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Canal de streaming com Elvis é tentativa de evitar esquecimento

Cantor, um superastro dos século 20, não consegue renovar seu público e está cada vez mais longe dos jovens

Odair Braz Jr|Do R7

Elvis em especial na TV americana em 1968
Elvis em especial na TV americana em 1968 Elvis em especial na TV americana em 1968

Um canal de streaming só com Elvis Presley quase que 100% do tempo. É isso o que a empresa Cinedigm, em parceria com a Elvis Presley Enterprises, anunciou que lançará no início de 2022 nos Estados Unidos e Canadá. A ideia é mostrar filmes, shows, documentários, reportagens sobre o cantor. Também haverá material sobre artistas como Roy Orbison e Johnny Cash, além de reportagens sobre Memphis, Nashville e outros lugares importantes para a música.

É, sem dúvida, algo interessante para os fãs, mas é, acima de tudo, uma tentativa de tirá-lo do caminho do esquecimento, que é para onde ele tem se direcionado já há alguns anos. Durante muito tempo Elvis foi o artista morto que mais lucrou, quase sempre no primeiro lugar na lista da Forbes, que faz esse tipo de levantamento. De uns anos para cá, ele continua na lista, mas com ganhos que vêm diminuindo aos poucos. Ele saiu de uma posição em que ganhava cerca de US$ 45 milhões anualmente e vem caindo para patamares em torno de US$ 30 milhões. Em 2020 os ganhos ligados ao cantor foram de US$ 23 milhões apenas. A explicação para isso é a pandemia do coronavírus. Mais de US$ 10 milhões da grana de Elvis entram na conta bancária através da venda de ingressos para a visita de Graceland, mansão do astro que teve de ficar fechada por causa do vírus. Assim, houve um baque forte na entrada de dinheiro. Mas isso deve ser amenizado já nos próximos meses, uma vez que os Estados Unidos estão bem adiantados na vacinação.

Mas essa não é a única notícia ruim para Elvis Presley. O mais preocupante é que o astro não tem mais relevância para públicos mais jovens. Um levantamento feito em 2017, na Inglaterra, mostrou que 29% dos adultos entre 18 e 24 anos declararam nunca ter ouvido uma música do cantor. Este mesmo grupo de pessoas disse que gosta de outros artistas contemporâneos a Presley, como Beatles (23%) e David Bowie (25%). Apenas 12% declararam gostar do americano.

PROBLEMA GERACIONAL

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Legado de Elvis é gigantesco, mas está em risco
Legado de Elvis é gigantesco, mas está em risco Legado de Elvis é gigantesco, mas está em risco

Sem dúvida, Elvis passa por um processo complicado. Sua base de fãs envelheceu e praticamente não há renovação. É raríssimo mesmo ver jovens ouvindo suas músicas e muita gente mais nova não sabe direito quem ele foi. Sua importância sócio-cultural, surgida lá no meio dos anos 1950, é hoje um capítulo nos livros de história da música. Elvis ficou com uma imagem muito datada e como morreu aos 42 anos, em 1977, não teve a chance de se renovar, oportunidade que outros artistas como David Bowie, Rolling Stones, Bob Dylan tiveram.

Fora essa questão geracional, nos últimos anos Elvis tem sofrido acusações de ter se apropriado da música negra para fazer sucesso. E que esse sucesso só aconteceu por ele ser branco. Esta é uma análise rasa, errada, sem dúvida (leia isso aqui), mas é fato que ela repercute e se espalha bastante, o que mancha sua imagem e obra.

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Assim, as empresas que possuem os direitos sobre a obra de Presley estão tentando se mexer para evitar esse esquecimento. O canal de streaming que será lançado em 2022 faz parte deste esforço. Não dá para saber se vai funcionar para uma renovação de seu público, já que o material do cantor, que é sim muito bom e histórico, permanecerá datado para muita gente. Talvez seja pregar apenas para convertidos.

Há ainda outras tentativas de modernizar a imagem de Presley. A Netflix anunciou em 2019 que lançaria uma série animada chamada Agent King, com o cantor atuando como um agente secreto ao mesmo tempo em que é um artista. Ainda não foi revelada a data de estreia. Em 2022 sairá um filme, uma biografia que mostrará toda a trajetória de Elvis. A direção é de Baz Luhrmann e terá Tom Hanks como o Coronel Parker, empresário do astro.

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No passado recente houve uma revitalização de Elvis e que foi bem sucedida. Na Copa do Mundo de 2002, a música "A Little Less Conversation" foi remixada e fez parte da trilha sonora de um comercial da Nike. Com a nova roupagem, a canção dos anos 1960 foi um hit mundial e fez Presley aparecer fortemente na mídia. Algo parecido com isso teria de acontecer agora e o lançamento do longa-metragem é uma oportunidade a ser aproveitada. 

A obra de Elvis é imensa, tem um legado gigantesco e importante. Mas, talvez, estejamos presenciando o que a passagem do tempo pode fazer com ícones da cultura ou da cultura pop. Manter sua relevância depois de tanto tempo fora de atividade é um desafio enorme para quem controla a obra do cantor. É um trabalho bem difícil.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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