Para Nossa Sorte, o Vinho está cheio Delas!
As mulheres estão cada vez mais presentes no mundo do vinho. No Brasil e lá fora, elas dão o tom e mostram que a era masculina neste meio, já acabou. Sorte a nossa!
Adega do Déco|Do R7 e André Rossi
08 de Março foi o dia delas. O mês é delas. O ano, a década... a vida é delas! Confesso que a instituição desta data me gera sentimentos ambíguos, pois acho que não deveria existir um dia apenas a elas, mas isso não é discussão para este espaço. Então, já que o mês é de homenagens a elas, queria destacar aqui algumas mulheres do mundo do vinho que fizeram ou fazem a diferença nos seus diferentes campos de atuações.
A primeira já não está mais entre nós, mas deixou um legado incrível foi Barbe-Nicole Ponsardin, mas talvez vocês a conheçam como a Viúva Clicqout, ou o seu nome que virou marca, a Veuve Clicquot, que perdeu seu marido François Clicquot quando tinha 27 anos e assumiu a administração da vinícola que era do seu então sogro e começou a estudar os processos de vinificação , com o intuito de melhorar as vendas da vinícola. E foi ela quem inventou a remuage, método que consiste em deixar a garrafa descansando, com a rolha pra baixo e inclinada em um ângulo de 45 graus e de tempos em tempos, alguém viraria levemente a garrafa, para que as leveduras mortas fossem se acumulando no gargalo, perto da rolha e posteriormente, facilitar o degorgement, que é a retirada destas leveduras. Este processo, que inicialmente era um segredo guardado a sete chaves na vinícola, foi amplamente difundido e incorporado ao processo chamado de Champenoise (Tradicional ou Clássico), que é obrigatório na região de Champanhe. Ah, o detalhe importante1: Naquela época, as mulheres eram proibidas de trabalhar, mas Madame Clicquot conseguiu e deixou seu eterno legado para o mundo do vinho!
Vindo para os dias de hoje, o mundo do vinho está cada vez mais cheio delas na enologia moderna em todas as regiões produtoras. Particularmente, vemos no Chile e na Argentina, uma nova geração surgindo com muita força. Mas queria destacar 2 enólogas de extrema importância, uma no velho mundo e outra no novo mundo. A do velho mundo está em Portugal. Filipa Pato (1975) é filha de um ícone do vinho português, o mestre Luis Pato, que colocou a região da Bairrada e a uva Baga, no foco dos grandes vinhos lusitanos. Mas a história de sucesso de Filipa tem a ver justamente com o fato de sair da sombra de seu grande pai e procurar desenvolver seu próprio projeto, após estudar química e depois fazer estágio com grandes enólogos na Austrália, Argentina e em Bordeaux (Fra). Hoje, ela produz vinhos com uma filosofia orgânica e biodinâmica (que eu particularmente sou fã), para que seus vinhos sejam francos, puros e que consigam expressar fielmente o terroir da qual provém. E seus vinhos vão dos espumantes, aos brancos, rosés e tintos.
No novo mundo, meu destaque na enologia vai para Susana Balbo (pela qual tenho muito carinho e gratidão). Susana foi a primeira enóloga da argentina e certamente abriu caminho para que outras mulheres pudessem brilhar por lá. E desde cedo se mostrou forte e decidida a realizar grandes feitos. Decidiu estudar Física Nuclear, mas foi proibida por seus pais por ser algo atípico na época. Então decidiu mergulhar nos negócios familiares e em 1981 foi a primeira mulher e se formar enóloga por lá e daí pra frente foi só sucesso. Hoje, tem um projeto de sucesso, o Susana Balbo Wines, com vinhos mais do que premiados e tem ainda seu filho José (enólogo também) e sua filha Ana, trabalhando junto.
Mas e no Brasil? Ah, o nosso mercado, graças a Deus, está cada vez feminino, em todas as áreas. Nas vinícolas, elas estão na parte enológica, comercial e até mesmo no comando. Em outras áreas, elas também têm tido destaque. Suzana Barelli por exemplo, é a o grande nome do jornalismo do vinho hoje em dia. Atualmente, escreve para o Caderno Paladar, no Estadão e tem um senso de profissional admirável, indo sempre atrás das informações, em profundidade. Vale lembrar que ela vem do jornalismo de economia, mas acho que o do vinho deve ser muito mais legal... hehehehe! Quando falamos de Sommelieres, a lista é enorme, mas eu destacaria algumas que já estão no mundo do vinho há um bom tempo. Tem o “Trio das Gabis” que eu admiro e gosto muito: Gabi Bigarelli, consultora que hoje “só” responde pela carta dos Grupos Maní e Kitchin, entre outros e faz um trabalho impecável e extremamente técnico. A Gabi Monteleone, que já passou por nada menos que o Restaurante D.O.M. de Alex Atala, hoje presta algumas consultorias e tem um projeto pessoal muito bacana, o “Tão Perto, Tão Longe”. E a Gabi Frizon, que já passou por alguns restaurantes como La Tambouille e hoje comanda a importadora Belle Cave. Tem também a Dupla Dinâmica e inquieta, Cassia Campos e Dani Bravin, que brilham no Sede 261 e fazer algumas maravilhosas experiências por lá. E tantas outras competentes por aí e uma competente nova geração que tá surgindo. E por último, nas importadoras, onde vemos mulheres extremamente competentes em importantes cargos, como a CEO da Portus Cale, Karene Vilela, que além de ser uma DipWSet, já aplicou para o instituto Master of Wine. A comandante da World Wine, Juliana La Pastina, herdeira do saudoso e querido Celso La Pastina, que abraçou este gigante importador de vinhos e alimentos e continua o trabalho brilhante do seu pai, fazendo a importadora crescer ano após ano, com um portfolio maravilhoso e que tem em sua equipe, quem eu considero hoje, a grande cabeça do Marketing do mercado de vinhos no Brasil, a querida Camila Perossi. E também, a primeira mulher brasileira a conseguir o DipWSet, que comanda a comunicação da Zahil, a Bianca Veratti.
Como podem ver, elas estão por todas as partes, fazendo um trabalho brilhante! Sorte do Vinho. Sorte do Mercado. Sorte a nossa!
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