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Aos 24 e formada em moda, a designer Michele Simões mudou-se
do Paraná para São Paulo a fim de juntar dinheiro para viajar. Seu sonho era bancar um intercâmbio.
Após dois meses na cidade, ao voltar de um festa com amigos, ela sofreu um grave acidente. No capotamento, a coluna de Michele se
quebrou, o que a deixou paraplégica. A vida se transformava.
Hoje ela está com 31 anos e cheia da planos de viagens. Conheça a história e as aventuras
Andrea Miramontes, do R7
Arquivo Pessoal
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Apesar das mudanças, a vontade de conhecer o mundo permaneceu. A designer seguiu seus instintos. Corajosa, viajou sozinha, morou fora do País, fez windsurfe, caiaque e até passou perrengue ao cair em um trem nos EUA.
Michele mantém os sonhos sem limitar-se. Ela faz melhor, a bela se adapta.
Para contar suas aventuras e servir de exemplo a outros portadores de necessidades especiais, ela criou o blog Guia do Viajante Cadeirante, no qual dá dicas
preciosas de como se divertir, apesar das
dificuldades
Arquivo pessoal
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Logo que se adaptou à cadeira de rodas, Michele tratou de reorganizar seu sonho, o intercâmbio. Estudou os roteiros e optou por Boston, nos EUA.
— Tudo lá é adaptado e vivemos normalmente, pegamos transporte público e melhor de tudo: ninguém te trata como coitadinho
Arquivo pessoal
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Para viajar, a designer teve o apoio total do namoradão, o advogado Thiago
Gallati. A história dos dois também é inspiradora
Arquivo pessoal
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Michele conheceu Gallati pouco antes do acidente, saíram, conheceram-se mas se afastaram. Depois do acidente, o advogado foi visitá-la no hospital. Lá, voltaram a se entender.
Aprenderam muito juntos, somaram os sonhos de viagens e namoram até hoje
Arquivo pessoal
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Thiago Gallati passou parte do tempo do intercâmbio em
Boston com Michele. Os dois chegaram a alugar um carro dentro do país com mais
amigos para fazer viagens de turma.
Na foto, os dois
curtem a Filadélfia com amigos de outras nacionalidades
Arquivo pessoal
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No blog Guia do Viajante Cadeirante, Michele dá dicas práticas de como resolveu
determinadas questões que incomodam o portador de necessidades especiais, como colocar uma sonda
intermitente durante o voo.
— É uma questão complicada. Achei uma sonda que me permite
ficar as horas de voo sem incomodar. Também é importante usar meia
elástica para ajudar na circulação.
Ela aconselha ao portador de necessidades especiais conversar com a companhia aérea para
conseguir um lugar no avião com mais espaço
Na volta, a moça passou aperto ao ser colocada em um espaço
daqueles minúsculos. Mas reclamou e foi trocada de lugar
arquivo pessoal
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Corajosa, a bela viajou a Nova York de trem, sozinha e
passou o maior perrengue.
— Quando fui entrar na rampa do trem, pedi ajuda. Achei que tinha alguém comigo,
inclinei a cadeira e cai para trás. Esse é o pior terror do cadeirante: cair.
Depois que entrou no vagão, ela riu de si.
— Até foi bom. Tudo é experiência e você se fortalece
Arquivo pessoal
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Ao contrário de Boston, em Nova York a vida não foi muito
fácil como cadeirante,
— Não achei o povo receptivo. E nem tudo lá é adaptado. Não
aconselho ao cadeirante que não está acostumado a viajar a ir para lá direto e
sozinho
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Além de museus e programas culturais em Boston, ela aproveitou também para praticar esportes
Arquivo pessoal
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Canoismo foi uma das modalidades escolhida por Michele para praticar nos nos EUA. Ela também fez windsurfe e handbike
Arquivo pessoal
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Você nunca se arriscou na água? Ela sim. A viajante aproveitou para aprender windsurfe em um programa do Spaulding
Hospital, em Boston.
— O maior medo é cair na água, mas você está com equipamento, com todo apoio e sei nadar. Foi fantástico
Arquivo pessoal
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Esporte que exige um certo preparo físico, o handbike foi outra modalidade testada pela turista. Trata-se de uma bicicleta em que a pedalada é feita com as mãos
Arquivo pessoal
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Além dos EUA, Michele também esteve na Argentina, mas não aconselha a experiência a nenhum cadeirante
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Michele reclama dos hermanos e da falta de estrutura para receber o portador de cadeira de rodas
— Buenos Aires não é uma
cidade adaptada. Se tivesse ido sozinha ficaria presa no hotel. As calçadas são
irregulares, e nem todos os locais têm acesso.
Entre todos os passeios, teve um que foi pior
Arquivo pessoal
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Michele arriscou-se no
Caminito. Mas a rua é um obstáculo ao cadeirante.
— As pedras são inviáveis. Quando você vai a agência de
viagens todo mundo vende a ideia de que tudo é lindo. Mas não aconselho
Arquivo pessoal
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Trilhas na natureza, como as de Fernando de Noronha, também estão nos planos de Michele
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Mas próximo passo agora é fazer mergulho adaptado. Na pesquisa, a estilista chegou a Parati, no RJ
— Os problemas são barcos e decks. Você precisa de instrutor com credencial especifica para deficiente e pouquíssimos lugares têm essa credencial, Parati é bom, mas precisa definir como eu consigo entrar no barco
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