Imagine-se voltando no tempo com a tarefa de explicar a Leonardo da Vinci, Isaac Newton ou Galileu Galilei como os impostos são cobrados no Brasil. Uma dica seria começar de leve, dizendo que o governo brasileiro cobra impostos de todos os cidadãos. Até aí, tudo bem, afinal de contas, não somos o único país onde esse tipo de roubo é legalizado.
Daí para frente a coisa vai complicar, mas não há o que fazer, pois você terá que dizer que o governo cobra, mas não diz quanto é. Ou seja, cada cidadão deve calcular por conta própria o valor que tem a pagar. Ah! E não esqueça de dizer também que o Estado não liga a mínima para o fato de que 77% da população brasileira é analfabeta funcional em matemática. Cada um que contrate um escritório de contabilidade e arque com mais essa despesa.
Para “ajudar”, a receita federal muda as regras todos os anos e não quer nem saber se ficou mais complicado, mais caro, mais ilógico ou mais trabalhoso. Nada disso vem ao caso. O que interessa é cumprir o prazo de entrega e escolher uma entre três opções: pagar mais imposto do que já pagou, fazer uma “matemágica” para que a conta dê zero – naquele estilo “nem pra mim, nem pra você” – ou arriscar a colocar o governo como seu devedor, pedindo uma restituição. Boa sorte!
E se algum dos nossos ilustres antepassados achar que a coisa não é tão complicada assim, diga que se alguém errar o cálculo – ainda que complicado, ilógico etc. etc. – pode parar na cadeia. A acusação: não pagar o valor correto de um imposto que nem sequer sabia de quanto era. Isso porque, depois que o cidadão recolhe o valor errado, o governo – que não informou o valor correto – aparece com a conta exata de quanto deveria ter sido pago.
É aí que o cidadão vai ver o sol nascer quadrado até aprender que o Estado não quer saber se o pato é macho, ele quer ovo!