Manowar faz show datado, monótono e cheio de problemas técnicos para fãs pouco exigentes
Ex-integrantes brasileiros subiram ao palco para tocar com os americanos; a banda celebra 40 anos de trajetória
Odair Braz Jr|Do R7
Os reis do metal, como os fãs gostam de chamar o Manowar, voltaram a São Paulo depois de oito anos e, na noite deste sábado (23), apresentaram mais um show da turnê Crushing the Enemies of Metal Anniversary, que celebra seus 40 anos de atividade.
Bem, se a intenção era mostrar um show cheio de clichês do metal, completamente datado e monótono, o Manowar acertou em cheio. E, ao que consta, o público que lotou o Espaço Unimed, no bairro da Barra Funda, parece não ter ligado muito para isso durante algum tempo.
O Manowar continua desfilando aquela ladainha de guerreiros nórdicos, Odin, batalhas épicas, espadas de aço e coisas do tipo, que até soavam engraçadas lá atrás, mas que já deram o que tinham que dar, né? Vestidos de couro preto em modelos que lembram uma armadura — que disfarça a barriga —, os integrantes subiram ao palco às 21h35 e tocaram por duas horas praticamente todos os seus clássicos.
Mas a decepção deu as caras logo no início da brincadeira. O palco estava decorado com uns banners de tecido com pinturas de dragões, espadas ensanguentadas, crânios, mulheres seminuas e coisas do tipo, tudo naquela linha meio Conan, Sonja etc. Eram tipo umas cortininhas mal-ajambradas, com uma cara pobre e dando a impressão de improviso. Bem ruim para uma banda que está comemorando 40 anos de trajetória, né? Para piorar, sabe-se lá por qual motivo, o Manowar proibiu o uso dos telões do local, algo bem ruim para quem estava mais atrás e uma atitude estranha para um grupo que diz se importar com os fãs.
Para dar uma complicada, logo no começo da apresentação a banda já teve um primeiro problema técnico com um dos instrumentos, o que resultou numa pausa. A falha se repetiu mais duas vezes, o que obrigou o vocalista Eric Adams a ficar jogando conversa fora com os fãs. Ok, problemas acontecem, mas três vezes na mesma noite é meio demais, concorda?
Quando pôde tocar para valer, a banda deu aos fãs clássicos como Manowar, a primeira da noite, seguida de Kings of Metal, Fighting the World e Holy War, entre outras. Tudo sem firulas, sem criar climas, sem nuances. Os reis do metal, aliás, não conhecem essa última palavra, e com eles é tudo na base da rusticidade e velocidade. Tem quem goste, claro, mas a apresentação fica um tanto quanto monótona, e deu para ver que, da metade para a frente, muitos fãs acabaram ficando meio cansados. Ainda mais com as paralisações por problemas técnicos, que quebraram totalmente a empolgação.
Ali pelo meio do show, Eric Adams soltou o populismo “eu amo SP. Faz tempo que não vínhamos para cá e passei a tarde passeando pela sua bela cidade”. Um pouco depois, subiram ao palco o guitarrista E.V. Martel e o baterista Marcus Castellani, brasileiros que integraram o Manowar há poucos anos. Eles tocaram Warriors of the World United.
Já próximo do fim da apresentação, o baixista e membro fundador Joey DeMaio ficou sozinho no palco e, falando português, fez seu já manjado discurso no qual conclama o público a xingar quem não gosta de metal e também quem não curte o Manowar. É pura galhofa, palhaçada anacrônica, que Joey e o resto do grupo gostam de manter no show já há décadas. De novo, tem quem goste.
Depois de tocar Hail and Kill, The Dawn of Battle, King of Kings, The Power e Fight Until We Die, a banda voltou para o bis com Battle Hymm e Black Wind, Fire and Steel. No encerramento, DeMaio, numa demonstração de radicalidade tremenda, estourou as cordas de seu contrabaixo e pôs um ponto-final ao show.
Teve fã que urrou de alegria. Sabe-se lá o porquê.
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