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Madura e vulnerável, Taylor Swift alcança novo auge com o radiante 'Midnights'

Décimo álbum da cantora a devolve ao pop com recordes e aclamação que apenas ela é capaz de fazer

Música|Eduardo Reis*, do R7

'Midnights' é radiante e um marco para o pop - Nota: 9,0
'Midnights' é radiante e um marco para o pop - Nota: 9,0

"Me encontre à meia-noite". A primeira frase de Midnights, décimo álbum de estúdio de Taylor Swift lançado na última sexta-feira (21), já insere o ouvinte no contexto do álbum.

Segundo a cantora, as 21 canções do disco são resultados de noites mal dormidas, em que os sentimentos fervilham, sejam bons ou ruins.

Tratando-se de Taylor Swift, é esperado que as letras carreguem alto cunho autobiográfico. Porém, em Midnights, ela supera a barreira do clássico storytelling típico da carreira para uma composição reflexiva e vulnerável, talvez melhor palavra para definir o álbum.

Costumeiramente, a americana faz das faixas número 5 dos lançamentos as mais pessoais, como All Too Well. Neste caso, todas as canções são extremamente únicas sobre passagens marcantes da vida da cantora, mas que conseguem, com êxito, encontrar eco na vida dos fãs e de pessoas que escutem o álbum.


No lead single Anti-Hero, por exemplo, Taylor canta sobre insegurança e a chamada síndrome do impostor: "Às vezes, penso que vou envelhecer e nunca vou ficar sábia. Eu acordo gritando de um sonho em que eu vejo você partir porque se cansou das minhas intrigas". Os versos fortes contrastam com um refrão chiclete e uma batida animada, sendo a música que melhor representa o álbum como um todo.

As melodias de Midnights têm elementos de trabalhos antigos de Swift. A pegada retrô de 1989, o experimentalismo de Evermore e as batidas eletrônicas com efeitos de voz de Reputation. No disco novo, quase que inteiramente escrito e produzido apenas por Taylor e Jack Antonoff, estes conceitos se misturam e criam uma ambientação coesa sonoramente.


Uma das melhores do disco é a faixa 2, Maroon, em que as batidas eletrônicas obscuras mesclam com uma história frustrada de amor. Já em Snow On The Beach, parceria com Lana Del Rey, os vocais das duas intérpretes se complementam perfeitamente em uma composição romântica e radiante.

O ponto mais alto do álbum é a faixa 5, You’re On Your Own, Kid. "Eu dei meu sangue, suor e lágrimas por isso / eu organizei festas e passei fome como se fosse ser salva por um beijo perfeito / As piadas não eram engraçadas, eu peguei o dinheiro / Meus amigos de antes não sabem o que dizer (...) Eu achei algo que eles não podem tirar de mim". A canção sobre amadurecimento e como Taylor lidou com a fama expõe cicatrizes e aborda um lado mais positivo da jornada, com uma mensagem motivadora no final.


Já os pontos baixos do álbum são as pouco inspiradas Glitch e Midnight Rain. Na segunda, os efeitos de voz foram exagerados e batidas sintéticas de mais geraram uma canção que, embora seja liricamente carregada, fique exaustiva de ouvir.

Outro aspecto negativo do disco é a falta de riscos que Taylor corre em algumas músicas. Como em Question…? e em Paris, que apesar de serem boas composições, permanecem no mesmo tom a canção inteira. Enquanto elas tinham potencial de crescer, gerar grandes explosões e criar um efeito raro no pop de fazer o "estádio cantar junto".

As chamadas "farofas" de Midnights, como Bejeweled e Karma, podem cumprir este papel com refrões elétricos e letras divertidas. Em Lavender Haze, por exemplo, Taylor combina os vocais agudos com uma sonoridade mais ritmada. Com direito a "yeah" típicos de Ariana Grande, algo incomum na discografia de Swift. Além de uma crítica social poderosa. "Só me perguntam se eu vou ser sua esposa / Hoje em dia só tem romance de uma noite ou compromisso formal / Quero apenas viver nesta espiral de amor".

A mais distinta do repertório fica por conta de Vigilante Shit, única composição solo do álbum. "Fiz um delineado afiado o suficiente para matar um homem / Você fez coisas ruins, mas eu fui a pior delas / Às vezes penso qual vai ser sua última mentira / Dizem que olhares matam e eu posso testar". A letra sobre vingança é a mais impactante, além dos vocais sussurrados e a melodia quase que inteira em batidas secas típicas de trap.

Outro mérito são as faixas mais etéreas do disco, com vocais mais suaves. Como a romântica Sweet Nothing, a melancólica Labyrinth e a enérgica Matermind, que tendem a chamar mais a atenção de quem não consome o pop mais comercial.

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No geral, Midnights é um álbum coeso com o momento da vida e carreira de Taylor. Os inúmeros recordes quebrados no ato do lançamento mostram que a americana é capaz de promover revoluções no pop quando quiser e arrastar uma legião de fãs no mundo todo para lojas e estádios.

Swift conquistou a maior estreia de um álbum na história do Spotify, com mais de 186 milhões de reproduções no dia do lançamento, além das mais de um milhão de cópias vendidas mundialmente em apenas um dia.

A capacidade de contar histórias e fazer com que os fãs se identifiquem com elas ou que teorizem sobre quem escreveu as letras deixa o trabalho ainda mais rico. Para quem não a acompanha de perto, sobra aproveitar a musicalidade rica e variada.

Difícil dizer se é o melhor álbum da carreira de Swift até então, mas é fácil notar um novo auge. A cada era da carreira, a americana possui o dom de se reinventar e provar o porquê ainda é uma das maiores da indústria após 16 anos nos holofotes. Seja cantando country, folk ou o retorno maestral e radiante ao pop com Midnights.

Nota: 9,0

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*Estagiário do R7 com edição de texto de Camila Juliotti

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