Morre Cid Moreira, um dos maiores ícones do jornalismo brasileiro
O jornalista de 97 anos estava internado com pneumonia e insuficiência renal crônica
Mabell Reipert|Do R7
Um dos maiores ícones da televisão brasileira, Cid Moreira fez história com sua voz marcante e seu jeito imponente de apresentar o Jornal Nacional. Ele deixou uma marca indelével no jornalismo brasileiro, transmitindo credibilidade e o saudoso “boa noite” diariamente, em rede nacional.
Cid nasceu em Taubaté, no Vale do Paraíba, em 1927, e completou 97 anos no último domingo. Ele iniciou sua carreira em 1944, na rádio Difusora de Taubaté, como locutor e narrando comerciais. Logo, mudou-se para São Paulo e passou pela Rádio Bandeirantes. No ano seguinte, transferiu-se para o Rio de Janeiro e foi contratado pela rádio Mayrink. Entre 1951 e 1956, teve suas primeiras experiências com a televisão, na TV Rio.
Passou pela TV Tupi, Globo, Excelsior e Continental, mas foi em 1969, ao voltar à Globo, que foi escalado para apresentar, ao lado de Hilton Gomes, o recém-lançado Jornal Nacional.
Cid comentou que nunca teve nervosismo ao apresentar nenhum jornal; porém, quando soube da dimensão do Jornal Nacional, a situação mudou: “Eu chegava no horário de fazer o jornal, não participava da redação. Eu só ia para apresentar o jornal. Naquele dia, cheguei e vi aquele nervosismo, todo mundo preocupado. E, para mim, era normal. Mas no dia seguinte, vi na capa do jornal O Globo: ‘Jornal Nacional…’ Aí comecei a perceber a dimensão.”
Mais tarde, em 1996, após uma reformulação do programa, novos apresentadores chegaram, entre eles William Bonner e Lillian Witte Fibe. Com isso, Cid Moreira dedicou-se à leitura de editoriais.
Um dos grandes trabalhos realizados pelo jornalista foi a gravação de salmos bíblicos em 1990. Em 2011, ele alcançou o objetivo de gravar a Bíblia na íntegra, um projeto que se tornou um grande sucesso de vendas. Em 2010, foi lançada a biografia Boa Noite – Cid Moreira, a Grande Voz da Comunicação do Brasil, escrita por sua esposa, Fátima Sampaio Moreira.
Ele fez história, conquistou o coração de milhões de brasileiros e deixou um legado de ética, credibilidade e profissionalismo em tudo que se dedicou ao longo da vida. Certamente ficará na lembrança de todos, principalmente pela sua despedida diária, “BOA NOITE”.
Na vida pessoal, Cid se casou três vezes: com Olga Verônica Radenzev Simões, de 1970 a 1972; com Uihiana Naumtchyk Moreira, de 1993 a 2000; e, desde 2000, com Fátima Sampaio. Cid teve três filhos: Roger Moreira, Rodrigo Moreira e Jaciara Moreira, que faleceu em 2020, vítima de enfisema pulmonar.
Nos últimos anos, os filhos Rodrigo e Roger entraram na Justiça solicitando a interdição do pai e a prisão da madrasta, Fátima Sampaio Moreira. Eles alegaram que a mulher se aproveitou da senilidade e da doença do jornalista para se apoderar dos bens e afastá-los do pai. Cid desmentiu as acusações e disse ter se sentido envergonhado e triste com a atitude dos filhos. Sem provas plausíveis, a Justiça negou o pedido de interdição e prisão, além de arquivar o processo.
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