Babi Cruz: a força da mulher de Arlindo é lição de vida ao samba

Desde quando a X-9 Paulistana anunciou um enredo em homenagem a Arlindo Cruz, não faltou comentarista de arquibancada para dizer que o desfile soaria como exploração da imagem do sambista, que se recupera de um AVC, sofrido em março de 2017. Não sou advogado de pavilhão ou de carnavalesco, muito menos pretendo ser. Mas esse argumento poderia ser derrubado com dados como a proposta desse enredo não foi criada agora ou, simplesmente, a obra do artista merece.

Mas, nesta última semana, passei a olhar o carnaval da escola com outros dados. Além de Arlindo, quem também merece todas as glórias e emoções que só um desfile pode dar é Babi Cruz, mulher do sambista. Ela já havia demonstrado uma força e um amor incondicionais desde que a luta do músico começou. Mas ela faz mais do que isso. Babi briga para ver o marido sendo celebrado, enaltecido, aplaudido.

Na noite de sábado (1º), dia do primeiro ensaio técnico da X-9 Paulistana, ela literalmente emocionou a arquibancada. Cantava o samba com a alma, não escondia a importância que era estar ali para ela e a família, emanava fé na vida e gratidão ao carinho dos que lá estavam. 

Babi tem intimidade com o Carnaval. Fez história na Sapucaí como porta-bandeira na Mocidade Independente de Padre Miguel e na União da Ilha do Governador. Nesta semana, antes do técnico, acompanhou ensaios específicos no sambódromo paulistano, conversou com sambistas de outras escolas e tudo isso com direito a transmissão para o marido pelo celular. "Estou recebendo muito amor aqui", ela contava. 

Talvez só quem esteve com Babi em um desses momentos entende a energia que ela transmitia. Se alguém um dia questionou se era o não o momento da homemagem a Arlindo Cruz, ela prova que sim. Sempre é! Arlindo vive. E, como diz o samba da X-9 Paulistana, "ando louco de saudade, olha o povo pedindo bis. Ainda é tempo pra viver feliz".