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Cantora Yzalú lança disco de rap com influência da MPB

"Minha Bossa É Treta" é o primeiro álbum da cantora que está na cena independente desde 2000

Música|Juca Guimarães, do R7

Yzalú mistura rap e MPB no disco de estreia
Yzalú mistura rap e MPB no disco de estreia Yzalú mistura rap e MPB no disco de estreia

A cantora Yzalú tem uma voz delicada e afinadíssima que combinam perfeitamente com as letras de protesto e rimas contundentes do álbum "Minha Bossa é Treta", disco independente que será lançado no Dia Internacional da Mulher, em 8 de março.

A carreira da Yzalú no rap e nos movimentos sociais das periferias de São Paulo começou em 2000, com shows no estilo voz e violão cantando versões acústicas de sucessos do hip-hop nacional. Os vídeos viraram febre na internet. Logo surgiram as primeiras composições e participações especiais em trabalhos de outros artistas do rap, como Eduardo (ex-integrante do Façção Central) e o grupo Detentos do Rap.

O álbum "Minha Bossa é Treta" tem como ponto forte a variedade de estilos e a criatividade que a Yzalú impõe na sua música, sem perder o engajamento do hip-hop. A produção do álbum é do Marcelo Sanches.

Yzalú creceu no jardim Thelma, em São Bernardo do Campo, na região do ABC. Confira a entrevista exclusiva da cantora para o R7, sobre o disco, a carreira e a foto da capa, onde, pela primeira vez, ela mostra a prótese que usa na perna direita por conta de uma deficiência congênita. O registro é inspirado em uma imagem clássica da cantora Gal Costa.

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O disco "Minha Bossa É Treta" será lançado no dia 8 de março
O disco "Minha Bossa É Treta" será lançado no dia 8 de março O disco "Minha Bossa É Treta" será lançado no dia 8 de março

Quando e como você começou na música?

Em 2000 quando comecei a tocar nos barzinhos, só voz e violão. 

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O que você fazia antes?

Sempre trabalhei registrado em paralelo a música. O último cargo que eu tive foi o de analista em uma empresa multinacional.

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Quem te influenciou para cantar? Alguém da sua família tem envolvimento com música também? O que os seus pais fazem?

- Meu irmão Hugo. Quando comecei a tocar violão, era ele que tinha a paciência de ficar comigo cantando as músicas! Mas, quando criança tive muito acesso a cultura negra através dos meus pais. Meu pai tinha um salão especializado na estética negra em São Bernardo do Campo na década de 80 (ano em que nasci) e promovia desfiles em concursos nos bailes blacks (Club Homs e Chic Show), minha mãe era uma das modelos dele, então cresci neste meio muito musical da cultura negra, King Nino Brown, era um dos frequentadores do salão, já me pegou até no colo (risos), então olhando pra trás eu vejo que tudo isto me influenciou no que faço hoje! Meu pai é cabeleireiro e minha mãe é copeira.

Qual a proposta do álbum “Minha Bossa é Treta”? 

Antes de tudo este disco é uma realização pessoal. Mas acredito que além de discutir temas importantes como a revista vexatória, por exemplo, haverá momentos para falar de amor, porque amar também é importante,(risos). Então, o disco propõe ao público conhecer um universo, lírico, romântico e, sobretudo contestador que é o “Minha Bossa é Treta”!

Você compôs todas as músicas? 

Apenas quatro músicas são com parcerias, as demais são minhas.

Como e quando você aprendeu a tocar violão?

Juntando dinheiro para comprar meu primeiro violão, eu tinha 15 anos e até hoje ele me acompanha.

Quais as suas influências no hip-hop?

São muitas, mas vou te dizer os principais: Grupo Essência Black, Lauryn Hill, Dina Di, Karol RC, Thaíde, Racionais, Sabotage, Eduardo e Dexter.

Quais as suas influências na Black Music?

Também são muitas, mas vou te dizer os principais: Elza Soares, Erykah Badu, Sandra de Sá, Paula Lima.

Quais são as participações especiais do disco?

Na música "Teu Sorriso" tem a participação do Pazsado, rapper da minha cidade e que manda muito bem na rima. Outra faixa é "Lamentos de um Poeta" composição de Mariel Reis um poeta do Rio de Janeiro, entre outras.

Quais as participações especiais que você fez desde o começo de quais te marcaram mais? É difícil trabalhar com o Eduardo (ex-facção central)?

Participei do DVD Detentos do Rap que para mim foi uma experiência incrível dividir o palco com nomes tão importantes do RAP e projeto Divas do Hip Hop também que é outra experiência incrível, dividir o palco com tantas mulheres de peso na cena do RAP. Se é ifícil trabalhar com o Eduardo? Nem um pouco. Talvez tenso, porque sou fã do trabalho dele e tenho respeito muito grande pelo que ele conquistou no rap! Mas com o tempo aprendi a ver o Eduardo não só como um grande artista, mas como um homem admirável, ótimo pai e marido e um grande parceiro, agradeço sempre por tudo o que ele me fez. 

Foto clássica da Gal inspirou a capa do CD
Foto clássica da Gal inspirou a capa do CD Foto clássica da Gal inspirou a capa do CD

Você acha que as mulheres estão ganhando mais espaço no rap? É o momento de uma mudança de paradigma no rap e no público de rap em relação às mulheres como protagonistas no estilo?

Acredito que tem ganhado mais espaço principalmente por mulheres como Dina Di, Negra Li, Rúbia RPW, Cris SNJ, Sharylaine, entre outras, que lá no início relataram sobre a realidade e o universo da mulher passando por cima do machismo que sem dúvida era muito mais forte àquela época na cena. Nomes como Tássia Reis, Preta Rara, Tati Botelho, entre outras, vem mostrando que a cena é crescente, e como o rap é uma linguagem universal, seria inevitável que outras realidades fossem relatadas, passamos da fase de preencher refrões apenas, não tem mais como fugir, a mulher é uma realidade no rap e quanto mais nomes surgirem melhor para a cena, assim, o rap fica cada vez mais forte, como uma corrente difícil de quebrar.

Quem teve a ideia da foto da capa? Qual a mensagem que você quis passar com essa foto? Ela é ousada, bonita e corajosa. Como foi que você perdeu a perna?

Queria algo vintage, que remetesse a bossa nova, uma bossa marginal, que contrastasse com algo atual sem fugir do tema do disco, era muita coisa e nada vinha à mente. Mas de última hora vi a foto da Gal Costa (tirada na década de 70, onde Gal está nua com um violão) e daí tudo fez sentido: a bossa nova, a revista vexatória, o clima vintage. Diante de todo este contexto, a minha limitação física estampada na capa acaba sendo um detalhe, mas que sem dúvida expõe não somente a minha realidade, mas de uma grande parte da população, empoderando essas pessoas, desconstruindo os paradigmas de um padrão imposto pelo mercado. Sobre a minha deficiência, foi congênito, desde nascença utilizo a prótese.

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