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Ascensão Skywalker enfim liberta Star Wars de seus fãs-ditadores

Filme que está nos cinemas do mundo todo sofre com críticas de seguidores, mas livra saga de um fardo insustentável

Odair Braz Jr|Do R7

Rey é a grande protagonista da trilogia final
Rey é a grande protagonista da trilogia final Rey é a grande protagonista da trilogia final

Um fã alucinado por alguma coisa – qualquer coisa – é um dos grandes males que afetam a cultua pop e inclua aí a música, o cinema, videogames, futebol, novelas, séries de TV, quadrinhos etc etc etc. E a saga Star Wars tem alguns dos piores fãs desta ou de alguma outra galáxia distante. Com devoção exagerada, praticamente nada sobrevive à expectativa e ao desejo do nerd (geek?) de plantão e essa espécie de loucura atinge em cheio Star Wars: A Ascensão Skywalker. É simplesmente impossível a um filme como este sobreviver à imaginação de um seguidor de George Lucas.

A saga Star Wars, que surgiu há 42 anos com Uma Nova Esperança, praticamente gerou esse tipo de fã die-hard no cinema e mostrou que um longa pode ser muito ais do que uma diversão escapista que as pessoas assistem numa sala escura por aproximadamente duas horas e deixa de lado assim que sobem os créditos. Quem se dedicou a acompanhar a saga criada por Lucas – e são milhões de pessoas no mundo todo – passou a acompanhar absolutamente todos os aspectos da história, destrinchou personagens, assistia com atenção máxima aos longas e consumiu absolutamente tudo o que foi publicado em centenas de livros, quadrinhos, videogames e o que mais aparecesse pela frente. Havia ainda as fanfics, histórias criadas por fãs – algumas ótimas, por sinal – mostrando uma nova versão da história. Imagine isso tudo aí multiplicado por quatro décadas de expectativa e devoção. Alguém acha que uma obra pode superar isso? Difícil.

E aí chegamos a essa nova trilogia de Star Wars, concebida para reapresentar o universo de Lucas a uma nova geração e ainda agradar os fãs das antigas. Percebe o nível da dificuldade? Com O Despertar da Força, o diretor J.J. Abrams até que conseguiu parte deste objetivo, mas não sem desagradar uma parcela dos seguidores de 40 anos atrás. Mas ok, o estrago não foi dos maiores. Veio Os Últimos Jedi, onde o diretor Ryan Johnson mostrou o retorno do herói Luke Skywalker de um jeito que muita gente não esperava. O fã die-hard tinha uma outra coisa em mente e a chiadeira foi geral. E a gritaria só cresceu com A Ascensão Skywalker, que está nos cinemas de boa parte do planeta.

Nova e velha geração de Star Wars em cena
Nova e velha geração de Star Wars em cena Nova e velha geração de Star Wars em cena

A choradeira acontece por todos os lados. Há gente reclamando que o filme é ruim, que a história é fraca, que é uma repetição do que já se viu no passado com O Retorno de Jedi, que há o retorno sem sentido de um grande personagem clássico e por aí vai.

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Como filme, A Ascensão Skywalker é plenamente defensável. É uma aventura cheia de movimentação, tem drama, tem viradas no roteiro, traz personagens que qualquer fã razoável gostaria de ver, tem emoção, batalhas épocas com sabres-de-luz, guerra espacial com centenas de naves e a trajetória do herói em toda a sua glória. Claro, tem imperfeições. Algumas soluções são dadas muito rapidamente, há ações que não fazem muito sentido em alguns momentos e, em outros, a história pede a abstração do espectador. Normal, afinal estamos falando de Star Wars, que tem dezenas de elementos sem sentido ao longo de nove filmes.

Acontece que A Ascensão Skywalker, que encerra finalmente a saga criada em 1977, não é o filme que está na cabeça do fã alucinado. Não é nem de longe o que ele imaginou quando tinha 10 anos de idade e foi ver Uma Nova Esperança nas telas. Não é o filme que imaginou após ver a segunda trilogia lançada em 1999 e que adentrou os anos 2000. E aí é impossível que J.J. Abrams consiga dar sentido a este filme. Não importa o que ele tenha mostrado na tela, se é competente ou não, se é criativo ou não. O certo é que qualquer coisa que o diretor tenha feito, é fatalmente diferente do que o fã imaginou e isso não deixa espaço para que um filme como A Ascensão seja minimamente decente.

Kylo Ren e Rey duelam em Ascensão Skywalker
Kylo Ren e Rey duelam em Ascensão Skywalker Kylo Ren e Rey duelam em Ascensão Skywalker

O peso de Star Wars, saga que praticamente criou o blockbuster moderno, é algo que ninguém jamais poderia superar. Nem mesmo seu criador George Lucas conseguiu passar por isso. O que Abrams fez foi respeitar o legado e colocar um ponto final a algo que precisava acabar. Assim, mesmo com a reclamação dos fãs, o diretor libertou Star Wars dessas amarras. De agora em diante, a história pode se expandir para qualquer lugar, com novos personagens e livre de um fardo excessivo, resultado do exagero obsessivo da cultura nerd, que pode ser massacrante quando usada de maneira desmedida.

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