Depois de temporada de sucesso, O Deus de Spinoza reestreia em São Paulo.
Montagem mostra a vida e a essência do pensamento do filósofo holandês que foi condenado em 1656 por não seguir os ensinamentos e contestar...
Cartão de Visita|Do R7
Montagem mostra a vida e a essência do pensamento do filósofo holandês que foi condenado em 1656 por não seguir os ensinamentos e contestar a doutrina religiosa judaica, ao propor uma nova visão de mundo, da natureza e de Deus
O espetáculo O Deus de Spinoza reestreia no dia 04 de Março, no Teatro Itália Bandeirantes, com direção de Luiz Amorim, texto de Régis de Oliveira e direção musical de Marcus Veríssimo. Além de Amorim, estão no elenco Bruno Perillo, Juliano Dip (estreando nesta temporada) , David Kullock e Roberto Borestein.
Vivemos num mundo conturbado e cheio de emoções. O momento pelo qual passamos necessita de reflexão, entendimento e clareza. A filosofia de Spinoza nos traz uma luz nestes tempos.
O jurista Régis de Oliveira, além de desembargador renomado, pessoa pública de notório saber, é também romancista e autor de vários livros. Dedicado ao estudo da Filosofia, ele agora se engendra pelo mundo da dramaturgia, trazendo-nos este texto sobre a vida de Spinoza.
Valorizando o pensamento e a visão de mundo do filósofo, a peça busca resgatar a nossa relação com a natureza. Spinoza foi acusado, julgado e condenado pela instituição religiosa mais poderosa da Holanda do Século XVII. Objeto de discussão em muitos pilares da educação, Spinoza continuou renegado. Hoje seu pensamento foi resgatado e é motivo de muitos estudos no mundo inteiro.
Sua ampla e densa obra trata da relação do ser humano com Deus e com a Natureza. Trata dos afetos, do direito natural, da essência humana. O espetáculo mostra Baruch de Spinoza logo depois de expor o seu pensamento, considerado herético, e a sua relação com os Rabinos mais importantes da comunidade judaica. A peça mostra ainda os seus delírios e sua clareza de pensamento, que são muito importantes nos dias de hoje.
A ação se passa na Holanda em seu período mais rico, comercial e cultural: o Século de Ouro dos Países Baixos. Ali estava Grócio, um dos pais do direito público. Descartes escolheu a Holanda como pátria espiritual. Rembrandt e Vermeer despontavam na pintura. O país fervilhava intelectual e economicamente.
Aqui encontramos Baruch de Spinoza e vemos a sua relação de amizade com o editor de seus livros, Jan Rieuwertsz, que acompanhou o amigo até seus momentos finais.
A dramaturgia de Régis de Oliveira nos traz muito da essência do pensamento de Spinoza. Régis há anos se dedica ao estudo de filosofia, e traz em sua primeira peça um recorte da vida de Spinoza, desde sua condenação - o herem, em 1656 - até a sua morte, em 1677.
“Através do pensamento de Spinoza, podemos reconhecer muitos comportamentos de nossa sociedade atual, com suas superstições, crenças ou mistérios. E podemos notar como os donos do poder sabem manipular as multidões através do medo e da imposição do sistema”, conta Régis.
“Eu sempre me dediquei ao pensamento e à reflexão. E já há anos tenho professores particulares ou consultores, especialmente para a Filosofia. Para escrever esta obra, contei muito com a assessoria do Professor Maurício Marsola, que me conduziu na interpretação de Spinoza”, diz nosso autor.
E segue: “Também tive assessoria para o estudo da filosofia e da doutrina judaica, tão importantes para entender a condenação de Spinoza, contextualizá-la e também para contar essa história. Spinoza é um dos mais notáveis filósofos de todos os tempos. Essa peça não é um estudo biográfico nem de análise de sua obra. Trata-se de localizar o autor em seu tempo, imaginar os confrontos que teve por força de sua crença religiosa em face de outra”.
“Spinoza balançou o mundo e o pensamento moderno. A montagem trata os personagens com humanidade, com seus erros e acertos e principalmente com as suas convicções. Busca trazer o pensamento de Spinoza de forma acessível, para que, como diz Spinoza, afete, ou seja, toque de alguma maneira o público. São as afecções. Toda obra pode ser boa ou ruim, depende de como ela toca o público”.
Sobre a equipe
“O objetivo foi trazer este texto, que é tão profundo e intenso, de forma real, com seus personagens de fato defendendo o que acreditam. Assim a peça é dinâmica, ágil e perspicaz. Contamos esta história cercados de grandes talentos. Temos no elenco o ator David Kullock, do setor artístico do Clube A Hebraica, que também é Hazam (aquele que conduz o serviço das orações de forma cantada na Sinagogas). Os figurinos são de João Pimenta, um dos maiores nomes da moda, porém dedicado ao estudo dos costumes históricos, e que tem em seu trabalho práticas como sustentabilidade e economia circular”, diz o diretor Luiz Amorim.
Para esta temporada juntou-se à equipe o jornalista Juliano Dip, ex CQC, que também é ator. Ele que é âncora do Jornal Manhã Band News e é repórter do Jornal da Band, tem outros programas jornalísticos, como o Podcast #todagente, e já esteve no teatro ao lado de Paulo Goulart Filho, Jairo Mattos, Maria Eugênia de Domênico, Kiko Jaess, entre outros.
“César Pivetti é um iluminador sensível ao teatro de palavra, e que busca sempre valorizar o pensamento nas encenações. A direção musical de Marcus Veríssimo pontua e ilustra o espetáculo, e transporta o público em uma viagem pelo pensamento spinoziano. Para a trilha, que é executada ao vivo, contamos também com a pesquisa, composições e arranjos dos talentosíssimos Gabriel Ferrara e Margot Lohn, ela que é especialista em música ladina e tradições sefarditas”.
“Evas Carretero tem se destacado como cenógrafo, além de multiartista que é. Seus mais recentes trabalhos são com a Cia da Revista e com o projeto Take Único”. E Luiz Amorim, além de ator, dublador e locutor, é gestor cultural, e traz ao projeto toda a sua experiência artística. A direção é dinâmica, arrojada e valoriza as intenções e a interpretação dos atores.
Diz o diretor Luiz Amorim: “Buscamos trazer o pensamento de Spinoza para nosso tempo de agora, o momento em que vivemos com tantas contradições. É como se Baruch Spinoza questionasse as pessoas que estão vendo o espetáculo naquele momento. Que somos todos nós que estamos na plateia. Somos testemunhas da elaboração de seus pensamentos. Presenciamos o filósofo nos momentos em que ele prepara o seu livro “Ética”. O espetáculo traz uma reflexão sobre a ética e nossos comportamentos.”
Segundo Maurício Marsola, Professor de Filosofia na Universidade Federal de São Paulo,“...o ser humano é um modo da substância que possui uma faculdade capaz de conhecimento do mundo, a razão e as paixões, forças em nós que devem ser conhecidas e diante das quais é preciso ter serenidade”. Diz ainda o professor da Unifesp: “É preciso, portanto, segundo uma famosa afirmação de Spinoza, ‘não rir ou chorar, alegrar-se ou entristecer-se, mas entender.”
Sobre a encenação, por Luiz Amorim
O texto parte de um estudo de filosofia. Traz à cena a história do filósofo, sua condenação, mas também a essência do seu pensamento. Buscando a agilidade para os diálogos, a movimentação dinâmica nas cenas e muita musicalidade. A valorização do texto traz à luz o brilhante pensamento deste que foi considerado profano, herege e traidor, e hoje considerado um dos mais importantes filósofos da história.
As cenas foram separadas de modo que a ação decorrente do fato (a condenação) trouxesse questionamentos para os próprios personagens.
A narração surgiu do processo da encenação, dividindo o personagem do amigo e editor de Spinoza (Jan Rieuwertsz) e trazendo-o como narrador. Ele também é o elo do tempo. Aquele que nos diz que Spinoza não morreu porque seu pensamento incomoda até os dias de hoje.
O corpo, o gesto, o olhar. Estes são os instrumentos usados cenicamente. Tudo nos atores conduz para o pensamento de Baruch, suas indagações, suas reflexões, sua indignação com o que que já está dito. A estes se juntam os instrumentos musicais (violão, guitarra, baixo, violino, sopro e vozes) que tratam o espetáculo como uma oração que tem uma partitura definida.
As Organizações Band, que nos anos 70 trouxe o icônico Teatro Bandeirantes, palco de tantos acontecimentos artísticos, retoma agora as suas atividades cênicas, presenteando a cidade com a recuperação do Teatro Itália, que passa a se chamar Teatro Itália Bandeirantes.
Sinopse
Amsterdã, ano de 1677. O país fervilha culturalmente. Ali um livre pensador questiona as doutrinas e dogmas religiosos e políticos. Baruch de Spinoza é chamado a arrepender-se, mas não abre mão de seu pensamento. Assim passa pelo Herem, a condenação judaica, equivalente à excomunhão, e vai viver no exílio da sua comunidade. Tem o apoio de seu amigo Jan Rieuwertsz, com quem pode desabafar e contar de seus planos futuros. Um convite à reflexão e à liberdade de pensamento. O espetáculo é pontuado por músicas ladinas do século XVII.
FICHA TÉCNICA
Texto: Régis de Oliveira
Direção e Adaptação: Luiz Amorim
Direção Musical: Marcus Veríssimo
Elenco: Bruno Perillo, Juliano Dip, David Kullock, Luiz Amorim, Roberto Borenstein
Musicistas: Marcus Veríssimo, Margot Lohn e Giovani Ganzá.
Desenho de Luz: César Pivetti
Figurinos: João Pimenta
Cenografia: Evas Carretero
Visagismo: Beto Franca
Registro Imagens: V Filmes
Ilustração: Hidreley Dião
Designer Gráfico: Luciano Alves
Técnico e operador de luz: Rodrigo Pivetti
Camareira: Alana Carvalho
Contrarregragem: Magnus Odilon
Produção Executiva: MV Produções
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Mídia Social: Priscilla Dieminger
Realização: Régis de Oliveira
Serviço:
O DEUS DE SPINOZA
Estreia dia 04 de março de 2023, 21h.
Temporada até 30 de abril. Sábados às 21h e domingos às 20h.
Local: Teatro Itália Bandeirantes
Endereço: Av. Ipiranga, 344 - Edifício Itália - República - São Paulo - SP
Duração: 80 minutos.
Classificação: 12 anos.
Capacidade: 290 lugares.
Ingressos: R$80 (inteira); R$40 (meia-entrada – estudantes, idosos, PCD e seus acompanhantes).
Vendas pelo site:
teatroitaliabandeirantes.com.br/detalhe/o-deus-de-spinoza
Instagram: @odeusdespinoza