JERUSALÉM (Reuters) - O fogo saltava do bastão giratório do artista mascarado enquanto o carro alegórico festivo do Ramadã atravessava as ruas secundárias de Jerusalém Oriental, enquanto crianças comemoravam e pais assistiam das sacadas.
Do lado do carro se lia a mensagem "Fique em casa no seu lar. O Ramadã merece".
O medo do coronavírus arrefeceu os ânimos no mês sagrado em Jerusalém, como em todos os lugares, obrigando os muçulmanos a repensarem suas tradições e encontrar novas abordagens para os rituais religiosos e sociais.
Em meio às restrições à circulação, isolamentos parciais e a suspensão das orações coletivas nas mesquitas – incluindo a mesquita de Al-Aqsa e o Domo da Rocha – o grupo de jovens Al-Baha percebeu que não havia muita chance de as plateias voltarem tão cedo para suas apresentações sociais e culturais.
Neste ano, todas as noite após o iftar, eles vão de carro até uma van festivamente iluminada e encimada por uma lanterna do Ramadã e percorrerem os bairros de Jerusalém Oriental, como Sheikh Jarrah, com músicos tocando e cantando canções do Ramadã em meio às decorações de rua.
"Estar com as pessoas e levar felicidade a elas é uma alegria para mim", disse Wael Abu Saloum, músico e artista de 40 anos.
Parte do público usava máscaras. A maioria ficou perto de seus portões, mas crianças corriam ao lado do carro alegórico e famílias seguiam em veículos à medida que a procissão seguia pelas ruas secundárias.
"É tão bonito o que eles estão fazendo", disse Abed al-Karaki, de 29 anos, no bairro de Beit Hanina. "Durante dois meses todos os meninos e as meninas tiveram que ficar em casa desde o que aconteceu com o coronavírus."
(Por Nuha Sharaf e Stephen Farrell)
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