Última escola do Grupo Especial de São Paulo a desfilar, a X-9 Paulistana foi brindada com um céu completamente diferente do que enfrentou em 2014. No ano passado, a agremiação foi prejudicada por um temporal assim que entrou na avenida. A adversidade, porém, rendeu um enredo sobre a chuva que, entre outras coisas, está superconectado com a atualidade do Sudeste brasileiro.
A apresentação da escola marcou a estreia do carnavalesco André Machado na agremiação. Sambando na Chuva, num Pé D’Água ou na Garoa. Sou a X-9 numa Boa, começou com as cigarras. Segundo a lenda, elas têm o poder de prever tempos difíceis e seu canto seria, na verdade, um apelo aos céus por piedade.
O abre-alas reproduziu o dilúvio bíblico e a arca de Noé. A escola mostrou as forças da natureza, falou sobre orixás africanos ligados à água e santos para os quais as pessoas rezam pedindo chuva.
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Os setores seguintes exploraram a relação do homem com as águas que caem do céu. A fartura da colheita, as brincadeiras de crianças e até o hábito de dormir ouvindo o temporal estavam no desfile. A boneca Emília e o espantalho Visconde de Sabugosa lembraram os bolinhos de chuva de Tia Anastácia no Sítio do Picapau Amarelo.
A quarta alegoria usou lixo reciclável para mostrar a poluição dos mananciais. O final do desfile usou o bom-humor para brincar com ditados e crenças populares: desde a chuva de arroz nos casamentos até a expressão “pode tirar o cavalinho da chuva”. O último carro a entrar na avenida homenageou os 40 anos de X-9 Paulistana, a chuva de confetes e serpentinas.
Em um Carnaval marcado por desfiles memoráveis, a agremiação fechou com chave de ouro os desfiles de 2015 do Grupo Especial de São Paulo. O ótimo samba cantado com precisão por Royce do Cavaco ajudou a segurar o público nas arquibancadas até o amanhecer. Já dá para sentir saudades da folia.
A X-9 Paulistana foi a última escola a cruzar o sambódromo de São Paulo e, depois de ter sido prejudicada em 2014, com a chuva, a escola aproveitou a experiência e a transformou em enredo