Por Kate Abnett e Marine Strauss
BRUXELAS (Reuters) - O rei da Bélgica, Philippe, expressou profundo pesar nesta terça-feira "pelo sofrimento e pela humilhação" infligidos à República Democrática do Congo durante os 75 anos que passou sob domínio belga.
É a primeira expressão de pesar manifestada por um monarca reinante da Bélgica em relação ao passado colonial, informou o palácio real.
A declaração faz parte de uma carta ao presidente do Congo, Felix Tshisekedi, para marcar o 60º aniversário de independência do país africano.
"Quero expressar meu profundo pesar por essas feridas anteriores, cuja dor é regularmente revivida pela discriminação que ainda está presente demais em nossas sociedades", disse a carta, vista pela Reuters.
Há muito a Bélgica luta para se redimir sobre seu passado colonial e a história com o Congo --"um passado marcado por desigualdade e violência contra os congoleses"--, afirmou nesta terça-feira a primeira-ministra belga, Sophie Wilmes.
O Congo alcançou a independência em 1960, após o país da África Central ter sido uma colônia belga por 52 anos. Estima-se que milhões de congoleses tenham morrido entre 1885 e 1908 depois que o rei Leopoldo 2° declarou a região como propriedade pessoal.
Durante o governo de Leopoldo, "atos de crueldade foram cometidos, enquanto o período colonial subsequente" causou sofrimento e humilhação", disse o rei Philippe.
Estátuas de Leopoldo, cujas tropas mataram e mutilaram milhões de pessoas no Congo, foram desfiguradas ou removidas na Bélgica depois que protestos globais contra o racismo foram desencadeados pela morte de George Floyd, homem negro morto sob custódia de um policial branco nos Estados Unidos.
Philippe prometeu "continuar lutando contra todas as formas de racismo" e saudou a iniciativa do Parlamento belga de lançar uma comissão de reconciliação para combater o racismo e o passado colonial do país. Esse processo de reflexão pode ajudar os belgas a "finalmente fazer as pazes com nossas memórias", afirmou o monarca.
O irmão mais novo do rei, o príncipe Laurent, adotou um tom diferente no início deste mês, quando disse que Leopoldo não poderia "fazer as pessoas sofrerem" no Congo, porque ele nunca visitou sua colônia.
((Tradução Redação Rio de Janeiro, +5521 2223 7141)) REUTERS DM ES
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