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Marilene Galvão morreu nesta quarta-feira (24), em São Paulo, aos 80 anos. Ela lutava contra o Alzheimer havia mais de 10 anos e deixou de cantar ao lado da irmã, Mary Galvão, em julho do ano passado. O fim da dupla As Galvão, também conhecida como Irmãs Galvão, após 74 anos de parceria, pegou todo mundo de surpresa. À época, Mary confirmou o encerramento da agenda de shows por causa do agravamento do quadro de saúde da irmã. Kiko Galvão, filho de Marilene, mostrou como as duas ficaram após a aposentadoria dos palcos. Confira as imagens!
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Em 74 anos de parceria, elas gravaram mais de mil discos e venderam cerca de 11 milhões de cópias. A doença, no entanto, levou ao fim da dupla. Em entrevista ao R7, dias após o anúncio, Mary falou sobre a evolução do quadro da irmã, relembrou o início da carreira e a dificuldade em lidar com o encerramento do ciclo.
"Nós já estávamos nos preparando para isso. Mas quando chega na hora, meu filho, só quem está na história é que sabe. É difícil para todo mundo. Não é nada fácil. E, na verdade, ela nem sabe. E não adianta dizer que parou, porque ela está esperando. Todo dia ela arruma a mala para viajar. É dessa forma que a doença leva a pessoa", disse -
A cantora contou detalhes do período após a descoberta da doença. "A Marilene foi diagnosticada com Alzheimer há dez anos. Ela vem fazendo um tratamento especializado. No entanto, o Alzheimer não tem cura e tem um processo que a cada tempo ele aumenta. Durante esses dez anos, a gente conseguiu fazer os shows, viajar, mas agora foi o esquecimento total. Ela não se lembra das letras. Ela quer viajar. Ela não entendeu essa pandemia. A gente fica nessa situação, porque não tem retorno", relembrou
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Mary explicou também como a doença foi apagando aos poucos a memória da irmã. "Ela estava feliz. Mas nós, eu e os músicos, estávamos percebendo a evolução da doença. Quem mais sentiu nessa história fomos nós por conta dessa situação de ela estar regredindo"
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À época da entrevista, a cantora não escondeu a dificuldade em lidar com o fim da parceria musical. "Para mim, foi muito difícil. Eu sabia que nós estávamos chegando ao fim. Ela não tinha noção, como não tem noção até hoje. Ela me pergunta quando é que nós vamos cantar. Dois minutos depois ela esqueceu. Para mim, não foi fácil. Eu pensei que estava preparada. Não estou lamentando nada, porque tudo o que fizemos foi direitinho. Começaríamos tudo outra vez se tivéssemos 7 e 5 anos. Agora, com a nossa idade, é difícil. Já não é a mesma coisa", disse
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Ela também fez um balanço dos anos de carreira. "A gente fez tudo com muito respeito pela música sertaneja. Fizemos com muito respeito com As Irmãs Galvão. Porque duas meninas, sem saber o que estava acontecendo com a vida delas, a gente tem isso como um talento vindo de Deus. Se eu tentar fazer uma retrospectiva, eu vou te falar... Eu tenho o maior orgulho dessa carreira. Nós sempre enxergamos a música como a nossa profissão. Nós fomos moldadas para isso. Desse jeito. Dessa forma. Então, nós não sentimos diferente de uma costureira, uma médica, uma advogada. Nós éramos artistas. Não mudaria nada"
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A cantora também comentou o início da história da dupla. "Eu tinha 7 anos e ela 5 quando nós começamos a cantar. Muito crianças, e a gente cantando o repertório de outras duplas. Cantamos em circos, fazendo shows em circos, teatros pelo interior. Eu sou nascida em Ourinhos. Fomos morar em Paraguaçu Paulista quando fomos cantar na Rádio Club Marconi, de Paraguaçu Paulista. Onde, agora, tem um memorial nosso"