Senna comemora vitória em Interlagos
Estadão Conteúdo/Edu GarciaSer considerado o piloto mais rápido da Formula 1, como aconteceu nesta terça (18) com Senna, definitivamente, não é pouca coisa. Afinal, estamos falando de corrida de carros, onde ser o mais veloz é uma parte grande do brincadeira. Mas não é tudo.
Quando saiu essa notícia da F1, claro que já começaram muitas discussões e comentários nas redes sociais. Muita gente falou “eu já sabia”, “Senna é o melhor de todos”, “maior da história”, “Hamilton não é de nada” e coisas do tipo. Também teve quem disse que Senna, Schumacher e Hamilton não dariam nem para o começa contra Prost, que ficou em 20º na nessa mesma lista de mais rápidos.
O lance é que aqui a gente tem de abrir parênteses: ser o mais rápido da F1 não quer dizer, necessariamente, ser o melhor. Não basta ser o mais rápido para virar o melhor piloto da história da categoria. Este, sem dúvida, é um dos atributos necessários para alguém chegar ao topo, mas é preciso mais.
Um piloto, para ser o maior de todos os tempos, precisa ter constância, conquistar muitos títulos, ganhar um grande número de corridas, andar bastante tempo na frente, conquistar uma série de poles positions, ter muita técnica, saber acertar carros, frequentar o pódio com muita frequência, precisa de estratégias e por aí vai.
E isso tudo aí significa o quê? Senna tem todas estas qualidades? Tem, sim. Várias delas em maior ou menor grau. Mas Hamilton, Schumacher, Prost, Verstappen e outros dessa lista — e que são mais lentos do que o brasileiro nesse estudo — também têm. E é por isso que não é possível cravar que Senna seja o melhor piloto da história, já que há um punhado de elementos necessários para que isso aconteça. E cada um desses atributos têm que possuir um sistema de peso, que é para haver alguma justiça na coisa toda. Enfim, tem de existir também um algoritmo que faça esse estudo, assim como aconteceu para definir o mais veloz.
Assim, Ayrton pode muito bem ser o melhor em um eventual estudo que venha a sair no futuro e que considere todas as variáveis necessárias. Afinal, estamos falando em épocas diferentes da categoria e muita coisa tem de ser levada em consideração. Mesmo assim, já é bom adiantar que é algo muito difícil de ser provado se não considerarmos os números de cada piloto.
E quando se fala em números, Hamilton está anos luz à frente do brasileiro, faltando pouca coisa para superar Schumacher. E muita gente, certamente, virá com a máxima “mas Senna faria muito mais na F1 se não tivesse a carreira interrompida”. Sim, sem dúvida. É bem viável dizer que Ayrton poderia chegar a um pentacampeonato. Mas Ayrton morreu aos 33 anos e conseguiu se tornar tricampeão. Hamilton tem 35 e deve ser heptacampeão em 2020, fora todos os outros recordes que o inglês já detém. E isso significa que ele é melhor que Senna? Numa análise fria, sim. Mas, novamente, é uma tarefa árdua e muito complicada afirmar com todas as letras quem é o melhor piloto que já esteve num carro de Formula 1. Michael Schumacher é outro que possui números bem maiores que os do brasileiro.
Em todo o caso, Senna é um dos maiores da F1 em todos os tempos. Tem números e feitos incríveis e agora é considerado o mais rápido da categoria. Fez mágica com sua McLaren, assim como Schumacher também fez com a Ferrari e como Hamilton faz com sua Mercedes. E tudo isso não impede que você considere Ayrton o melhor de todos. Paixão é isso. Mas seria bom ver um estudo da F1 sobre isso para cravar quem é o maioral entre os pilotos.
Mas se isso acontecer algum dia, você sabe, a discussão não vai parar nunca. Ainda bem.
Uma correção: no meu post sobre Senna ser o mais rápido da F1, cometi uma imprecisão. Escrevi que o brasileiro é o mais veloz da categoria em todos os tempos. Na verdade, o estudo foi feito de 1983 em diante. Assim, não dá para cravar com certeza se Ayrton é o mais veloz da história. É até provável que sim, mas não dá para ter cravar. Já fiz a correção.
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