Hellboy acerta como adaptação e recria no cinema o clima das HQs
Mas público que não conhece o personagem pode não se interessar pelo filme que estreia hoje
Apuração HQ|Do R7 e Cauê Teixeira
Em tempos de ótimos filmes que levam milhões de pessoas ao cinema, o nível de exigência aumentou e as comparações são feitas mesmo quando os filmes não têm nada em comum. Vingadores Ultimato rendeu bilhões aos cofres da Marvel e deve bater Avatar, que hoje está na liderança da lista de filmes com maiores bilheterias. Então, como lidar com um filme que está na média e sai na mesma época que Vingadores Ultimato? Hellboy estreia hoje nos cinemas brasileiros e conta com o astro David Harbour como o herói da história.
O filme já foi exibido em uma sessão apenas para convidados. E as reações foram intensas, muitas pessoas não gostaram e outras acharam mediano, há ainda quem gostou bastante. É um filme que divide opiniões. No exterior, ele foi massacrado pelas críticas e está com uma nota baixa no Rotten Tomatoes, famoso agregador de críticas de cinema e televisão.
Mas, afinal, o filme é ruim? Não, ele não é ruim. O filme acerta na mesma quantidade em que erra. Mas não oscila, ele tem uma proposta que é levada do começo ao final. Acerta muito como adaptação de quadrinhos, mas pode afastar quem não conhece o personagem das HQs.
A história começa com Hellboy investigando um caso de vampiros no México. Um agente do B.P.D.P foi enviado e acabou não retornando da missão, a partir daí Hellboy começa a lidar com seu passado e também com seu destino, que ele teima em não aceitar. O clima do filme é de terror, com monstros, muito sangue e embates violentos, mas existe abertura para as piadas infames do personagem principal. A principal vilã da história é Nimue, interpretada por Milla Jovovich, uma bruxa imortal que foi derrotada pelo Rei Arthur e desmembrada para não oferecer mais riscos para a humanidade. Centenas de anos depois, Hellboy terá que impedir o retorno de Nimue e enfrentar o desejo de vingança da bruxa.
O filme é um reboot, mas não é um filme de origem, logo no começo já é possível notar que o demônio é um personagem bem construído e ciente dos seus poderes. Sua história é contada em flashbacks curtos ao longo da trama principal. As cenas de ação são boas, mesmo com uma computação gráfica fraca e com poucos detalhes. A luta entre Hellboy e os três gigantes é de tirar o fôlego. David Harbour é um ótimo ator, mas embaixo da maquiagem e dos músculos do personagem, tem uma atuação apenas mediana. Milla Jovovich vai bem e é uma ótima vilã, ela consegue mostrar que é uma ameaça e que a vitória pode ser dela.
Destaque para os outros dois vilões que participam do filme. Gruagach é o grande ajudante de Nimue, é forte, violento e é responsável pelas cenas mais sangrentas. E também Baba Yaga que aparece pouco, mas de forma marcante e tremendamente assustadora.
O filme é divertido e tem o clima certo que combina com o personagem. Hellboy tem momentos que assustam e as piadas que já são características do personagem, você consegue reconhecer o personagem, não é um novo criado apenas para o cinema. A fotografia é escura, assim como o tom pesado das sombras nas HQs. A história é bem amarrada e cria expectativa para uma sequência.
Faltou capricho ou investimento na computação gráfica, alguns momentos que deveriam assustar acabam passando batido por causa do aspecto artificial dos personagens. Mesmo os heróis da trama causam pouca empatia, a relação entre todos eles é superficial e não comove, faltou trabalhar melhor os diálogos.
Mike Mignola
O criador do personagem é o produtor executivo e a participação dele é importante para o clima do filme. Nos outros dois longas, que foram dirigidos por Guillermo del Toro, Mignola ficou de fora das decisões importantes. Dessa vez, teve voz ativa e disse que esse filme é a melhor adaptação já feita de Hellboy.
Nos Quadrinhos
Quem já leu os quadrinhos vai ter uma experiência muito agradável no cinema, as cenas são muito parecidas com as Hqs, e a todo momento você vai se lembrar das leituras. Vários arcos de histórias em quadrinhos foram usados na criação do roteiro do filme, mas isso não atrapalha e também não entrega tudo que o personagem tem de melhor, a adaptação foi realmente bem conduzida por Mignola. Os arcos "O Clamor das Trevas", "A Caçada Selvagem", "Hellboy no México" e "A Tempestade e a Fúria" são as bases do filme.
Quem não tem conhecimento dessas histórias pode se perder em alguns momentos do filme, mesmo assim a experiência não é ruim e o filme é autocontido.
Atualmente muitos quadrinhos do Hellboy estão disponíveis para leitores novatos e que querem começar a colecionar. Destaque para a versão Omnibus que acabou de ser lançada pela Editora Mythos:
A coleção histórica é uma boa pedida para quem quer ler histórias mais recentes ou as clássicas. Destaque para o volume 10, que conta com uma história vencedora do Eisner, o Oscar dos quadrinhos:
Quem for de São Paulo, pode comparecer direto na loja da Editora Mythos, que fica na Rua Augusta. Essa semana será especial por causa do aniversário da Editora e terá ótimos descontos:
R. Augusta, 1416 - Consolação - A loja está dentro da galeria "Mais um Pouco de Tudo"
Ficha técnica do filme
Hellboy - 2019
Direção
Neil Marshall
Gêneros
AçãoSuspense
Inadequações
Violência ExtremaDrogas LícitasLinguagem Imprópria
Duração
121 minutos
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.