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Patricia Lages
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Síndrome do merecimento gera ingratidão

Crianças tratadas como pequenos imperadores creem merecer tudo enquanto são privadas de desenvolver senso de gratidão

Patricia Lages|Do R7 e Patricia Lages


Este artigo não está baseado em nenhuma pesquisa, estudo ou levantamento de caráter oficial, científico ou acadêmico, mas sim, em experiências que você mesmo tem testemunhado ou, quem sabe, já sentiu na própria pele.

Quando os pais, na melhor das intenções, cercam seu bebê recém-nascido de tudo o que gostariam de ter tido durante a infância inteira, e acabam entregando coisas totalmente irrelevantes – do ponto de vista de um ser que ainda não tem consciência do que aquilo significa. Assim, é criada a expectativa de que um dia ele crescerá e será grato por seus esforços.

Com o passar dos anos, a criança começa a pedir coisas. Ela pede uma vez, seus pais atendem e ela fica feliz. Sorri, os enche de beijos e abraços e já demonstra os primeiros sinais da tão esperada gratidão.

Entusiasmados com a resposta da criança, os pais passam a agir por antecipação, dando coisas sem que ela nem sequer precise pedir, pois esperam obter dela a mesma reação de felicidade. Porém, ao continuarem enchendo a criança de coisas, os pais não percebem que estão gerando nela sensação de que eles existem apenas para satisfazer seus desejos.

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Mais tarde, o que começou como uma simples sensação dará lugar a um sentimento de merecimento, pois a criança já terá assimilado que não precisa fazer absolutamente nada para ter o que quer. Em pouco tempo, esse sentimento dará à luz a dependência, pois a essa altura o filho já se viciou em ser satisfeito.

Com a chegada da pré-adolescência, os pais começam a se ressentir por não verem qualquer reciprocidade por parte do filho. Porém, como não sabem agir de forma diferente, seguem na mesma dinâmica, esperando que a “má fase” venha passar.

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Já na adolescência, ao verem que o comportamento ingrato não era apenas uma fase, os pais fecham as torneiras. Porém, quando esse jovem viciado em satisfação não é atendido, passa a ver os pais como os responsáveis por tirarem dele algo que é seu por “direito”. E é nessa hora que o jovem passa a odiar essas pessoas que o estão privando de ter tudo o que ele “merece”.

A criação que está sendo empregada há algumas gerações tem se mostrado uma verdadeira fábrica de adultos mimados, mal-educados, irreverentes e ingratos, principalmente com aqueles que mais se esforçaram para receber deles uma pequena dose de gratidão.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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