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Estreia nesta quinta-feira (20) o tão aguardado Adão Negro, filme protagonizado por Dwayne Johnson, o The Rock. Queridinho do público, o astro de Hollywood retorna às telonas como o poderoso personagem da DC Comics e entrega, como sempre, uma tonelada de carisma, muitos músculos e pancadaria. Será que isso é suficiente para tornar o filme um sucesso? Veja a avaliação a seguir
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Direto ao ponto
Histórias de origem costumam tentar equilibrar a sequência de fatos que vão levar o personagem principal a se tornar quem ele é sem perder o ritmo, para que o público continue sempre conectado e se interesse de fato por aquela nova figura apresentada. Adão Negro consegue fazer isso de maneira muito simples: sem enrolação. O diretor Jaume Collet-Serra, de filmes como A Casa de Cera, Sem Escalas, Águas Rasas e Jungle Cruise, outra parceria com The Rock, consegue estabelecer uma narrativa desenfreada, deixando o espectador sempre à espera do que virá a seguir. Ainda assim, ele insere bons momentos de respiro para que o carisma do elenco se revele também em diálogos e diferentes interações, sem ser apenas com ótimas trocas de socos -
Porrada do começo ao fim
Para que o ritmo quase nunca se quebre, a produção aposta, é claro, em muita pancadaria. Seja com Adão Negro, com a Sociedade da Justiça, com os heróis sem superpoderes da nação de Kahndaq, com os vilões... A ação está o tempo todo acontecendo. A história enxuta, contada de maneira bem dosada ao longo do filme, ajuda para que as cenas de luta façam sentido. Visualmente, as batalhas também agradam -
A escalação perfeita
Dwayne Johson é realmente o ponto central de Adão Negro. Completamente à vontade no papel, o astro se esbalda em cena, fazendo uma ótima mistura entre o lado "duro" e até arrogante do personagem com a parte bem-humorada que o roteiro acrescenta em diversas cenas. Johnson, que por anos lutou para fazer o personagem ganhar vida nas telonas, parece guiar a superprodução com sua energia. Por isso é difícil pensar em qualquer outro nome que pudesse estar neste papel -
Humor funciona
Enquanto muitos filmes-pipoca exageram no número de piadas para ajudar a aliviar qualquer situação mais "pesada" criada na trama, Adão Negro consegue dosar o uso do humor. É claro que alguma brincadeira vai parecer fora de hora, mas no geral as sacadas funcionam e conseguem arrancar risadas sinceras da plateia. Personagens como o Karim, interpretado por Mohammed Amer, ou o Al, o Esmaga-Átomo, vivido por Noah Centineo, se destacam no humor, mas sobra espaço até para o sisudo personagem de Dwayne Johnson fazer rir em alguns momentos certeiros -
Visuais equilibrados
Muito criticada pelos efeitos de outros filmes, especialmente em cenas de batalha, a DC parece ter achado um equilíbrio em Adão Negro. Algumas marcas da direção de Zack Snyder reaparecem aqui, mesmo que o diretor não esteja envolvido com este projeto. O cineasta que já trabalhou com a DC em filmes como O Homem de Aço, Batman vs Superman e a versão de quatro horas de Liga da Justiça é conhecido por adorar, por exemplo, lutas em câmera lenta. Tais momentos acontecem nesta nova produção, mas de maneira um pouco mais contida.
Outro ponto criticado na DC é a dificuldade de identificar o que está acontecendo em cenas mais ágeis, pela bagunça de efeitos ou pelos tons muito escuros da fotografia. Isso também é suavizado e equilibrado no filme do diretor Jaume Collet-Serra, mas é importante que a DC continue construindo nos cinemas uma identidade a parte daquela ligada a Snyder, para que a repetição não fique cansativa -
Cavalaria de luxo
Adão Negro conta com a presença da Sociedade da Justiça, equipe com quatro nomes poderosos que se juntam para defender o mundo da ameaça que se apresenta com a chegada do poderoso ser interpretado por Dwayne Johnson. Entrosados, os atores entregam performances carismáticas e não têm dificuldade de cativar. Enquanto Noah Centineo garante bons alívios cômicos como o Esmaga-Átomo, Pierce Brosnan e Aldis Hodge estão imponentes e reservam momentos de emoção como Doutor Destino e Gavião Negro. Já a jovem Quintessa Swindell surpreende com sua naturalidade em tela e pode crescer na DC caso sua personagem, a inteligente Tornado, ganhe mais atenção -
Personagens humanos aproximam o público da trama
Outro acerto do filme está em mostrar que pessoas consideradas comuns podem brilhar assim como heróis na luta contra o mal, seja enfrentando um vilão assustador com chifres ou o imperialismo que sufoca a nação fictícia de Kahndaq. Sarah Shahi, a Adrianna, e Bodhi Sabongui, o Amon, interpretam mãe e filho que mostram sua bravura durante as batalhas da trama. Os dois também conquistam facilmente em cena, com muita simpatia -
Adão Negro é diversão garantida para quem é fã de filmes de heróis. Carisma, músculos e pancadaria são suficientes para fazer um bom filme? A resposta curta é: não. No entanto, juntando tais elementos com outras boas escolhas, a nova superprodução da DC acerta em cheio o público que quer atingir. Se o tão poderoso Adão Negro vai realmente balançar as estruturas da DC nos cinemas, como prometido por Dwayne Johnson, só o tempo dirá, mas o resultado final agrada, se sustenta como aventura solo e também amplia o universo da empresa. Adão Negro é, no fim das contas, um bom entretenimento sem grandes complicações