'Nada de Novo no Front' é mais uma produção antimilitarista, mas com um requinte cruel da realidade
Filme demonstra com destreza o medo e a violência presentes na guerra e concorre a nove estatuetas do Oscar 2023
Cine R7|Yasmim Santos*, do R7

O filme Nada de Novo no Front, dirigido pelo alemão Edward Berder, é mais um na extensa lista de produções do gênero drama de guerra, mas com uma novidade: um longo retrato da cansativa e cruel realidade da Primeira Guerra Mundial.
A obra é baseada no livro Nada de Novo no Front, de 1929, escrito por Erich Maria Remarque.
O longa retrata o sangue, o desespero, a ganância, o medo e o egocentrismo do conflito a partir das vivências de Paul Bäumer, de 17 anos, interpretado com excelência por Felix Kammerer. São 2 horas e 23 minutos repletos de violência — física e psicológica —, mas sem a espetacularização e heroísmo de outras produções do gênero.
Os quatro amigos (Paul, Albert Kropp, Ludwig Behm e Franz Müller) foram à guerra com o ideal patriota e em busca da tão falada glória eterna. Em poucos minutos, perceberam o real sentido do embate: nenhum.
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O desespero e as cenas brutais são dignas do gênero, mas envolvem muito mais do que isso. Os sonhos e sentimentos cerceados — por vontade própria — do protagonista ficam evidentes enquanto ele se vê preso em uma trincheira, cercado de lama e sangue.
O filme também traz dois pontos pouco tratados em outras produções: a monotonia e prepotência do conflito. Há diversas cenas em que servir o país se resumia, por exemplo, a cortar batatas imaginando dias diferentes de toda aquela sujeira, miséria e terror.
Enquanto isso, o alto escalão do Exército decidia o futuro de cada um dos soldados, inclusive os cortadores de batatas, com tranquilidade e frieza, em jantares e quartos luxuosos.
Essa construção mostra que, talvez, os maiores vilões das guerras tenham sido aqueles considerados "civilizados" demais para o embate corpo a corpo, responsáveis por negociar vidas.
O longa ainda é um prato cheio de cinematografia. A mensagem pode demorar a fazer sentido diante dos efeitos visuais e da edição impecável, que mais parece um recorte nítido da primavera de 1917.
O enredo é finalizado com chave de ouro, com nada mais, nada menos que a principal herança da guerra: as mortes. A frustração da falta de um "felizes para sempre" é o que torna o filme tão único e importante.
Vale a pena dedicar um (bom) tempo à obra e apreciar tudo o que ela oferece, especialmente em meio ao caos do atual conflito entre Ucrânia e Rússia.
A produção está disponível no streaming e concorre a nove categorias do Oscar: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional, Melhor Roteiro Adaptado, Melhores Efeitos Visuais, Melhor Trilha Sonora Original, Melhor Fotografia, Melhor Maquiagem e Penteados, Melhor Direção de Arte e Melhor Som.
*Estagiária do R7, sob supervisão de Carla Canteras
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