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Obeso Acolhido: na contramão do preconceito e estigmas

A obra traz uma abordagem inédita, focada em situações constrangedoras e até inusitadas, que muitas pessoas passam por serem obesas

Ligia Braslauskas Literatura|Do R7 e Ligia Braslauskas

Os relatos mostram vidas e julgamentos de pessoas com sobrepeso
Os relatos mostram vidas e julgamentos de pessoas com sobrepeso Os relatos mostram vidas e julgamentos de pessoas com sobrepeso

Quebrar paradigmas e despertar um novo olhar sobre as pessoas com excesso de peso, numa discussão consciente e de alerta no combate à gordofobia. Estes são os principais caminhos traçados no livro “Obeso Acolhido”, de autoria de Durval Ribas Filho e Arthur Kaufman, que será lançado na sexta-feira (24.09) no 25º Congresso Brasileiro de Nutrologia, promovido pela Abran, entre os dias 23 e 25 de setembro.

A obra traz uma abordagem inédita, focada em situações constrangedoras e até inusitadas, que muitas pessoas passam por serem obesas, e que se somam à lista de outros preconceitos tão em pauta nos dias de hoje - os raciais, étnicos, religiosos e sexuais - mas que já geram uma certa mobilização.

A sociedade, porém, está longe de ações mais efetivas, para combater o preconceito sobre a obesidade que, ao contrário dos outros, vai além de uma questão social. É uma patologia, mas não entendida como tal.

Esta estigmatização pode representar graves repercussões na saúde emocional e física, ao longo da vida, e superar essa situação torna-se um desafio ainda maior, entre crianças e adolescentes.

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A gordofobia é uma doença social e o seu combate não consiste em apenas lutar para que o obeso não seja perturbado e vítima de um potencial bullying. “O livro é o retrato de um sonho, que se tornou realidade, após eu atender centenas de pacientes obesos, em muitos anos de avaliações terapêuticas, e perceber um processo discriminatório, de estigmatização muito forte e robusto, em todos os seus aspectos, onde o obeso não é acolhido pela sociedade. Ao contrário, sofre preconceito”, destaca Ribas Filho.

Preconceito sem medida

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A leitura é um convite à reflexão, através de uma série de casos, como o do homem que gostava de gordinhas e chocou sua família por isso; a mulher que ia às compras para aliviar seu drama e o executivo que engordou diante de tantas responsabilidades profissionais. Muitas destas histórias são acompanhadas de valiosos comentários dos especialistas que assinam o livro.

“Alicerçamos pitadas de teoria e a descrição de muitos casos de pacientes, que tiveram um atendimento integral. Porém, enxergamos e queremos que todos passem a enxergar também, a pessoa que sofre da doença física obesidade, com prejuízos sociais e que se sente olhada e julgada por parentes, colegas de trabalho e amigos, fora o autojulgamento negativo, o mais pesado e gerador de culpa de todos”, alerta Kaufman, que sempre alimentou a ideia de escrever sobre o tema.

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“Eu me sentia incomodado ao perceber que, embora com boa base na parte comportamental do obeso, pouco sabia a respeito da fisiopatologia da obesidade e de outros transtornos alimentares. O estímulo veio após a formação em Nutrologia, pela Abran, e o convite feito pelo Durval, que resultou na sociedade neste empreendimento”.

Para quem gosta de boas histórias

A obra não é dedicada aos profissionais de saúde, mas aos que gostam de histórias de vida: os que estão fora do peso ideal, seus amigos, familiares e toda sociedade. É uma chance de conhecer um pouco mais da realidade dos obesos, além da aparência física.

Por isso, não espere encontrar uma nova dieta milagrosa, mesmo que perdida entre as páginas. Os relatos mostram vidas e julgamentos de pessoas com sobrepeso que, mesmo se sentindo confortáveis com seu corpo, tiveram que repensar esta postura. Afinal, obesidade é uma doença e, na maioria dos casos, associa-se a comorbidades, muitas delas graves, como diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial, síndrome metabólica, doenças ortopédicas, alguns tumores e, mais recentemente, uma menor resistência ao vírus da Covid-19.

“Queremos mostrar às pessoas obesas que elas podem ser acolhidas por profissionais sérios e qualificados. E, para a população em geral, que os obesos são portadores de uma doença e precisam de atenção. Lamentavelmente não é o que acontece. Creio que é o primeiro livro no Brasil, e talvez no mundo, que mostre que o obeso tem que ser abraçado, acariciado. Que precisa de carinho e compreensão porque é uma doença terrível, que traz sim muitas morbidades associadas, mas principalmente essa discriminação social e psicossocial”, alerta Ribas Filho.

O prefácio é assinado por Eliana Fonseca, atriz e diretora de cinema, que relata sua saga pelas dietas e como a obesidade a acompanhou ao longo da vida, mesmo tendo sua autoestima sempre em alta. “Várias vezes fui chamada para dar entrevistas em programas de TV, veja só, para falar de como eu podia ser feliz e… gorda! Não compreendia como isso poderia gerar mais interesse do que os trabalhos que fazia, na minha opinião, muito mais relevantes do que o meu excesso de peso.”

Já no posfácio, do Dr. José Alves Lara Neto, o médico nutrólogo destaca que o livro orienta sobre a natureza intrínseca e a complexidade social onde o obeso se insere: naquela realidade em que ele deixa de ser um cidadão para ser quase um vilão. “Certamente, não será um livro de cabeceira. É bem mais que uma publicação para enfeitar prateleiras. Trata-se de um livro a ser consultado sempre, para o exercício inteligente e constante. Para o nosso trabalho mais humanizado.”

É certo que cada um é dono de sua vida e tem, portanto, todo o direito de ser gordo e não ser perturbado por isso. Mas é importante saber dos riscos para sua saúde e que é responsável pelo primeiro passo para se auto cuidar. “O esforço terá valido a pena se este livro servir como boa leitura e estimular a mudança de comportamento, alimentando dois campos. Num deles, estudantes e praticantes da área de Saúde, como profissionais de Medicina, Psicologia, Nutrição, Enfermagem, Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. No outro, a pessoa obesa, seus familiares, amigos e leitores curiosos e dispostos a combater e destruir o estigma”, projeta Kaufman.

"Obeso Acolhido"

180 páginas

Segmento Farma Editora

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