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Análise: No Fla-Flu da cloroquina, em que podemos acreditar?

A hidroxicloroquina parece estar sendo mais utilizada como ferramenta política do que como medicamento. Estamos em uma cruzada pela vida ou pelo poder?

Patricia Lages|Do R7

Hidroxicloroquina virou motivo de fla-flu
Hidroxicloroquina virou motivo de fla-flu Hidroxicloroquina virou motivo de fla-flu

Na última terça-feira o chefe de contingenciamento contra o coronavírus do governo João Dória, o infectologista David Uip, voltou a trabalhar depois de se recuperar da covid-19. Em entrevista coletiva, o médico recusou-se a responder se tomou hidroxicloroquina, alegando se tratar de uma informação pessoal.

Já o cardiologista Roberto Kalil Filho, diretor-geral do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio Libanês, que recebeu alta esta manhã, afirmou estar curado do coronavírus e que foi tratado com a hidroxicloroquina, entre outros medicamentos, nos primeiros quatro dias de internação.

Ambos são médicos, ambos fizeram o mesmo juramento, ambos fazem parte do grupo de risco, ambos estão curados e ambos afirmaram que o uso do medicamente é válido. Porém, enquanto um não vê problema algum em responder à pergunta que o mundo inteiro anseia saber, ainda mais vinda de profissionais da área da saúde, o outro se recusa a esclarecer.

Como ex-superendividada e hoje educadora financeira, se há uma pergunta que me fazem constantemente é como consegui quitar o equivalente a 150 mil dólares em dívidas contraídas com um negócio que não deu certo. É uma questão perfeitamente cabível na minha posição.

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Considerando o meu caso, imagine que eu estivesse em uma coletiva de imprensa e me recusasse a responder como paguei minhas dívidas, alegando se tratar de uma informação pessoal. O que você acharia disso? Eu não preciso dizer quanto dinheiro tenho na conta, quanto faturo anualmente ou outras informações pessoais como essas. Mas me recusar a responder uma questão legítima e que, obviamente, é o que mais as pessoas querem saber, geraria, no mínimo, algum descrédito quanto às minhas habilidades financeiras.

Se a minha missão é, entre outras coisas, ensinar as pessoas a saírem das dívidas, não posso me recusar, de forma alguma, a contar como eu mesma fiz isso. Não que esse seja um pré-requisito para ser um educador financeiro, pois há inúmeros profissionais da área que nunca foram endividados e trabalham muito bem. Mas uma vez que eu tive essa experiência, como poderia me recusar a dizer o que fiz e quais medidas tomei?

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Mesmo sabendo que nem todos os casos são iguais e que não serão 100% dos endividados que se livrarão das dívidas fazendo exatamente as mesmas coisas que fiz, não posso deixar de contar o que funcionou comigo para que sirva, no mínimo, de exemplo. Toda a minha trajetória de superendividada a especialista em finanças foi contada no meu primeiro livro, Bolsa Blindada, pois não tenho nenhuma razão ou interesse em ocultar o que fiz. Diante disso e de toda a discussão em torno do coronavírus, fica a pergunta: a quem interessa esconder o que todo mundo quer saber?

Patricia Lages

É jornalista internacional, tendo atuado na Argentina, Inglaterra e Israel. É autora de cinco best-sellers de finanças e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. Ministra cursos e palestras, tendo se apresentado no evento “Success, the only choice” na Universidade Harvard (2014). Na TV, apresenta o quadro "Economia a Dois" na Escola do Amor, Record TV. No YouTube mantém o canal "Patricia Lages - Dicas de Economia", com vídeos todas as terças e quintas.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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