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Análise: Quais critérios fundamentam a sua vida?

Em uma época em que o politicamente correto tenta impor o que deve ou não ser dito, sobre quais critérios você tem pautado suas escolhas?

Patricia Lages|Patrícia Lages

Por medo da patrulha, muita gente cala o que realmente pensa
Por medo da patrulha, muita gente cala o que realmente pensa Por medo da patrulha, muita gente cala o que realmente pensa

Hoje em dia parece que é mais importante falar de forma politicamente correta do que realmente fundamentar a vida sobre critérios corretos.

Já perdi as contas das vezes que ouvi pessoas dizendo coisas e, logo depois, pedindo sigilo por não terem sido politicamente corretas em suas colocações. Ainda me surpreendo diante de situações como essas, pois vejo que a pessoa não tem a menor vergonha em declarar sua falta de sinceridade, ou para ser mais clara, sua falsidade.

É mais importante para essas pessoas fingir que têm determinadas opiniões para parecerem corretas do que, de fato, serem corretas. Me dá um misto de revolta e repulsa quando vejo pessoas mentindo descaradamente e, em contrapartida, recebendo os parabéns por serem “verdadeiras”, “politicamente corretas”, “tolerantes”. Tem que ter estômago forte...

A patrulha do idioma acha que vem fazendo um ótimo trabalho, mas a verdade é que tudo não passa de fachada. Pior: há muitos racistas, homofóbicos, misóginos, gordofóbicos etc., que aprenderam o que devem colocar para fora, mas não mudaram absolutamente nada por dentro. Gente que se promove posando de boazinha, enquanto está apenas usando os outros como escada e, principalmente, como palanque.

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Os profissionais que, como eu, trabalham com educação, publicando textos, dando aulas, palestras e cursos, têm sido vigiados constantemente. Não para que a qualidade de nosso conteúdo esteja de acordo, mas sim, para controlar o que dizemos e apontar o dedo caso alguém use se palavras com “viés preconceituoso” ou que exprimam algum tipo de “preconceito inconsciente”.

Está sendo bem comum ultimamente que eu seja chamada antes de apresentar uma palestra ou curso para ser colocada a par do “tipo de público” presente.

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“Cuidado, Patricia, há uma senhora enoooorme de gorda que quase não passou pela porta. Cheque os seus slides para ver se há alguma palavra que remeta a gordofobia. Não podemos ter problemas com a ‘balofa’!”

“Olha, Patricia, tem dois casais de ‘bichinhas’ aí. Fica esperta!”

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“Patricia, tem um grupo de militantes negras hoje. Cuidado com o que vai falar!”

Não consigo deixar de revirar os olhos todas as vezes que me “advertem” sobre esse tipo de coisa. Nunca mudei — e nem vou mudar — uma vírgula sequer das minhas palestras ou workshops porque não é necessário temer as pessoas quando se tem respeito genuíno por elas.

Se você não pode falar em voz alta o que pensa é porque está fundamentando sua vida sobre critérios errados. Se precisa tomar cuidado e ficar pisando em ovos quando se depara com alguém diferente de você é porque precisa repensar seus conceitos. Preocupe-se em respeitar as pessoas e ser autêntico, pois quem só se preocupa em não ser pego pela patrulha do idioma já foi contaminado pelo câncer da falsidade.

Patricia Lages

É jornalista internacional, tendo atuado na Argentina, Inglaterra e Israel. É autora de cinco best-sellers de finanças e empreendedorismo, palestrante e conferencista do evento “Success, the only choice” na Universidade Harvard. Apresenta quadros de economia na TV Gazeta e RecordTV e é facilitadora da RME para o programa mundial WomenWill – Cresça com o Google.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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