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Análise: Novo normal, nova igualdade, nova história

Vivemos uma época de negação da realidade e de uma espécie de culto à fantasia, o que não sabemos é aonde isso nos levará

Patricia Lages|Do R7

Os seres humanos foram criados para serem autônomos e viverem em liberdade, porém, em nome de um tal “novo normal” tornou-se totalmente aceitável a ideia de vivermos enjaulados dentro de casa. O comodismo de receber qualquer coisa via delivery, ver as pessoas pelo Zoom e trabalhar de pijama tem sido o suficiente para muitos e chega a ser assustadora a forma como muita gente abriu mão de poder viver livremente.

Tive um tio que criava pássaros, chegando até mesmo a participar de competições e ter algumas aves premiadas. Certamente todas elas eram muito bem cuidadas, recebiam o melhor alimento e cantavam alegremente quando induzidas a isso. Esse tio sabia muito sobre canários e alguns outros tipos de pássaros e não se preocupava nem um pouco com as despesas mensais que eles traziam.

Uma vez, ainda criança, abri uma das gaiolas para que um pássaro voasse, afinal de contas, ele tinha asas e era uma pena não poder voar. Mas para minha decepção, o pássaro nem se mexeu. Ele estava tão acostumado a viver ali dentro que não tinha a menor ideia de que havia um mundo muito melhor do lado de fora.

Meu tio fechou a gaiola e me disse em um tom grave: “Se ele tivesse saído iria morrer. Você quer que ele morra?”, fiquei com vergonha, respondi que não queria que ele morresse e corri para casa. Mas como não entendi porque ele morreria, voltei lá e perguntei. “Ele não sabe comer sozinho, não está acostumado à chuva e nem a conviver com outros pássaros. Ele é bobinho, não sabe que existem outras coisas fora da gaiola.”

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Nós, os pássaros que vivemos fora da gaiola um dia, sabemos que existem mais coisas, mas as crianças que estão sendo criadas nesse “novo normal” será que um dia saberão? A OMS não faz segredo de que estamos entrando no que chamam de “era das pandemias” e que é só uma questão de tempo até que chegue a próxima e, depois dela, a seguinte. “teremos de reaprender a viver”, dizem eles. E muitos de nós, de dentro das nossas gaiolas, cantamos alegremente, crendo que tudo isso é para o nosso bem.

E falando em bem, na “nova igualdade”, já se ouve a ideia de que é justo que alguns grupos de pessoas assassinem outras. Foi o que disse Mahathir Mohamad, primeiro-ministro da Malásia por décadas. “Independentemente de religião, pessoas com raiva matam. Os franceses, ao longo de sua história, mataram milhões de pessoas. Muitos eram muçulmanos. Os muçulmanos têm o direito de ficar com raiva e matar milhões de franceses pelos massacres do passado.”, disse Mohamad.

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Justificar assassinatos e atos de terrorismo era um absurdo até pouco tempo atrás, mas a “nova igualdade” justifica esse tipo de fala e, pior que isso, ideias assim encontram adeptos e vão se tornando aceitáveis nesse mundo onde tudo está sendo “ressignificado”. Até mesmo o assassinato. E para que as “novidades” ganhem corpo e não venhamos lembrar das lições que a história deixou, está sendo criada até mesmo uma “nova história”. Derrubam-se estátuas, queimam-se igrejas, monumentos são destruídos. Tudo sob a ótica de narrativas fantasiosas que só fazem sentido na cabeça de quem as criou e que ganham força alavancadas por aqueles que lucram com ela.

É como diz o velho ditado: todos os dias o esperto acorda, assim como o ingênuo e quando os dois se encontram, logo fazem selam um negócio onde um ganha sem deixar que o outro perceba que está perdendo. Para bom entendedor, nem seria necessário um texto deste tamanho.

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Autora

Patricia Lages é autora de 5 best-sellers sobre finanças pessoais e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. É palestrante internacional e comentarista do JR Dinheiro, no Jornal da Record.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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