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DiFato Tudo Importa
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Duas semanas de devastação: a chuva que destruiu vidas não levou a nossa esperança

Vimos a dor de quem perdeu tudo, mas também vimos um país unido e a força da esperança que move tantas vidas

DiFato Tudo Importa|Dionisio FreitasOpens in new window


Um carinho no cavalo Caramelo Arquivo pessoal/Dionisio Freitas

Uma tragédia. Famílias perderam casas e perderam a própria história. Quinze dias após o início da tragédia no Rio Grande do Sul, comunidades continuam embaixo d’água. Em treze dias de cobertura tem sido bem difícil segurar as lágrimas.

Vi muitos heróis sobreporem suas próprias capacidades e decidirem que não podem fraquejar. Mesmo com febre, gripes ou até mesmo sintomas de leptospirose, muitos continuam lutando para resgatar todas as vidas. Para não deixar ninguém sozinho.

Tenho ouvido relatos de que o pior ainda não chegou. Tenho visto famílias que não sabem como recomeçar, já que sobrou quase nada para isso. O que dizer nessas horas? Como segurar as lágrimas dessas pessoas? Minha única resposta foi chorar junto. Bate um vazio difícil de explicar.

Ouvi o pedido de uma criança a uma mãe sobre quando voltariam pra casa. A mãe apenas chorou. Vi animais mortos, presos pela crueldade humana, presos em correntes ou abandonados dentro das casas alagadas. Nessa hora me questiono sobre o que somos.

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Mas essa também tem sido uma jornada de superações, de conhecer os Caramelos, os Floquinhos, as Lolis, as Pretinhas. A jornada de sobrevivência de animais que lutam para não desistir, usam da resiliência para continuar tentando, tornando-se símbolo da resistência gaúcha.

Conheci de perto a história do cavalo Caramelo, um exemplo de persistência. Em meio ao alagamento, subiu num telhado e ao longo de inacabáveis quatro dias soube esperar. Foi resgatado, medicado, hidratado e agora deve lutar para conseguir reestabelecer peso e encontrar um novo tutor.

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Vi outros equinos salvos em meio a água, mas vi também milhares de animais de pequeno porte que foram retirados de casas inundadas. Cães e gatos de todos os tamanhos e raças levados a abrigos. Animais que traumatizados continuam subindo nos telhados das casinhas, que colocados nos braços repetem com as patas o movimento de nadar, que querem apenas um carinho.

Chorei com os veterinários ao ouvir relatos de cansaço, de estresse, de ímpetos em não desistir para continuar cuidando. Mas enchi o coração de esperança ao perceber que unimos as mãos, derrubamos bandeiras ideológicas e lutamos todos juntos em nome da nossa humanidade.

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Vimos, em meio a tanta dor, a chegada de centenas de caminhões de doações. Toneladas de mantimentos e roupas. Milhões doados em forma de Pix e muitas mãos unidas para recomeçar.

Duas semanas após o começo dessa tragédia, ainda não existe uma definição clara de como será o recomeço. Se cidades destruídas serão abandonadas e reconstruídas em lugares seguros, nem como a população irá receber parte das doações feitas por tantos brasileiros, que como eu trocaram o medo pela ação por meio da doação.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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