Todas as décadas têm algumas músicas que as definem e Physical, com Olivia Newton-John, se tornou uma marca indelével dos anos 80. A atriz e também cantora, que morreu nesta segunda-feira (9), conseguiu se reinventar com esta canção, que foi seu maior sucesso nas rádios do mundo todo.
Olivia ficou marcada por sua atuação em Grease: Nos Tempos da Brilhantina, filme de 1978 que foi um megassucesso cinematográfico e a transformou em estrela mundial da noite para o dia, ao lado de John Travolta. Ninguém conseguia mais ver a atriz de uma maneira diferente daquela. Mas aí ela gravou Physical, lançada em 1981, e tudo mudou.
Escrita por Terry Shaddick e Steve Kipner, a ideia original é que fosse gravada por Rod Stewart, mas o fato é que Physical foi oferecida a Tina Turner, que não quis gravá-la por considerá-la muito ousada. Kipner havia também enviado uma fita demo com a canção para Olivia, de quem era grande amigo já na época.
“Ouvi a música e pensei ‘uau, é uma grande canção’. Não percebi mesmo sobre o que era”, disse em entrevista à Fox News em 2021 por conta dos 40 anos de Physical. Também no ano passado, Olivia falou com o jornal El País e confirmou que gostou da faixa e decidiu gravá-la: “Me enfiei num estúdio em Los Angeles com meu produtor John Farrar. Adorei o que fizemos, mas depois tive um ataque de pânico. Era uma canção crua e ousada. Talvez fosse picante demais?”, questionou.
Picante ou não, Physical se tornou um mega-hit assim que chegou às rádios dos Estados Unidos. Preocupada com a reação inicial das pessoas, Olivia ligou para seu empresário Roger Davies e, desesperada, disse “precisamos tirá-la da rádio. Acho que fui longe demais”, contou ela à rádio ABC. A resposta de Davies foi: “Tarde demais, querida. Está subindo nas paradas”.
A canção realmente saiu do controle e chegou até a ser banida de algumas rádios de perfil mais conservador, mas realmente era impossível voltar atrás àquela altura. Physical disparou feito um foguete nas paradas e ficou no topo do Hot 100 da revista Billboard durante dez semanas seguidas.
MAS É EXPLÍCITA MESMO?
Talvez Physical até fosse um pouquinho ousada para aquele início da década de 80, mas também há certo exagero nisso tudo. Não há nada ali que seja causador de um escândalo ou coisa do tipo. Ouvida hoje, a música não tem absolutamente nada de pesado e é até engraçada. Veja este trecho da letra: “Estou falando coisas que sei que você gosta / Só conversando / Tenho que lidar direito com você / Você sabe o que quero dizer / Te levei para um restaurante / Depois para um filme sugestivo / Não tem mais nada a se falar / Só que é na horizontal”. E para meio que por aí mesmo.
Veja o clipe de Physical:
Como não dava para "deslançar" a canção, Olivia e seu empresário decidiram fazer um videoclipe bem-humorado e usaram uma academia de ginástica como cenário. Isso, teoricamente, tornaria Physical menos explícita e o “físico” da letra deixaria de ter uma conotação sexual, passando a ser mais associado a exercícios. Pelo menos foi essa a intenção. Boa parte do resto do mundo que não falava inglês nem se ligou muito na “ousadia” da música e pegou a canção para malhar na academia, onde virou também um hit. O curioso é que, se lançado hoje, esse clipe não chamaria atenção por causa da letra da música, mas sim por ser altamente gordofóbico, já que tem vários gordinhos sendo meio ridicularizados nas imagens. Mas isso é outra história.
O resultado é que, com esse single, Olivia Newton-John se reinventou, lançou moda com o visual do clipe, popularizou o corte de cabelo curtinho, a bandana e ficou alguns milhões de dólares mais rica. Está de muito bom tamanho, né?!