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Análise: Erros ou fake news? Como narrativas falsas se perpetuam

Desinformação, números inventados e ginásticas nas estatísticas compõem o festival de mentiras das militâncias políticas 

Patricia Lages|Do R7

Estamos na era da informação, sem dúvida. Porém, há que considerar que igualmente vivemos na era da desinformação, das fake news e das narrativas fantasiosas, baseadas em números tão aleatórios quanto falsos.

E é claro que, em meio a tudo isso, há aqueles que se aproveitam da bagunça generalizada para implantar narrativas, infiltrar mentiras e confundir as pessoas, agindo, obviamente, em benefício próprio.

Desde o debate presidencial do último domingo (na Band TV), a informação falsa — dada por uma jornalista — de que a cada sete minutos há um feminicídio no Brasil vem ecoando nas redes sociais. Tanto por parte de pessoas que acreditaram no dado incorreto e estão ajudando a divulgar o erro, como por parte de outras que fizeram as contas, checaram as estatísticas oficiais e resolveram apontar a falha.

Como já publicamos nesta coluna, o uso incorreto do termo feminicídio como sinônimo de assassinato de mulher tem ajudado a fabricar dados falsos que, por sua vez, servem de base para narrativas igualmente falsas.

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De acordo com a lei federal 13.104/15, o feminicídio é o assassinato de mulher “em razão de seu gênero”, ou seja, quando a vítima é morta por ser mulher. O que não inclui a morte de mulher por outras causas, classificada, nesses casos, como homicídio.

Se o dado da jornalista estivesse correto, teriam ocorrido 75 mil mortes de mulheres no ano passado apenas em razão de serem mulheres, sem contar outras causas. Porém, o número total de homicídios em 2021 foi de 41 mil, o que inclui todos os gêneros, idades e causas.

Que os políticos divulgam números que só existem nas vozes que ecoam dentro de sua cabeça, nós já sabemos bem e ficamos sempre com um pé atrás (ou, pelo menos, deveríamos). Mas, em tempos de polarização política e militância jornalística, agora também é preciso ter cautela em relação ao que a própria imprensa diz. Fazer a “lição de casa” nunca foi tão necessário.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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