Wolverine e os X-Men em foto do filme que completa 20 anos
DivulgaçãoNem parece, mas já faz duas décadas que convivemos com os mutantes no cinema. Pois é, X-Men: O Filme foi lançado neste 14 de julho de 2000 e mudou a visão que as pessoas tinham sobre as adaptações dos personagens de HQs para as telas.
Nos anos 80 e 90 foram lançados vários filmes e séries de super-heróis. Quer ver? Aço (1997), Spawn (1997), três longas do Superman (o primeiro saiu em 1978), O Sombra (1994), O Fantasma (1996), Nick Fury (1998, com David Hasselhoff!), além de seriados como o do Flash, Lois & Clark, entre outros. Bem, olhando essa lista rápida aí você pode notar facilmente que personagens vindos das HQs não eram tratados exatamente com respeito e nem um mínimo de boa vontade. Era aquela coisa na linha “beleza, vamos tentar ganhar uma grana com esses mascarados infantiloides aí”. Isso no geral, claro que há exceções. Raras, mas há, como os longas do Blade, o Caçador de Vampiros da Marvel.
Com esse tratamento, qualquer adaptação de HQ para as telas já era automaticamente olhada com rabo de olho, com desconfiança e com a certeza quase absoluta de que uma bobajada estava a caminho. Mas isso mudou quando X-Men: O Filme chegou aos cinemas.
O longa fazia parte de um projeto maior, que era o da Marvel entrar de vez no mercado de cinema. Kevin Feige, chefão atual do estúdio de arrecada bilhões como produções do quilate de Vingadores Ultimato, era um produtor associado neste primeiro X-Men. Quer dizer, já havia uma intenção diferente com os mutantes. Um desejo de montar um projeto e levar adiante. E isso fazia com que os mutantes tivessem de dar certo.
Assista a um trailer do filme:
Para que as coisas andassem do jeito que deveriam, o longa dos mutantes foi tratado de uma outra maneira, diferente daquela com que os heróis das HQs vinham sendo usados até então. O diretor escolhido foi Bryan Singer, que não tinha nada a ver com este universo de quadrinhos e que já vinha sendo considerado como um bom diretor. Ele havia comandado, por exemplo, o ótimo Os Suspeitos.
Para o elenco, nada de medalhões para os papéis principais. Pelo contrário, quanto mais desconhecidos, melhor. Mas dois atores bons e reconhecidos foram chamados: Ian McKellen e Patrick Stewart, que serviram como âncoras para os jovens atores que surgiam ali. E como surgiu gente boa, hein? O maior de todos os destaques, obviamente, foi Hugh Jackman, um australiano totalmente desconhecido em Hollywood e que brindou os fãs com a melhor representação possível do Wolverine. Tanto é que até hoje ninguém consegue conceber muito bem a ideia de que ele não irá mais interpretar o mutante, já que é difícil imaginar outra pessoa no papel.
A concepção de X-Men: O Filme também foi feita de maneira diferente e um dos responsáveis por isso foi Tom DeSanto, responsável pela história do longa e que ajudou a convencer os executivos da Fox a apostar nos personagens. E, convenhamos, não era uma tarefa muito fácil mostrar para engravatados que poderia dar certo um longa com heróis mutantes que tem um integrante que se regenera e tem garras, outra que consegue controlar o clima, uma outra que suga as capacidades de alguém com um beijo e um vilão que controla os metais.
Após convencer os executivos do estúdio, os produtores do filme tiveram de trabalhar de uma maneira diferente com os personagens. A ideia, desde o início, era fazer algo com vida própria e que não fosse apenas uma mera transposição das páginas dos quadrinhos para o cinema. Enfim, o negócio era fazer o longa parar em pé, sozinho.
Hugh Jackman fez um Wolverine perfeito (talvez só um pouco mais alto)
DivulgaçãoPara isso, a maneira encontrada foi a de mostrar os mutantes agindo num mundo quase real, bem próximo do nosso. Assim, nada de uniformes supercoloridos, nada de frases de efeito, ausência total daquele estilão de super-herói salvador do mundo, além de tentar se manter o mais longe possível dos clichês do gênero. A partir disso a gente viu o crescimento na história de temas de fundo racial, a colocada do preconceito humano no tema central e heróis mais profundos, colocando sempre em perspectiva a existência de seus poderes. Além disso, sumiram os uniformes agarrados e de cores berrantes e entraram em cena as roupas de couro pretas.
Com esse novo olhar para uma adaptação de HQ para as telas, X-Men: O Filme deu muito certo. Ele tinha de ser barato e custou US$ 75 milhões para ser produzido. Arrecadou US$ 296 milhões no mundo e gerou uma série de outros longas que saíram nos anos seguintes. Uns melhores, outros piores, mas que colocaram os mutantes no mapa cinematográfico mundial.
Os X-Men tiveram doze filmes lançados, considerando aí os dois do Deadpool. Após um início muito bom com os dois primeiros longas e ainda com o surgimento de X-Men: Primeira Classe e X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, a coisa deu uma degringolada. As últimas produções, todas sob a tutela da Fox, não conseguiram manter o nível. X-Men: Apocalipse (2016) é risível e Fênix Negra (2019) é fraquíssimo. Ainda há o inédito Os Novos Mutantes, que também foi feito pela Fox, é o último pelo estúdio e teve seu lançamento adiado por causa da pandemia.
X-Men e suas roupas de couro preto
DivulgaçãoCom a Disney, que comprou a Marvel, a vida dos mutantes no cinema deve mudar radicalmente. É que agora eles serão integrados ao universo dos demais heróis da editora, como Homem-Aranha, Vingadores, Hulk, Pantera Negra etc. Isso nunca aconteceu, uma vez que os X-Men foram licenciados no cinema para a Fox. Acontece que a Disney também comprou este estúdio e assim colocou tudo sob o mesmo guarda-chuva. Assim, os filmes produzidos até agora ficarão no passado e os mutantes deverão ter uma nova origem com outros atores e totalmente integrados aos demais superseres da casa.
Como você vê, vinte anos depois, os mutantes da Marvel continuarão firmes nos brindando com aventuras, mas de um outro jeito. E isso é resultado do que foi feito em 2000 que, se não deu inteiramente certo ao longo dos anos, foi bom o suficiente para que nunca os esqueçamos.
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