Não tem jeito. Rita Lee foi expulsa dos Mutantes pelos irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias e esse acabou sendo um dos fatos mais marcantes da história do rock brasileiro. Até hoje é considerada uma atitude errada, machista e misógina dos dois músicos em relação à cantora.
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E Arnaldo, que fez parte da banda e também foi casado com Rita por alguns anos, se manifestou há poucas horas no Twitter. Ele fez um post em homenagem à cantora e escreveu: “Rita Lee trouxe para os Mutantes um lado circense, que envolveu humor, roupas e instrumentos que ela tocava, como o Theremin. Além de nossas parcerias, como na ‘Balada do Louco’, entre tantas outras. Descanse em Paz".
Veja o post do músico:
É um textinho simpático e de boa intenção, mas muita gente não gostou nem um pouco e detonou o músico nos comentários do post. Um usuário da rede social escreveu: "Eu te amo, cara, mas essa eterna tentativa de diminuir o papel da Rita é foda. O tempo mostrou que ela era muito, mas muito maior que “circo, humor e pequenos instrumentos”. Ela era genial e o tempo mostrou isso".
Uma outra postou: "Bonita homenagem, Arnaldo! Fico feliz de ler essas palavras. Mas lembre por favor que a Rita não foi meramente o humor e a descontração, ela foi uma GRANDE compositora, cantora e artista, e o Mutantes deve muito do que tem a ela. Que ela descanse em paz nas estrelas!".
Outro post: "E se ela foi expulsa da banda pq não era virtuose, azar da banda!". Mais um: "Rita Lee >>>>>>>>>> Os Mutantes".
Uma outra manifestação, um pouco mais raivosa: "Pelamor de Deus, Arnaldo. PELAMOR DE DEUS. Eu te amo, reconheço a tua genialidade, mas até no pós-viagem de Rita, tu tenta diminuí-la. Senhor deus!!! Rita Lee foi a alma dos Mutantes. Não seja egocêntrico, até teu irmão já percebeu isso".
Outra: "Os Mutantes perderam, o mundo ganhou".
Mais: "Achei essa nota tão péssima que era melhor não ter escrito nada!".
Muita gente pode considerar um exagero a reação de parte das pessoas num post em homenagem à cantora. E talvez seja mesmo. Mas talvez não fosse o momento de fazer críticas tão ácidas a Arnaldo, que, afinal, realmente gostava de Rita apesar de tudo.
Por outro lado, a história da expulsão da cantora da banda foi muito marcante e os fãs não esquecem. Em sua autobiografia, lançada em 2016, Rita dá sua versão de como tudo aconteceu, em 1972: "Chego ao ensaio e me deparo com um clima tenso/denso. Até que o Arnaldo quebra o gelo, toma a palavra e me comunica: ‘A gente resolveu que a partir de agora você está fora dos Mutantes porque nós resolvemos seguir na linha progressiva-virtuose e você não tem calibre como instrumentista'", escreveu ela.
A cantora descreveu na autobiografia sua reação: "Em vez de me atirar de joelhos chorando e pedindo perdão por ter nascido mulher, fiz a silenciosa elegante. Me retirei da sala em clima dramático, fiz a mala, peguei Danny [sua cachorrinha] e adiós. No meio da estradinha da Cantareira a caminho de São Paulo, parei no acostamento e chorei, gritei, descabelei, xinguei feito louca”.
Veja só: quem efetivamente expulsou Rita dos Mutantes foi Arnaldo Baptista, que era seu marido até aquele ano de 1972 (só se divorciaram oficialmente em 1977).
Então, a saída de Rita da banda tem essa história contada por ela, que fez questão de frisar que tudo rolou por um certo machismo dos rapazes. Os irmãos Baptista sempre disseram que tudo foi feito por conta de diferenças criativas e também pelo direcionamento que eles queriam dar ao grupo.
E as coisas não estavam mesmo nada bem entre os integrantes. Rita já havia dado início à sua carreira solo com o lançamento do álbum Build Up, em 1970. Isso gerou uma ciumeira nos seus companheiros de banda. Até porque seu LP de estreia foi superbem recebido.
Ao mesmo tempo, a gravadora começou a se interessar mais pela cantora do que pelos Mutantes. Assim, André Midani, diretor da empresa, decidiu lançar o disco Hoje É o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida como sendo o segundo trabalho solo de Rita, mas que foi todo composto e gravado por ela e pelos Mutantes. A coisa ficou feia!
E aí foi demais para os rapazes da banda. E Rita foi expulsa. E, queira ou não, se tornou maior e mais bem-sucedida do que os Mutantes. Fim da história.
Rita Lee morreu na segunda-feira (8), mas deixou a marca no Brasil e no mundo. A rainha do rock era conhecida por ser superousada em tudo: músicas, discursos e, claro, nas roupas. Ela adorava extravagar nos visuais, e as peças coloridas eram as preferidas da artista. Desde o começo da carreira, ela chamava atenção por ousar nos looks. Confira, a seguir, algumas das vezes em que a cantora não foi nada discreta no visual