acontecia com outros artistas. Assim, ele tinha alguns sucessos, mas não dá para dizer que era um sujeito superconhecido no país inteiro. Muito menos no mundo. Até 1984, Springsteen havia feito pouquíssimos shows fora dos Estados Unidos.

Bruce em outra imagem feita no ensaio para a capa do disco
Bruce em outra imagem feita no ensaio para a capa do disco Bruce em outra imagem feita no ensaio para a capa do disco

A história de uma parte das músicas de Born in the USA começou dois anos antes, em 1982, quando o roqueiro entrou em estúdio nos primeiros meses daquele ano para gravar faixas para o álbum Nebraska, lançado em setembro de 82. Este sexto disco é totalmente acústico e com Bruce tocando praticamente todos os poucos instrumentos. Mas houve também uma tentativa de gravar as mesmas canções com banda, no caso, a E. Street Band, que é o grupo que acompanha Springsteen desde o início e que continua com ele até hoje (com exceção de alguns discos). Bruce e a E. Street regravaram as canções acústicas que saíram no Nebraska, mas como elas eram muito pessoais e intimistas acabaram não funcionando bem com todos os instrumentos. Assim, Nebraska saiu com as faixas apenas com Bruce nos violões, gaitas e alguns outros poucos instrumentos.

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Mas quando o cantor entrou em estúdio com a E. Street para fazer as regravações, acabaram também saindo novas canções que foram guardadas por não combinarem com as que já estavam prontas. Assim, surgiram faixas como "Born in the USA", "Downbound Train", "Cover Me", "Darlington County", "Glory Days", "I’m Going Down" e "Working on the Highway". Todas saíram em 1984, em Born in the USA. Que ainda teve os acréscimos de "Bobby Jean", "No Surrender", "My Hometown" e "Dancing in the Dark". Estas três primeiras foram gravadas em 1983 e apenas "Dancing in the Dark" foi composta em 1984. Aliás, essa é a música de Springsteen que chegou mais alto na parada americana em todos os tempos, atingindo o segundo lugar. "Streets of Philadelphia" também fez a mesma coisa anos mais tarde.

SENTIMENTOS MISTURADOS

Lançado em 4 de junho de 1984, Born in the USA é o álbum de maior vendagem da carreira de Bruce. Atingiu a marca de impressionantes 30 milhões de cópias vendidas no mundo todo e teve sete singles no top 10 da parada americana.

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O disco tem todos os ingredientes que Springsteen mostrou em seus discos anteriores, mas dá para dizer que ele foi melhor lapidado do que os outros. Não tem nenhuma música extremamente longa (como várias outras do passado), tem dois grandes singles ("Born in the USA" e "Dancing in the Dark") e muitas faixas tinham um claro apelo radiofônico para a época. Isso, aliado a uma mudança na imagem de Springsteen, colocando-o quase que como um símbolo americano, um ídolo quase que tardio da juventude. Mais do que isso, a música que dá nome ao álbum personificou um certo ufanismo dos americanos, que estavam empolgados com o forte crescimento do país e com a hegemonia mundial. O engraçado é que a faixa "Born in the USA" foi assimilada de maneira errada, porque ela era (é) uma crítica ao american way of life, mas muita gente a usava erroneamente como um símbolo patriótico.

Mais uma imagem feita para o álbum
Mais uma imagem feita para o álbum Mais uma imagem feita para o álbum

Como dito lá em cima, o disco Born in the USA encaixou e fez girar todas as engrenagens para o sucesso de Springsteen, coisa que ainda não havia acontecido em sua carreira. Pelo menos não como aconteceu aqui. Com canções mais agradáveis às FMs e que também receberam apoio da MTV, canal muito forte na época, o roqueiro nadou de braçada rumo ao topo das mais tocadas. O rock também vivia um bom momento e era o estilo hegemônico naquele momento, com dezenas de outras bandas fazendo sucesso. Quer dizer, o sétimo álbum de Springsteen saiu na hora exata.

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Além da faixa-título, outras canções fizeram muito sucesso, como "Dancing in the Dark" (cujo vídeo deu notoriedade à atriz Courteney Cox, que mais tarde viraria uma das protagonistas de Friends), "I’m on Fire", "Downbound Train", "Glory Days", "I’m Going Down", "My Hometown" e "Cover Me".

O álbum também tem um apelo pop muito mais forte do que seus antecessores. É mais dançável, mais assobiável e tem alguns refrões que realmente ficam na cabeça. Nessa busca pop, a capa também tem seu apelo e chamou a atenção da mídia ao mostrar o músico de costas, numa imagem bem inusitada para um disco dele. Aliás, a foto dessa capa é de Annie Leibovitz, uma fotógrafa muito famosa e que ficou conhecida por ser a responsável por esta imagem específica. Imagem que virou um ícone da cultura pop.

Uma coisa interessante sobre este disco é que o próprio Bruce Springsteen tem uns sentimentos meio estranhos por ele. O cantor reconhece que o álbum tem uma importância imensa em sua carreira e que foi o responsável por torná-lo esse artista que hoje é praticamente uma lenda da música americana. Ele afirmou em entrevistas que as canções aqui fizeram com que ele tivesse de mudar a maneira como mostrava sua música para o mundo e isso o incomodou um pouco. Isso tanto é verdade que Springsteen não se interessou em lançar um oitavo disco no mesmo estilo, tentando manter o mesmo nível de sucesso e de composição. Tunnel of Love, que saiu em 1987, foi totalmente diferente: sem a E Street Band e muito mais introspectivo. Foi, num certo sentido, uma decepção para parte dos fãs conquistados com o sétimo trabalho.

Seja como for, com ele gostando ou não, este disco que chega agora aos 36 anos, é um clássico do rock e abriu o caminho para Bruce Springsteen se transformar numa verdadeira lenda viva da música. E que continua até hoje lançando grandes álbuns, como Western Stars, seu mais recente que saiu em dezembro de 2019. Vá ouvir esse e também ao Born in the USA. Seus ouvidos merecem.

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