"Por volta de duas e meia da manhã, Gina Vietta estava em seu apartamento com alguns amigos quando recebeu dois telefonemas incomuns,
ambos de Debbie Carter. No primeiro, Debbie pediu para Gina ir buscá-
-la porque alguém, uma visita, estava em seu apartamento e deixando-a
desconfortável. Gina perguntou quem era, quem estava lá. A conversa foi
interrompida por vozes abafadas, sons de uma briga para pegar o telefone.
Gina ficou preocupada e achou o pedido estranho. Debbie tinha carro, um
Oldsmobile 1975, e certamente poderia ir sozinha a qualquer lugar. EnO_Homem_Inocente.indd 11 17/01/19 13:47
12
quanto Gina saía apressada do apartamento, o telefone tocou de novo. Era
Debbie, dizendo que tinha mudado de ideia, que as coisas estavam bem,
para não se incomodar. Gina perguntou de novo quem era a visita, mas
Debbie mudou de assunto e não quis dizer seu nome. Pediu para Gina ligar
para ela de manhã, acordá-la para que ela não chegasse tarde no trabalho.
Era um pedido estranho, que Debbie nunca tinha feito.
Gina chegou a pegar o carro, mas hesitou. Tinha convidados no apartamento. Era muito tarde. Debbie Carter podia cuidar de si mesma. E, além
disso, se ela estava com um cara no quarto, Gina não queria se intrometer.
Gina foi para a cama e se esqueceu de ligar para Debbie algumas horas mais
tarde."
Em 1971, aos 18 anos, Ron Williamson tinha uma carreira promissora como atleta. Acabara de assinar contrato com um time grande de beisebol e de se despedir de Ada, sua cidade natal, para ir em busca do sucesso. Seis anos depois, estava de volta com os sonhos destruídos por um braço lesionado e o vício em bebidas e drogas. Foi morar com a mãe e passava vinte horas por dia dormindo no sofá.
Em 1982, uma garçonete de 21 anos chamada Debra Sue Carter foi estuprada e assassinada brutalmente em Ada. Por cinco anos o crime ficou sem solução, até que uma frágil evidência apontou a investigação na direção de Ron.
A partir daí o herói fracassado foi perseguido, acusado, julgado e condenado à morte. O processo, coalhado de testemunhas mentirosas e provas corrompidas, não só acabou de arruinar a vida já despedaçada de um homem, como permitiu que o verdadeiro assassino ficasse impune.
"O Homem Inocente"
Tradução de Ivanir Calado
336 páginas
R$ 44,90
Editora Arqueiro