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Entre a Gente
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Um baião na agitada cidade de São Paulo

Pelas experiências de nossa vida, que tal uma poesia entre os instrumentos de nossa vida?

Rafael Ferraz|Rafa FerrazOpens in new window


carne de porco frita

O que seria de nós sem nossas raízes? Esses dias me peguei pensando nessa resposta. Pra ser sincero, seríamos outra pessoa, com características diferentes, trejeitos distintos do que temos hoje. Seria uma chance de ter outra personalidade ou até mesmo outra vida? Acredito que muitas pessoas iriam topar essa experiência. Mesmo não podendo retomar com a vida de costume, tenho a ideia de que o ser humano ainda assim iria insistir na troca.

É que vivemos de experiência. A única certeza que temos é que um dia partiremos dessa para melhor, então por qual motivo eu não viveria ao máximo as minhas escolhas? Agora, tenho outra certeza pra mim. Nesta vida não podemos ter tudo. Posso ser um milionário e me degustar do melhor vinho do mundo, sentindo as notas variadas da bebida. Mas, se sou um magnata, não terei tempo de viver na simplicidade.

Seria eu uma pessoa que não sentiria o cheiro de um café passando no filtro de pano, no interior de Minas Gerais, enquanto um pão caseiro assa no forno. Mas, se eu escolher essa vida simples mineira, não viverei na loucura da diversidade paulistana. Carros engarrafados, bares diversos, opiniões contrárias e favoráveis.

A minha raiz eu não troco. Um garoto nascido em Pinheiros, interior do Espírito Santo. Naquela cidade pacata e das poeiras dos caminhões, passei apenas pela maternidade. Dias após o nascimento, morei em Boa Esperança, município ao lado, onde meus pais viviam. Por lá, pisei na terra de chão batido. Uma lembrança de minha infância que recordo? De um dia chuvoso, aos cinco anos, voltando da escola, me sentando a mesa para comer um bolinho de chuva.

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Percebeu? São em pequenos detalhes que lembramos de nossas experiências. E é com essa sensação de pertencimento que acordamos hoje. Eu e Gui, num domingo ensolarado em São Paulo, saímos de casa e fomos rumo ao bairro Pacaembu. Fica a 10 minutos andando de onde moramos. Pelas ruas de morro, já ouvimos de longe o som grave da zabumba. Depois de alguns passos, ouvimos o vai e vem da sanfona. Por fim, já na porta do restaurante, o agudo do triângulo.

Sim, chegamos a um estabelecimento tipicamente nordestino, chamado de Baião. De cara fomos recebidos por uma garçonete simpática. Dentre as boas-vindas, ela perguntou onde queríamos sentar. A escolha foi perto da banda. Antes de nos despedir brevemente, pedimos uma cerveja. Olhamos o cardápio e nos encantamos por uma costela frita. Foi a melhor pedida. A carne estava saborosa. Comemos até o fim.

Só não nos agradou os acompanhamentos, o feijão-de-corda estava sem sabor, sem sal. Mas, não nos importamos, afinal estávamos experimentando. Uma das escolhas é não reclamar de imediato do prato que nos servem na mesa. Pela experiência, o restaurante sempre vai tentar trocar, mas não haveria naquele dia um bom feijão. Comemos, nos divertimos com a banda, e colhemos boas histórias de um domingo revigorante pela capital paulista.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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