City and Colour mostra em SP que merece ficar famoso

Você conhece Dallas Green? Aposto que não, e não há nada de errado nisso. Quer dizer, o "erro" está em pouca gente conhecê-lo: infelizmente, as rádios brasileiras só tocam música velha, ou ruim, ou as duas coisas juntas.

Se elas fizessem o seu trabalho direitinho, o show do City and Colour (nome artístico da carreira-solo do músico canadense) que aconteceu em São Paulo nesta quarta-feira (27) não seria realizado em um local pequeno como o Cine Joia, mas em um estádio lotado. Afinal, ele e suas músicas têm potencial para atingir um grande público.

Não é exagero dizer que as canções de Green — ou, melhor dizendo, do City and Colour — são tão bonitas e acessíveis quanto as melhores do Coldplay, por exemplo.

Nos cinco discos que já lançou (o mais recente é If I Should Go Before You, de 2015), ele investe em um folk rock melódico, ora acústico ora com guitarras mais pesadas, repleto de baladas sentimentais. Não por acaso, a maioria do público que foi ao Cine Joia era formada por casais apaixonados, ou por pessoas que cantavam as músicas de olhos fechados, às vezes até chorando.

Aprenda as letras das músicas do City and Colour

O repertório do show do City and Colour foi composto por músicas de todos os seus discos, com destaque para o álbum do ano passado: no total, foram sete canções. A única música que toca nas rádios daqui, a animadinha Thirst, abriu o espetáculo. Mas este não foi o ponto alto do show: Waiting..., do disco Bring Me Your Love (2008), teve até aquele momento tradicional em megashows no qual a banda deixa o público cantar sozinho uma parte da música. Outro trecho que cativou o público aconteceu em Comin' Home, que foi cantada por Green sozinho ao violão e ovacionada ao final.

Em sua turnê paulistana, o City and Colour tocou por duas noites no Cine Joia (o show anterior foi na terça-feira, 26), que ficou cheio em ambas as ocasiões. Na quarta-feira, aliás, alguns camelôs vendiam camisetas com o logotipo da banda na saída do show, o que não costuma acontecer em apresentações de artistas que são quase desconhecidos no Brasil.

Estes fatores, mais a reação emocionada do público às músicas, mostram que Dallas Green pode até se tornar um popstar por aqui caso seja ouvido por mais pessoas. O problema é que, para isso acontecer, dependemos de rádios que preferem patrocinar o 8248384282º show do ex-baterista dos Ramones com uma banda cover, ocorrido no mesmo dia. Isso é triste.

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